Pedro do Coutto
O repórter Renier Bragon, Folha de São Paulo do dia 20, publicou que a ex-senadora vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral para que o TSE aceite o pedido de criação do Rede Sustentável, partido que pretende criar, mesmo sem o número exigido de assinaturas de eleitores, 492 mil conforme a legislação. Ela conseguiu reunir 440 mil, mas faltam 55 mil apoios. Sentindo que não há tempo para completar a exigência até o dia 5 de outubro, a segunda colocada nas pesquisas eleitorais pede que seja revista a primeira decisão da Corte recusando 95 mil assinaturas que apresentavam duplicidade. O recurso foi encaminhado através do ex-ministro Torquato Jardim, que, por coincidência, integrou o TSE.
Esse o propósito inicial do recurso. O segundo objetivo é obter registro provisório. Não adiantaria nada para Marina Silva a concessão do adiamento, decisão totalmente improvável. Da mesma forma que o TSE reconsiderasse sua decisão a respeito de 95 mil manifestações de concordância com a criação da legenda. Mas, mesmo que isso viesse a ocorrer, Marina Silva estaria impedida de concorrer às eleições presidenciais de 2014. A Lei Eleitoral determina que qualquer candidato, para disputar as eleições de 2004, tem que se encontrar inscrito num partido até 5 de outubro de 2013, um ano antes das urnas.
Não resolveria nada para a ex-senadora que fosse concedido registro provisório. Ela não teria os doze meses de filiação exigidos pela Lei. Marina Silva, lembra Bragon, é a segunda colocada na pesquisa, segundo o Datafolha com 26% das intenções de voto. Dez pontos atrás de Dilma Rousseff. Para o Instituto MDA, Marina tem 22 pontos, Dilma Rousseff 36%. A impressão que o quadro fornece é que a presença de Marina Silva nas eleições conduz à ideia de um segundo turno entre ela e a atual presidente da República. Isso porque Aécio Neves registra 15 pontos, Eduardo Campos apenas 7%, e José Serra constitui uma incógnita porque, sem o PSDB, para concorrer teria que se filiar à nova legenda também até o dia 5 próximo. Faltam menos de duas semanas tanto para ele, quanto para marina Silva decidirem os rumos a tomar.
Marina Silva, afirma-se, dificilmente retornaria ao Partido verde. Restaria o PPS de Roberto Freire, caso Serra não ingresse nesta sigla. Os demais partidos, como o Partido Ecológico Nacional, o PEN, não possuem estrutura capaz de4 sustentar uma candidatura à presidência da República. Utilizariam a figura popular de Marina Silva para obter votos para a Câmara Federal e Assembleias Legislativas. Isso de um lado. De outro o tempo de acesso aos horários gratuitos da televisão e do rádio será pouco significante, frustrando o eleitorado. Porém uma coisa parece certa: a disposição de Marina Silva ser mesmo candidata em 2014, confiante que está na manutenção dos índices de intenção de voto registrados nos levantamentos pré-eleitorais.
Em minha opinião, ela não está longe da verdade, mas deve levar em conta que o PSDB possui uma estrutura partidária nacional e Aécio neves, embora fraco em São Paulo, é forte em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. A candidatura de Eduardo campos alcança somente 7 pontos, muito pouco para uma decolagem forte rumo ao Planalto. E a tendência de Aécio Neves é crescer, pelo menos até o patamar atingido por José Serra no primeiro turno da disputa presidencial de 2010: cerca de 30%. Assim, Marina e Aécio disputariam o direito de ir à final contra Dilma Rousseff. Mas para isso é preciso que Marina desista do recurso ao TSE e se inscreva em uma das legendas disponíveis.
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