Corrupção na jornada de trabalho desmoraliza protestos de médicos
Era previsível. Pipocam denúncias de burlas nas jornadas de
médicos pelo Brasilzão. A Folha de S. Paulo, que estimulou protestos
corporativos dos jalecos brancos, volta suas baterias agora para as distorções
no mercado de trabalho. “Descumprimento de jornada por médicos é alvo de
apurações” destampa a manchete (28/09/2013). Em pelo SEIS estados há comprovações
e inquéritos pelo não cumprimento da jornada de trabalho. Como é que médicos
que não cumprem suas próprias jornadas de trabalho podem protestar contra o programa
Mais Médicos? Eis a pergunta.
Em Minas Gerais, o Ministério Público, ao cruzar dados na
rede do SUS descobriu coisas horrorosas. No Sudeste de Minas, os promotores
cruzaram dados desde 2009 e constataram irregularidades, médicos vinculados a
três empregos públicos, quando a Constituição proíbe acúmulo de mais de dois
cargos do mesmo tipo. Há 100 inquéritos envolvendo funcionários das redes
estadual e municipal – 90% deles, médicos. São 94 municípios do Sudeste de
Minas prejudicados por crimes de falsidade ideológica e improbidade
administrativa.
Em Santa Catarina, o TCE constatou problemas no Hospital
Regional de São José, na Grande Florianópolis, onde apenas 8% dos médicos dos centros
cirúrgicos cumpriam 80 horas mensais contratadas, 65% não cumpriam a jornada de
trabalho e 27% não tinham sequer REGISTRO. No Hospital Infantil Joana de
Gusmão, em Florianópolis, de 13 mil horas contratadas em 2011, apenas 5,4 mil
constavam como de fato trabalhadas.
Em Mato Grosso do Sul, o assunto virou CPI na Assembléia,
para apurar irregularidades na gestão de recursos do SUS. O mesmo problema foi
detectado nas maiores cidades, como Campo Grande, Dourados, Corumbá, Naviraí e
Ponta Porã. Tem médico contratado por
8h, mas que não cumpre nem duas horas.
No Piauí houve intervenção no Hospital Dirceu Arcoverde, em
Parnaíba. Em Alagoas, os médicos peritos contratados para 20 horas cumpriam 9
horas nos IMLsde Maceió e Arapiraca.
Em São Paulo, o município de Araraquara declarou “guerra” ao
não cumprimento dos horários dos médicos, que fizeram greve por causa da
instalação de pontos eletrônicos.
E vejam que as investigações sequer chegaram à Bahia. Será
gente desse tipo que hostiliza médicos cubanos nas ruas, aeroportos e redes
sociais?
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