sábado, 31 de julho de 2010

"OBAMA SÓ MUDOU A RETÓRICA."

Do site Esquerda.net


Em visita à Colômbia, onde foi homenageado pela comunidade camponesa de Cauca, o linguista e activista norte-americano afirma que existe uma correlação entre a ajuda militar dada pelos EUA e a violência nos países que a recebem. Por Luis Ángel Murcia,


Chomsky: Imagine-se se a Colômbia decidisse fumigar a Carolina do Norte, ou o Kentucky, onde se cultiva tabaco, que provoca mais mortes do que a cocaína. Foto de thelastminute, FlickR Durante a sua visita à Colômbia, Noam Chomsky falou com exclusividade para a Semana.com.

O linguista e activista norte-americano visitou a Colômbia para ser homenageado pelas comunidades indígenas do Cauca. O cerro El Bosque, localizado no centro de Cauca, perto do Maciço Colombiano, foi rebaptizado de Carolina, o nome da sua esposa falecida em Dezembro de 2008. A homenagem é uma retribuição da comunidade camponesa local pela campanha que Chomsky fez em sua defesa. Os camponeses de Cauca, região que tinha um dos piores registos de direitos humanos do país, foram muitas vezes expulsos das suas terras pela guerra química – apelidada de “fumigação” – feita sob o pretexto da “guerra contra as drogas”.

Semana.com: Que significado tem para si esta homenagem?

Noam Chomsky: Estou muito emocionado, principalmente por ver que pessoas pobres se prestam a tais elogios, enquanto os mais ricos não dão atenção a este tipo de coisas.

Nesta fase da sua vida, o que o apaixona mais: o activismo político ou a linguística?

Tenho sido completamente esquizofrénico desde jovem e continuo assim. É por isso que temos dois hemisférios na mente.

Devido a esse activismo tem tido problemas com alguns governos – um deles, e o mais recente, foi o de Israel, que o impediu de entrar em território palestino para dar uma palestra.

É verdade, não pude fazê-lo, apesar de ter sido convidado por uma universidade palestiniana, mas deparei-me com um bloqueio em toda a fronteira. Se a palestra fosse pró-Israel, tinham me deixado passar.

Essa censura tem a ver com um de seus livros, intitulado “Guerra ou Paz no Médio Oriente”?

É provocada pelos meus 60 anos de trabalho pela paz entre Israel e a Palestina. Na verdade, eu vivi em Israel.

Como classifica o que acontece no Médio Oriente?

Desde 1967 foi ocupado o território palestino, e isso fez da Faixa de Gaza a maior prisão a céu aberto no mundo, onde a única coisa que resta a fazer é morrer.

Chegou a ter ilusões sobre as novas posições do presidente Barack Obama?

Já escrevi que é muito semelhante a George Bush. Fez mais do que esperávamos em termos de expansionismo militar. A única coisa que mudou com Obama foi a retórica.

Que pensou quando Obama ganhou o Prémio Nobel da Paz?

Meia hora após a nomeação, a imprensa norueguesa perguntou-me o que pensava disso e eu respondi disse: "Dado o seu registo, não foi a pior nomeação." O Prémio Nobel da Paz é uma piada.

Os Estados Unidos continuam a repetir os seus erros de intervencionismo?

Têm sido muito bem sucedidos. Por exemplo, a Colômbia tem o pior histórico de violação dos Direitos Humanos desde que começou o intervencionismo militar dos EUA no país.

Qual a sua opinião sobre o conceito de guerra preventiva que apregoam os Estados Unidos?

Esse conceito não existe, é simplesmente uma forma de agressão. A guerra no Iraque foi tão agressiva e terrível que lembra o que os nazis fizeram. Se aplicássemos a mesma regra, Bush, Blair e Aznar seriam enforcados, mas a força é sempre aplicada aos mais fracos.

Que vai acontecer no Irão?

Hoje há uma grande força naval e aérea a ameaçar o Irão, e só a Europa e os EUA acham bem. O resto do mundo considera que o Irão tem o direito de enriquecer urânio. Três países do Médio Oriente (Israel, Paquistão e Índia), desenvolveram armas nucleares com a ajuda dos EUA e não assinaram qualquer tratado.

Acredita na guerra contra o terrorismo?

