Aos 42 anos, Matt Damon se firmou como o ator mais engajado de Hollywood. Em seu novo filme, Elysium,
incrível sci-fi pós-apocalíptico dirigido por Neill Blomkamp, Damon
vive Max, um antigo ladrão de carros morando em Los Angeles, uma cidade
que vira uma grande favela um século e meio no futuro. Depois de ser
exposto a uma dose letal de radiação em seu trabalho, Max fica sabendo
que tem apenas mais 5 dias de vida.
Isso
o inspira a encontrar uma forma de chegar em Elysium, a cidade dentro
de uma gigantesca estação espacial onde as elites extremamente ricas
migraram para escapar do planeta super populado, poluído e movido ao
crime. Elysium providencia a todos os seus residentes máquinas capazes
de curar qualquer doença em questão de segundos, e Max está determinado a
pular essa barreira apocalíptica e se salvar.
“Eu
vi o roteiro como uma metáfora à desigualdade social que vemos hoje e
que pode ficar muito pior no futuro”, disse Damon. “Sou fã de Neil
Blomkamp desde que vi Distrito 9, que achei muito original e divertido, mas que também continha uma metáfora sombria sobre o seu país natal. Elysium é
uma extensão dos maiores problemas que podem acontecer no nosso planeta
em 150 anos se continuarmos tratando as coisas como estamos fazendo.”
Matt,
você se preocupa que o nível de poluição, aquecimento global e
desigualdade social transforme o planeta em uma favela tóxica como a
que Elysium prevê?
Talvez
eu não seja tão pessimista, mas acho que temos que prestar atenção aos
problemas que Neill Blomkamp aborda de uma forma metafórica no filme.
Isso é o que torna seu trabalho tão interessante. Ter crescido na África
do Sul fez com que Neill fosse muito atento à desigualdade entre pobres
e ricos. Então ele tem um senso muito forte de justiça social e
responsabilidade que é parte do subtexto de seus filmes.
Você acha que o público vai concordar com o comentário social por trás da missão de Max?
A princípio, Elysium tem
como objetivo entreter o público. Sabe, no fim das contas, esses são
filmes-pipoca e você quer que eles sejam satisfatórios nesse intuito.
Mas em relação a seus temas, há coisas acontecendo em Elysium muito interessantes e provocadoras, mas sem ser pretensioso de qualquer forma.
Vocês filmaram grande parte do filme na Cidade do México. Isso te ajudou a imaginar que o planeta apresentado em Elysium não está tão distante?
Sim.
A Cidade do México é o segundo maior lixão da terra. Comunidades
inteiras chegaram a nascer e morrer e a ver seus filhos se tornarem
parte dessas favelas tóxicas. As pessoas fazem a vida organizando o
lixo. Eu viajei muito pelo terceiro mundo, mas a Cidade do México levou
minha compreensão a outro nível. Há também muito crime e fora da cidade
há o problema dos carteis de droga, que têm muito poder no país.
Você foi contratado inicialmente para Avatar (para
o papel de Sam Worthington) mas teve que desistir por conta de
problemas de agenda. Você sempre quis voltar ao gênero sci-fi?
Eu amo filmes sci-fi e alguns filmes que me marcaram até hoje são Blade Runner e Matrix, mas dificilmente os diretores pensam em mim para este tipo de projeto. James Cameron me queria para Avatar e
o que me impressionou em Neill foi que ele tinha a história toda e a
visão desse mundo em sua cabeça e numa HQ que ele preparou para o filme.
Ele conseguia responder qualquer coisa que eu perguntasse na hora.
James Cameron era assim também quando discutíamos Avatar – ele
sabia todos os detalhes sobre cada aspecto do mundo que queria criar.
Todo ator quer trabalhar com diretores que tem essa visão extraordinária
sobre o que querem fazer.
O subtexto político e social foi importante para você aceitar o trabalho?
Eram
elementos interessantes mas não os mais importantes. É algo que ajuda o
filme a ser mais profundo, mas não é uma mensagem jogada na cara de
todo mundo. Neill não acredita que filmes podem mudar a opinião pública
mas acredita que pode fazer as pessoas pensarem. Ele foi do Canadá para a
África do Sul quando tinha 18 anos e então sua mente foi aberta a uma
mudança de ambiente gigantesca.
E como foi vestir o figurino com o exoesqueleto pela maior parte do filme enquanto tenta entrar em Elysium?
Foi
bem pesado, mas não tão difícil de se locomover. Tinha mobilidade total
e quando começamos a filmar já me sentia confortável com ela. A parte
mais difícil foi filmar a luta com Sharl. A armadura é afiada e você tem
que tomar todo o cuidado para não acertar alguém com ela, já que não
quer cortar o rosto de ninguém. A coreografia era um pouco perigosa.
Normalmente quando você filma uma luta, tem que intencionalmente errar o
golpe por alguns centímetros. Mas as vezes você acaba acertando o outro
ator, e isso não podia acontecer de forma alguma nesse filme. Tive que
tomar cuidado com Sharl porque ele é um ator muito intenso e que quer
colocar muita emoção nas cenas de luta. [rs] Você tem que se manter
calmo porque se acabar provocado, pode fazer um estrago com aquela
roupa.
Você nunca esteve tão forte como em Elysium. O que você fez para ficar assim?
Basicamente
malhei 8 horas por dia por três meses. Foi muito difícil porque adoro
comer e beber. E eu cheguei num ponto na minha vida em que alguém foi
boba o suficiente para se casar comigo e continuar comigo mesmo que eu
ganhe alguns quilos. Então é difícil conseguir me motivar para manter a
forma. Mas quando vi todas as imagens de Neill e como ele imaginava Max,
pensei: “Ok, entendi e vale a pena”.
Sua mulher gostou?
Acho que ela gosta da variedade. Quando fiz O Desinformante,
ganhei 18 quilos e fiquei surpreso ao ver que ela ainda assim gostava
de mim! Estou tentando fazer com que ela goste só daquele cara, já que a
minha tendência é deixar meu corpo com aquele formato ao invés do de
Jason Bourne ou de Max.
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