segunda-feira, 7 de outubro de 2013

POLÍTICA - A polêmica sobre a chapa Eduardo-Marina.


A polêmica sobre a chapa Eduardo Campos-Marina Silva



do Jair de Souza, em comentário no blog
Acho muito estranha a lógica da análise de nosso L. C Azenha. Assim como a de Rodrigo Vianna. Eles querem que entendamos que a candidatura de Eduardo Campos-Marina Silva representa algo de essencialmente novo na política brasileira atual. Em meu entender, há aí um grande equívoco.
A emplacação de Eduardo Campos-Marina Silva vai depender fundamentalmente (em condições sine qua non) do apoio que sua campanha venha ter do verdadeiro partido político do grande capital neoliberal globalizado: as máfias midiáticas.
Como críticos severos desses conglomerados máfio-midiáticos, tanto Rodrigo Vianna como L. C. Azenha deveriam se lembrar da “novidade” que representava em seu momento a candidatura do “caçador de marajás” Fernando Collor.
A rede Globo e o restante das máfias midiáticas sabiam perfeitamente que se tratava de uma candidatura inexpressiva, sem substância, mas que, em vista da podridão total que imperava nas hostes de suas agremiações historicamente mais confiáveis, seria a única possibilidade real com que contavam para derrotar a ameaça concreta da eleição de Lula naquele momento.
Ou será que tanto Rodrigo Vianna como L. C. Azenha passaram a acreditar que com a “genialidade” e “carisma” da dupla Eduardo Campos-Marina Silva, eles seriam capazes de representar uma verdadeira alternativa à atual polarização, da qual eles se queixam.
A verdade é que para tentar tornar-se palatável à máfias midiáticas e aos setores sociais que elas influenciam, Marina Silva já mostrou a que veio: sua missão é explorar ao máximo o ódio preconceituoso que permeia por grande parte das camadas médias.
Não é à toa que seu lançamento se tenha dado com a divulgação de seu comprometimento de combater os aspectos chavistas do atual governo. O que quer dizer isto?
Mais que nada, condenar o uso do Estado para toda e qualquer ação de ajuda aos setores mais humildes da sociedade. O que as camadas médias neo-udenistas (de direita declarada, ou de retórica de extrema esquerda) não aceitam de modo algum é que o Estado se dedique a apoiar pobres.
Se for para respaldar grandes grupos capitalistas, tudo bem, eles nada têm a questionar. Mas, jogar dinheiro “fora” para sustentar “vagabundos” (como eles gostam de chamar os mais necessitados), isto, sim, é intolerável.
Que pode haver de novo (fora as caras dos representantes) em uma candidatura que só será viável se as máfias midiáticas decidirem assumi-la?
PS do Viomundo: Caro Jair, a premissa de seu comentário é equivocada. “Eles [Azenha e Rodrigo Vianna] querem que entendamos que a candidatura de Eduardo Campos-Marina Silva representa algo de novo na política”, escreve você. De minha parte, nunca escrevi isso.
Eduardo Campos e Marina Silva — especialmente esta, que se propunha a reinventar a política e agora vai fazê-lo coligada ao Jorge Bornhausen — mantém a tradição personalista da política brasileira e a lógica das alianças regionais espúrias com quem sobrou, independentemente de posição ideológica.
O que eu disse em relação à chapa é que ela tem potencial eleitoral, já que se apresentará como novidade diante de tudo o que está aí e da polarização PT-PSDB que é um fato de nossa política desde 1994, ou seja, 20 anos!
As manifestações de junho/julho deixaram clara a insatisfação de uma parcela razoável do eleitorado brasileiro com as instituições.
Além disso, a metralhadora giratória da mídia corporativa em relação ao mensalão petista vai continuar ativa: havendo ou não prisão dos condenados pelo STF este será um tema eleitoral importante.
Lembre-se que em 2010 a vitória de Dilma sobre José Serra no segundo turno foi mais apertada do que se imaginava (56 a 44%).
Não posso enfiar minha inclinação ideológica na análise do quadro eleitoral.
Acredito que o antipetismo chega fortalecido a 2014. No frigir dos ovos, a ele se juntou o PSB, que até recentemente estava na base do governo. Parece haver a perspectiva de uma aliança eleitoral entre Eduardo Campos e Aécio Neves para um eventual segundo turno.
Se antes parecia possível uma vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno, esta possibilidade, no meu entender, ficou um pouquinho mais distante porque Marina Silva reforça a chapa de Eduardo Campos, que agora tem alcance nacional.
Combinada com a força eleitoral dos tucanos, especialmente no Sudeste, me parece possível um segundo turno com o antipetismo unido.
Coloque na equação, também, a fraqueza da ligação ideológica — se é que ela existe — entre os que ascenderam socialmente sob Lula-Dilma e o projeto petista. O que me leva a acreditar que tudo, mais uma vez, vai ser decidido pelo estado da economia, num plebiscito: mais quatro anos ou mudança de rumo.
Também aí, Eduardo Campos tem vantagem sobre o José Serra de 2010. Por mais que ele seja um nepotista provinciano e oportunista, até recentemente era da base do governo e poderá dizer que é a “mudança na qual se pode confiar”.
Infelizmente, o baixo nível de politização do eleitorado e o domínio de meia dúzia de famílias sobre a mídia — este segundo fenômeno, aliás, responsável pelo primeiro — nos levam a um quadro dominado pelos marqueteiros, em que Eduardo Campos e Marina Silva, agora engajados no antipetismo light, serão capazes de se apresentar como “novidade”.
Se a candidatura de Aécio Neves desabar, a dupla se tornará veículo para o sonho da oposição — inclusive de direita — de retomar o poder. Por ironia, em roupagem “socialista”.

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