Os EUA são os maiores terroristas do mundo. Não consigo pensar em qualquer país que tenha causado mais danos do que eles. Para os EUA, terrorismo é o que você nos faz, e não o que nós lhe fazemos.

Há alguma guerra justa dos Estados Unidos?

A participação na Segunda Guerra Mundial foi legítima e aconteceu tarde demais.

Esta guerra por recursos naturais no Médio Oriente pode ser repetida na América Latina?

É diferente. O que os EUA fizeram tradicionalmente na América Latina foi impor brutais ditaduras militares, que não são discutidas devido ao poder da propaganda.

A América Latina é realmente importante para os EUA?

Nixon disse: "Se não pudermos controlar a América Latina, como poderemos controlar o mundo?

A Colômbia desempenha algum papel na geopolítica norte-americana?

Parte da Colômbia foi roubada por Theodore Roosevelt com o Canal do Panamá. Desde 1990, este país tem sido o maior receptor de ajuda militar dos EUA, e a partir desta mesma data tem o maior registo de violação de direitos humanos no hemisfério. Antes, o recorde era curiosamente de El Salvador, que também recebeu ajuda militar.

Está a sugerir que essas violações têm alguma relação com os Estados Unidos?

No mundo académico, concluiu-se que existe uma correlação entre a ajuda militar dada pelos EUA e a violência nos países que a recebem.

Qual a sua opinião sobre as bases militares dos EUA na Colômbia?

Não são uma surpresa. Depois de El Salvador, é o único país da região disposto a deixar que se instalem bases militares. Enquanto a Colômbia continuar a fazer o que os EUA lhe peçam que faça, nunca irão derrubar o governo.

Está a dizer que os EUA derrubam governos na América Latina?

Nesta década apoiaram dois golpes. O fracassado golpe militar na Venezuela em 2002, e em 2004 sequestraram o presidente eleito do Haiti e mandaram-no para a África. Mas agora é mais difícil fazê-lo, porque o mundo mudou. A Colômbia é o único país latino-americano que apoiou o golpe em Honduras.

Tem alguma coisa a dizer sobre as actuais tensões entre a Colômbia, a Venezuela e o Equador?

A Colômbia invadiu o Equador, e não conheço nenhum país que lhe tenha oferecido apoio, a não ser os Estados Unidos. E quanto à Venezuela, as relações são muito complicadas, mas defendo que melhorem.

A América Latina continua a ser uma região de caudilhos?

Foi uma tradição muito má, mas, nesse sentido, a América Latina tem progredido e pela primeira vez o cone sul do continente está a avançar para uma integração que supere os seus paradoxos, como por exemplo ser uma região rica, mas com uma grande pobreza.

O tráfico de drogas é um problema exclusivo da Colômbia?

É um problema dos Estados Unidos. Imagine-se se a Colômbia decidisse fumigar a Carolina do Norte, ou o Kentucky, onde se cultiva tabaco, que provoca mais mortes do que a cocaína.

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

ANOS DE CHUMBO - CIA matou Prats.

Do blog TIJOLAÇO.

Agente de Pinochet diz que CIA matou Prats


Carlos Prats González não era um esquerdista. Era um militar legalista, que ocupava o cargo de comandante do Exército chileno no governo demorata-cristão de Eduardo Frei e que Salvador Allende manteve no posto quando foi eleito presidente do Chile.
Prats foi convidado a participar da derrubada do presidente constitucional e recusou-se a trair seus deveres militares. Deposto, amargou o exílio em Buenos Aires. Mas por pouco tempo. Um ano depois, no seu automóvel, junto com a mulher, Sofia Cuthbert, foi morto por uma bomba acionada por controle remoto.
As investigações apontaram a Diretoria Nacional de Inteligência, a Dina, órgão do governo chileno, como responsável pela explosão. Recentemente, Manoel Contreras, ex-chefe da Dina, foi condenado a 17 anos de prisão pelo crime.
Ontem, o canal Chilevision divulgou uma entrevista de Contreras, em que ele nega ter sido o mandante do crime.
-Quem mandou matar o general Prats foi a CIA, disse Contreras.
O ex-chefe do órgão de repressão chileno, que está preso, disse que “nunca recebeu um centavo da CIA” . Doente, ele diz que “foi chefe de uma instituição que eliminou o terrorismo no Chile e estou orgulhoso do que fez a DINA”.
Curioso que diga que “eliminou o terrorismo” alguém condenado por explodir um carro-bomba. Trágico que a esta altura ponha a culpa na CIA. Intrigante que não lhe seja inquirido que elementos possui para fazer tal afirmação.
Na maioria dos países da América do Sul – o Brasil é uma desonrosa exceção – os militares culpados destes atos de desumanidade foram julgados e receberam penas. Mas ainda falta muito a esclarecer – e o Governo dos EUA deveria ajudar a fazer isso – qual foi o envolvimento de seus serviços de inteligência e extermínio nestas ações.
E aos militares que acham que investigar e punir é “revanchismo”, fica o exemplo digno de Cesar Prats, um militar cujo unico “crime”, o que lhe custou a vida foi honrar a farda e o juramento de fidelidade à Constituição de seu país e à vontade de seu povo, livremente expressa nas urnas.

