Conceitos para entender os motivos do referendo grego
Artigo do website ElTelégrafo.com.ec
As pesquisas mostram um empate entre 'sim' e 'não' no referendo, e o governo grego poderá tomar oficialmente uma decisão logo depois dos resultados.
Artigo do website ElTelégrafo.com.ec
Cerca de 10 milhões de gregos estão convocados ao referendo deste domingo, 5 de julho. Os eleitores deverão dizer “sim” ou “não” às condições que a Troica (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) apresentou na semana passada, para seguir financiando o país.
Robert Peston, editor de economia da BBC, explica que a Grécia “não pode pagar suas dívidas porque os antigos governos gastaram demais e pediram empréstimos numa quantidade impagável, e porque os credores, o FMI e o resto da Zona Euro, emprestaram mais. Assim, a Grécia deixa de cumprir os acordos de pagamento com esses credores e se encaminha potencialmente à saída da União Europeia, confirmando o temido Grexit”.
Quando Alexis Tsipras, ganhou as eleições para primeiro-ministro – no dia 26 de janeiro de 2015 –, a crise em Atenas já era aguda.
O país deve aproximadamente 323 bilhões de euros aos seus credores, entre os quais se encontram o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE), países da Zona Euro, entre outros.
Durante anos, antes de a Grécia entrar na União Europeia – o que aconteceu em 2001 – o país já andava gastando mais dinheiro do que produzia, e esse gasto, era financiando através de empréstimos.
Segundo uma publicação do portal peruano Gestión25, muitos acreditaram que a entrada da Grécia na União Europeia significaria um resgate financeiro, mas isso não ocorreu. É mais, ao complicado panorama, se somaram problemas internos por corrupção e evasão fiscal, com um alto gasto público e um deficit fiscal superior a 3%.
O primeiro resgate à Grécia chegou em maio de 2010, quando a União Europeia e o FMI puseram à disposição do governo grego 110 bilhões de euros ($ 120 bilhões) para que pagasse seus compromissos aos credores de então, em sua maioria bancos privados.
Já no segundo resgate, a cifra se elevou a um total de 240 bilhões de euros. Os países europeus e o Fundo entregaram mais dinheiro à Grécia, com a condição de que aplicasse uma série de medidas drásticas de austeridade, como cortes do gasto público, maiores impostos e reformas ao sistema de aposentadorias e pensões, além da reforma trabalhista voltada à flexibilidade.
Essas medidas, que os organismos internacionais consideravam necessárias, golpearam duramente o povo de Atenas, elevando a taxa de desemprego (chegou a alcançar os 60% da população). Já são milhões os cidadãos gregos que estão vivendo abaixo da linha da pobreza.
Se estima que a economia grega se reduziu em 25% desde o início dos programas de austeridade, o que acentuou a situação do país de dependência dos créditos externos.
Negociações sem acordos
Com a chegada de Alexis Tsipras ao poder, em janeiro deste ano, com um forte discurso anti austeridade, começou uma nova etapa das negociações: agora se discute a reestruturação da dívida grega, quanto pagará, como pagará e sob que regras e prazos. O terceiro pacote de ajuda econômica, se é que chega a se concretizar, se estima em 29 bilhões de euros adicionais.
Até o momento, foram inumeráveis as reuniões entre o FMI, as autoridades gregas, as autoridades da União Europeia e o BCE, todas infrutíferas.
Tsipras propôs aos credores a aplicação de medidas como incrementos aos impostos ao consumidor e às empresas, que significariam uma arrecadação de 9 bilhões. Porém, afirmou que não pode aplicar mais medidas de austeridade que prejudiquem os empregados públicos e os aposentados e pensionistas, entre outros segmentos vulneráveis da população grega.
O governo grego ofereceu um acordo de dois anos com o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE) para cobrir plenamente suas necessidades financeiras, com uma reestruturação paralela da dívida, que foi rejeitada por unanimidade pelos ministros de finanças dos outros 18 países que compõem a Zona Euro.
Os pontos mais delicados continuam sendo as pensões, as aposentadorias, os impostos e o financiamento. Funcionários da UE disseram que o governo de Tsipras deve oferecer recursos alternativos e medidas impositivas que substituam os cortes às aposentadorias e os aumentos de impostos que ele se nega a implantar, para ter um superavit fiscal modesto e um relativo pagamento dos juros.
