Carlos Newton
Ao contrário do que proclamou o genial escritor alemão Erich Maria Remarque, desta vez há algo de novo na frente ocidental. Depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, e da derrocada da União Soviética, em 1991, o mundo vinha submetido a um regime imperialista comandado pelos Estados Unidos, com apoio da Grã-Bretanha, da França, da Itália e da Espanha, entre outros “aliados”.
Os EUA faziam o que bem entendiam, suas tropas entravam e saíam de nações independentes com a maior desfaçatez. Iraque, Afeganistão e Líbia foram vítimas indefesas. Era como se não existisse a Organização das Nações Unidas e o mundo tivesse realmente dono.
Mais recentemente, as forças imperiais se voltaram para a Síria e o Irã. A situação chegou a tal ponto que o presidente dos Estados Unidos anunciou que iria atacar a Síria “sem tropas”, ou seja, apenas bombardeando o país, matando indistintamente homens, mulheres, idosos e crianças, sem que os sírios pudessem esboçar qualquer reação.
GUERRA SEM RISCOS
Em matéria de crueldade e covardia, na História da Humanidade, nunca se viu nada igual, porque guerra sem tropas significa guerra sem riscos, uma guerra totalmente desigual, sem a menor possibilidade de revide, algo nunca visto antes.
Essas notícias saíram nos jornais e ninguém se interessou. Era como se fosse uma coisa normal, embora o Papa Francisco tivesse pedido orações para a paz na Síria. De resto, um silêncio inquietante. Mas essas orações parece que surtiram efeito, pois o presidente russo Vladimir Putin decidiu peitar os Estados Unidos, a China fez-lhe companhia no Conselho de Segurança, o Parlamento britânico se lembrou de que a civilização precisa avançar e não retroagir, e a própria ONU mostrou-se menos subserviente aos Estados Unidos.
Obama não teve como ordenar o covarde ataque “sem tropas” e assim surge a esperança de que o imperialismo se contenha e o entendimento entre Rússia e China prossiga, pois até poderia incluir os outros BRICS (Brasil, Índia e África do Sul), para que haja um paz que possa nos conduzir a um mundo melhor, que seja de todos e não tenha donos.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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