SAÚDE - Ingestão de agrotóxicos.

A alimentação dos brasileiros está cada vez mais envenenada


O brasileiro ingeriu, em média, 3,7 quilos de agrotóxicos em 2009. Trata-se de uma massa de cerca de 713 milhões de toneladas de produtos comercializadas no país por cerca de seis corporações transnacionais. Estas empresas controlam toda a cadeia produtiva, da semente ao agroquímico ligado a ela. Uma condição que pressiona o agricultor familiar, refém da compra do “pacote tecnológico” gerador da dependência na produção. O capital dessas companhias do ramo é maior que o produto interno bruto da maioria dos países da Organização das Nações Unidas. Só no Brasil lucraram 6,8 bilhões de dólares em 2009.

A reportagem é de Pedro Carrano e publicada pelo Brasil de Fato, 29-07-2010.

Para tanto, o país ergueu a taça de campeão mundial em uso de agrotóxicos e bateu outro recorde: duplicou o consumo em relação a 2008. Relatórios recentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vem sendo criticado pelo lobby do agronegócio, apontam que 15% dos alimentos pesquisados pelo órgão apresentaram taxa de resíduos de veneno em um nível prejudicial à saúde. Cana-de-açúcar, soja, arroz, milho, tabaco, tomate, batata, hortaliças são produtos do dia-a-dia que passaram a ter alto índice de toxidade.

Agroquímico, semente, terra e mercado fazem parte da mesma cadeia produtiva sob controle dos monopólios. Larissa Parker, advogada da Terra de Direitos, aponta uma relação direta entre a concentração do mercado de sementes e de agrotóxicos. A transnacional Monsanto controla de 85 a 87% do mercado de sementes. No caso do transgênico Milho BT (da empresa estadunidense), de acordo com a advogada, o próprio cereal é desenvolvido com uma toxina contra determinado tipo de praga. Ainda assim, agricultores no Rio Grande do Sul precisaram realizar mais de duas aplicações de agrotóxicos na lavoura. Os insetos mostraram-se resistentes à substância tóxica. Na Argentina, as corporações cobram patentes apenas dos agrotóxicos e não das sementes, já que o seu uso está atrelado a elas.

Apesar de surgir como a “salvação da lavoura”, prometendo aumento de produtividade, a introdução do químico ligado à semente transgênica incentivou o aumento do uso de tóxicos. O cultivo da soja teve uma variação negativa em sua área plantada (- 2,55%) e, contraditoriamente, uma variação positiva de 31,27% no consumo de agrotóxicos, entre os anos de 2004 a 2008, como explicam os professores Fernando Ferreira Carneiro e Vicente Soares e Almeida, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB).

Além disso, produtos que foram barrados no exterior são usados em diferentes cultivos brasileiros. Entre dezenas de substâncias perigosas, o endosulfan, por exemplo, é um inseticida cancerígeno, proibido há 20 anos na União Europeia, Índia, Burkina Faso, Cabo Verde, Nigéria, Senegal e Paraguai. Mas não é proibido no Brasil, onde é muito usado na soja e no milho.

Outro exemplo de um cenário absurdo: grandes produtores de cítricos não têm usado determinada substância tóxica, não por consciência ecológica, mas porque países importadores não a aceitam. De acordo com informações da página da Anvisa “todos os citricultores que exportam suco de laranja já não utilizam mais a cihexatina, pois nenhum país importador, como Canadá, Estados Unidos, Japão e União Européia, aceita resíduos dessa substância nos alimentos”.