Papeleta do referendo
Os gregos votarão neste domingo, 5 de julho se querem ou não o plano de ajuda financeira da União Europeia e do FMI, que significa mais cortes de gasto social. A papeleta do referendo terá o seguinte texto:
“O acordo apresentado pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional no dia 25 de junho de 2015, composto por dois documentos que constituem uma proposta unificada, deveria ser aceito?
O primeiro documento se chama `Reformas para o término do programa atual e outros´ e o segundo `Análise preliminar da sustentabilidade da dívida´”.
As possibilidades são: “Não aceito/Não” e “Aceito/Sim”
As pesquisas mostram um empate entre “sim” e “não” no referendo, e o governo grego poderá tomar oficialmente uma decisão logo depois dos resultados. O presidente Alexis Tsipras e o ministro de Finanças, Yanis Varoufakis defenderam o voto no “não”, pois ainda acreditam que se pode chegar a um acordo alternativo, enquanto o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pede aos cidadãos que votem pelo “sim”.
Grexit
Após as numerosas reuniões, sem nenhuma decisão final, a Grécia chegou ao dia 30 de junho sem pagar ao FMI a primeira parte de uma dívida de 1,6 bilhão de euros (US$ 1,78 bilhão). Assim, o país caiu em desgraça perante o organismo multilateral de crédito.
No dia seguinte, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) declarou que a Grécia se encontra oficialmente em default.
Com o fim do prazo de pagamento do segundo programa de resgate, os fundos não utilizados já não são acessíveis e ficam congelados.
Os bancos gregos foram fechados por uma semana, inicialmente até o 6 de julho, e foram estabelecidos limites aos retiros nos caixas automáticos. As transações eletrônicas estão permitidas dentro do país, mas as internacionais estão proibidas.
O governo de Alexis Tsipras anunciou que deixaria a decisão final nas mãos da cidadania, para isso convocou um referendo.
Segundo os analistas, a saída da Grécia da Zona Euro minaria a confiança dos investidores, pois afetaria, em primeiro lugar, os bancos dos países periféricos, e faria disparar os custos de financiamento dos países-membros mais endividados. Os cenários mais pessimistas desenham uma crise econômica profunda em toda a União Europeia.
Tradução: Victor Farinelli
Robert Peston, editor de economia da BBC, explica que a Grécia “não pode pagar suas dívidas porque os antigos governos gastaram demais e pediram empréstimos numa quantidade impagável, e porque os credores, o FMI e o resto da Zona Euro, emprestaram mais. Assim, a Grécia deixa de cumprir os acordos de pagamento com esses credores e se encaminha potencialmente à saída da União Europeia, confirmando o temido Grexit”.
Quando Alexis Tsipras, ganhou as eleições para primeiro-ministro – no dia 26 de janeiro de 2015 –, a crise em Atenas já era aguda.
O país deve aproximadamente 323 bilhões de euros aos seus credores, entre os quais se encontram o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE), países da Zona Euro, entre outros.
Durante anos, antes de a Grécia entrar na União Europeia – o que aconteceu em 2001 – o país já andava gastando mais dinheiro do que produzia, e esse gasto, era financiando através de empréstimos.
Segundo uma publicação do portal peruano Gestión25, muitos acreditaram que a entrada da Grécia na União Europeia significaria um resgate financeiro, mas isso não ocorreu. É mais, ao complicado panorama, se somaram problemas internos por corrupção e evasão fiscal, com um alto gasto público e um deficit fiscal superior a 3%.
O primeiro resgate à Grécia chegou em maio de 2010, quando a União Europeia e o FMI puseram à disposição do governo grego 110 bilhões de euros ($ 120 bilhões) para que pagasse seus compromissos aos credores de então, em sua maioria bancos privados.
Já no segundo resgate, a cifra se elevou a um total de 240 bilhões de euros. Os países europeus e o Fundo entregaram mais dinheiro à Grécia, com a condição de que aplicasse uma série de medidas drásticas de austeridade, como cortes do gasto público, maiores impostos e reformas ao sistema de aposentadorias e pensões, além da reforma trabalhista voltada à flexibilidade.
