POLÍTICA - A paz que o mundo anseia.
Do Direto da Redação.
Mário Augusto Jakobskind
O Presidente do Irã, Hasan Rohani (foto) tem sido a principal figura
da política internacional nesta última semana, seguido da Presidenta
Dilma Rousseff com a proposta apresentada no plenário das Nações Unidas
de fazer frente à espionagem dos Estados Unidos. O Presidente Barack
Obama conversou por telefone com Rohani, o que não acontecia com
dirigentes dos dois países desde a revolução de 1979 que derrubou o Xá
Pahlevi.
A conduta dos representantes de Israel na ONU, retirando-se quando do
pronunciamento de Rohani, confirma que o governo de Benyamin Netanyahu é
realmente adepto de ações bélicas na região, como quer também o
complexo industrial militar estadunidense. Prefere optar por um
bombardeio contra as usinas nucleares iranianas do que pelo menos tentar
um acordo com o país que desenvolve programa nuclear que o governo
garante ser para fins pacíficos. Netanyahu e o complexo industrial
militar norte-americano andam de braços dados e não querem nem ouvir
falar em acordo que reduza o estado de tensão na região.
O novo Presidente do Irã apresentou uma proposta concreta, o da
desnuclearização no Oriente Médio. Muito positiva a sugestão, que Israel
deveria ser obrigado também a seguir, já que tem estocadas armas
nucleares, mas prefere o silêncio sobre a matéria.
Nesse sentido, uma figura importante já revelou ao mundo, nos anos
80, que Israel possui bombas atômicas. Mordecai Vanunu pagou caro pela
revelação, tendo ficado 18 anos preso e 11 em cárcere isolado. Isso
depois de ter sido sequestrado em Londres pelo serviço secreto de
Israel, o Mossad.
Mesmo tendo cumprido a pena, Vanunu segue monitorado pelo serviço
secreto e impedido de deixar o país. Foi convidado para vir ao Brasil
receber o prêmio internacional de direitos humanos, instituído pela
Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da
Associação Brasileira de Imprensa, mas o pedido às autoridades
israelenses para que fosse permitida a viagem sequer foi respondido.
Claro, o silêncio é concretamente uma negativa. Vanunu deve ser sempre
lembrado, sobretudo no momento em que o tema armas nucleares está na
ordem do dia no Oriente Médio e o mundo olha com otimismo uma possível
luz no fim do túnel das trevas em que está mergulhada a região.
Quando se aborda o tema Irã, não se pode deixar de analisar o que
acontece na Síria, que para muitos analistas é uma questão chave para se
entender todo o contexto do Oriente Médio. Há uma luta fratricida
estimulada pelos Estados Unidos e países do Golfo que não primam pelo
respeito aos direitos humanos, muito pelo contrário. Lá estão também a
Arábia Saudita e Qatar, duas monarquias autoritárias que armam e
subvencionam os chamados rebeldes sírios, do qual fazem parte grupos
vinculados ao grupo terrorista al Qaeda. De quebra, aproveitando o
embalo, o governo turco procura ganhar terreno com a guerra civil síria e
se cacifar para exercer forte protagonismo na área. E Israel está
também presente.
Nesse quadro em que a ONU diz terem sido mortos mais de 100 mil
sírios desde o início das hostilidades, um ataque de armas químicas, que
os Estados Unidos responsabilizam o governo de Bachar al Assad e a
Rússia a oposição bancada pelo Ocidente e monarquias, matou mais de
1.200 pessoas.
A questão das armas químicas merece também algumas observações que
não estão sendo levadas em conta. Que empresas fabricam armas químicas? A
empresa dos alimentos genéricos, do agente laranja, do napalm, que
tantas vítimas provocou no Vietnã e com reflexos nefastos até hoje, para
não falar da participação no projeto Manhattan que produziu a bomba
atômica, a Monsanto é uma delas.
Outra pergunta que não quer calar: além da Síria, quais os países que
têm estocadas armas químicas? Algum organismo internacional já
inspecionou Israel e o próprio Estados Unidos?
Se existem armas químicas e países a estocam, significa também que
empesas integrantes do complexo industrial militar lucram com isso. Mas
esse ângulo da questão tem sido pouco abordado. Ainda está em tempo,
portanto, de se colocar o boca no trombone.
O que importa agora é neutralizar o poder da indústria da morte,
portanto, pressionar governos no sentido de alcançar uma paz duradoura
em que, em vez de se gastar em armamentos, se combata a fome e se
direcione os gastos para o bem estar da população mundial. E para
alcançar esse objetivo é necessário que a comunidade internacional não
assista impassível a ação militarista de governos como o de Israel e das
monarquias dos países do Golfo, como a Arábia Saudita e Qatar, não
ficando de fora também o dos Estados Unidos.
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