Cultura internalizada

O Censo Agropecuário de 2006, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informou que 56% das propriedades brasileiras usam venenos sem assistência técnica. De acordo com a mesma pesquisa, práticas alternativas, como controle biológico, queima de resíduos agrícolas e de restos de cultura, que poderiam gerar redução no uso de agrotóxicos, também são pouco utilizadas.

Adriano Resemberg, engenheiro agrônomo do departamento de fiscalização da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), analisa a questão dos agrotóxicos a partir dos seguintes eixos: o primeiro é que o uso dos agrotóxicos produz um impacto e uma alteração do bioma local. O outro é que a prática do uso de venenos é desnecessária, mas acaba sendo apontada como a única saída para o produtor. E vira uma cultura. “Muitas boas práticas agrícolas, como o manejo do solo, têm sido deixadas de lado.

O uso do agrotóxico é mais fácil, diante da falta de uma saída do serviço de assistência técnica pública do Estado. O que vemos são profissionais levando pacotes [tecnológicos] e não soluções, um modelo que leva o agricultor a usar o agrotóxico e não questionar muito isso. Usar um inimigo natural não significa menos tecnologia, ao contrário”, analisa.

ESPIRITISMO - Dom Helder Câmara em psicografia recente.

Dom Helder Câmara em Psicografia Recente

Recentemente foi lançado no mercado cultural um livro mediúnico trazendo as reflexões de um padre depois da morte, atribuído, justamente, ao Espírito Dom Helder Camara, bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife, desencarnado no dia 28 de agosto de 1999 em Recife, Pernambuco.

O livro psicografado pelo médium Carlos Pereira, da Sociedade Espírita Ermance Dufaux, de Belo Horizonte, causou muita surpresa no meio espírita e grande polêmica entre os católicos.
O que causou mais espanto entre todos foi a participação de Marcelo Barros, monge beneditino e teólogo, que durante nove anos foi secretário de Dom Helder Câmara, para a relação ecumênica com as igrejas cristãs e as outras religiões.
Marcelo Barros secretariou Dom Helder Câmara no período de 1966 a 1975 e tem 30 livros publicados.

Ao prefaciar o livro Novas Utopias, do Espírito Dom Helder, reconhecendo a autenticidade do comunicante, pela originalidade de suas idéias e, também, pela linguagem, é como se a Igreja Católica viesse a público reconhecer o erro no qual incorreu muitas vezes, ao negar a veracidade do fenômeno da comunicação entre vivos e mortos, e desse ao livro de Carlos Pereira, toda a fé necessária como o Imprimatur do Vaticano.
É importante destacar,ainda, que os direitos autorais do livro foram divididos em partes iguais, na doação feita pelo médium, à Sociedade EspíritaErmance Dufaux e ao Instituto Dom Helder Câmara, de Recife, o que,aliás, foi aceito pela instituição católica, sem nenhum constrangimento.

No prefácio do livro aparece também o aval do filósofo e teólogo Inácio Strieder e a opinião favorável da
historiadora e pesquisadora Jordana Gonçalves Leão, ambos ligados a Igreja Católica.
Conforme eles mesmos disseram, essa obra talvez não seja uma produção direcionada aos espíritas, que já
convivem com o fenômeno da comunicação, desde a codificação do Espiritismo; mas, para uma grandiosa parcela da população dentro da militância católica, que é chamada a conhecer a verdade espiritual, porque "os tempos são chegados"; estes ensinamentos pertencem à natureza e, conseqüentemente, a todos os filhos de Deus.

A verdade espiritual não é propriedade dos espíritas ou de outros que professam estes ensinamentos e, talvez, porque, tenha chegado o momento da Igreja Católica admitir, publicamente, a existência espiritual, a vida depois da morte e a comunicação entre os dois mundos.

Na entrevista com Dom Helder Câmara, realizada pelos editores, o Espírito comunicante respondeu as seguintes perguntas sobre a vida espiritual:

Dom Helder, mesmo na vida espiritual, o senhor se sente um padre?