Essas medidas, que os organismos internacionais consideravam necessárias, golpearam duramente o povo de Atenas, elevando a taxa de desemprego (chegou a alcançar os 60% da população). Já são milhões os cidadãos gregos que estão vivendo abaixo da linha da pobreza.
Se estima que a economia grega se reduziu em 25% desde o início dos programas de austeridade, o que acentuou a situação do país de dependência dos créditos externos.
Negociações sem acordos
Com a chegada de Alexis Tsipras ao poder, em janeiro deste ano, com um forte discurso anti austeridade, começou uma nova etapa das negociações: agora se discute a reestruturação da dívida grega, quanto pagará, como pagará e sob que regras e prazos. O terceiro pacote de ajuda econômica, se é que chega a se concretizar, se estima em 29 bilhões de euros adicionais.
Até o momento, foram inumeráveis as reuniões entre o FMI, as autoridades gregas, as autoridades da União Europeia e o BCE, todas infrutíferas.
Tsipras propôs aos credores a aplicação de medidas como incrementos aos impostos ao consumidor e às empresas, que significariam uma arrecadação de 9 bilhões. Porém, afirmou que não pode aplicar mais medidas de austeridade que prejudiquem os empregados públicos e os aposentados e pensionistas, entre outros segmentos vulneráveis da população grega.
O governo grego ofereceu um acordo de dois anos com o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE) para cobrir plenamente suas necessidades financeiras, com uma reestruturação paralela da dívida, que foi rejeitada por unanimidade pelos ministros de finanças dos outros 18 países que compõem a Zona Euro.
Os pontos mais delicados continuam sendo as pensões, as aposentadorias, os impostos e o financiamento. Funcionários da UE disseram que o governo de Tsipras deve oferecer recursos alternativos e medidas impositivas que substituam os cortes às aposentadorias e os aumentos de impostos que ele se nega a implantar, para ter um superavit fiscal modesto e um relativo pagamento dos juros.
Papeleta do referendo
Os gregos votarão neste domingo, 5 de julho se querem ou não o plano de ajuda financeira da União Europeia e do FMI, que significa mais cortes de gasto social. A papeleta do referendo terá o seguinte texto:
“O acordo apresentado pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional no dia 25 de junho de 2015, composto por dois documentos que constituem uma proposta unificada, deveria ser aceito?
O primeiro documento se chama `Reformas para o término do programa atual e outros´ e o segundo `Análise preliminar da sustentabilidade da dívida´”.
As possibilidades são: “Não aceito/Não” e “Aceito/Sim”
As pesquisas mostram um empate entre “sim” e “não” no referendo, e o governo grego poderá tomar oficialmente uma decisão logo depois dos resultados. O presidente Alexis Tsipras e o ministro de Finanças, Yanis Varoufakis defenderam o voto no “não”, pois ainda acreditam que se pode chegar a um acordo alternativo, enquanto o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pede aos cidadãos que votem pelo “sim”.
Grexit
Após as numerosas reuniões, sem nenhuma decisão final, a Grécia chegou ao dia 30 de junho sem pagar ao FMI a primeira parte de uma dívida de 1,6 bilhão de euros (US$ 1,78 bilhão). Assim, o país caiu em desgraça perante o organismo multilateral de crédito.
No dia seguinte, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) declarou que a Grécia se encontra oficialmente em default.
Com o fim do prazo de pagamento do segundo programa de resgate, os fundos não utilizados já não são acessíveis e ficam congelados.
Os bancos gregos foram fechados por uma semana, inicialmente até o 6 de julho, e foram estabelecidos limites aos retiros nos caixas automáticos. As transações eletrônicas estão permitidas dentro do país, mas as internacionais estão proibidas.
O governo de Alexis Tsipras anunciou que deixaria a decisão final nas mãos da cidadania, para isso convocou um referendo.
Segundo os analistas, a saída da Grécia da Zona Euro minaria a confiança dos investidores, pois afetaria, em primeiro lugar, os bancos dos países periféricos, e faria disparar os custos de financiamento dos países-membros mais endividados. Os cenários mais pessimistas desenham uma crise econômica profunda em toda a União Europeia.
Tradução: Victor Farinelli
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