Não poderia deixar de me sentir padre, porque minha alma, mesmo antes de voltar, já se sentia padre. Ao deixar a existência no corpo físico, continuo como padre porque penso e ajo como padre.
Minha convicção à Igreja Católica permanece a mesma, ampliada, é claro, com os ensinamentos que aqui recebo, mas continuo firme junto aos meus irmãos de Clero a contribuir, naquilo que me seja possível,para o bem da humanidade.

Do outro lado da vida o senhor tem alguma facilidade a mais para
realizar seu trabalho exprimir seu pensamento, ou ainda encontra muitas
barreiras com o preconceito religioso?

Encontramos muitas barreiras. As pessoas que estão do lado de cá reproduzem o que existe na Terra. Os mesmos agrupamentos que se formam aqui se reproduzem na Terra. Nós temos as mesmas dificuldades de relacionamento, porque os pensamentos continuam firmados, cristalizados em determinados pontos que não levam a nada.

Mas, a grande diferença é que por estarmos com a vestimenta do espírito, tendo uma consciência mais ampliada das coisas podemos dirigir os nossos pensamentos de outra maneira e assim influenciar aqueles que estão na Terra e que vibram na mesma sintonia.

Como o senhor está auxiliando nossa sociedade na condição de
desencarnado?

Do mesmo jeito. Nós temos as mesmas preocupações com aqueles que passam fome, que estão nos hospitais, que são injustiçados pelo sistema que subtrai liberdades, enriquece a poucos e colocam na pobreza e na miséria muitos; todos aqueles desvalidos pela sorte. Nós juntamos a todos que pensam semelhantemente a nós, em tarefas enobrecedoras, tentando colaborar para o melhoramento da humanidade.

Como é sua rotina de trabalho?

A minha rotina de trabalho é, mais ou menos, a mesma. Levanto-me, porque aqui também se descansa um pouco, e vamos desenvolver atividades para as quais nos colocamos à disposição. Há grupos que trabalham e que são organizados para o meio católico, para aqueles que precisam de alguma colaboração. Dividimo-nos em grupos e me enquadro em algumas atividades que faço com muito prazer.

Qual foi a sua maior tristeza depois de desencarnado? E qual foi a sua
maior alegria?

Eu já tinha a convicção de que estaria no seio do Senhor e que não deixaria de existir.
Poder reencontrar os amigos, os parentes, aqueles aos quais devotamos o máximo de nosso apreço e consideração e continuar a trabalhar, é uma grande alegria. A alegria do trabalho para o Nosso Senhor Jesus Cristo.

O senhor, depois de desencarnado, tem estado com freqüência nos
Centros Espíritas?

Não. Os lugares mais comuns que visito no plano físico são os hospitais; as casas de saúde; são lugares onde o sofrimento humano se faz presente. Naturalmente vou à igreja, a conventos, a seminários, reencontro com amigos, principalmente em sonhos, mas minha permanência mais freqüente não é na casa espírita.

O senhor já era reencarnacionista antes de morrer?

Nunca fui reencarnacionista, diga-se de passagem. Não tenho sobre este ponto um trabalho mais desenvolvido porque esse é um assunto delicado, tanto é que o pontuei bem pouco no livro. O que posso dizer é que Deus age conforme a sua sabedoria sobre as nossas vidas e que o nosso grande objetivo é buscarmos a felicidade mediante a prática do amor. Se for preciso voltar a ter novas experiências, isso será um processo natural.

Qual é o seu objetivo em escrever mediunicamente?

Mudar, ou pelo menos contribuir para mudar, a visão que as pessoas têm da vida, para que elas percebam que continuamos a existir e que essa nova visão possa mudar profundamente a nossa maneira de viver.
Qual foi a sensação com a experiência da escrita mediúnica?

Minha tentativa de adaptação a essa nova forma de escrever foi muito interessante, porque, de início, não sabia exatamente como me adaptar ao médium para poder escrever. É necessário que haja uma aproximação muito grande entre o pensamento que nós temos com o pensamento do médium. É esse o grande problema de todos nós porque o médium precisa expressar aquilo que estamos intuindo a ele. No início foi difícil, mas aos poucos começamos a criar uma mesma forma de expressão e de pensamento, aí as coisas melhoraram.
Outros (médiuns) pelos quais tento me comunicar enfrentam problemas semelhantes.

Foi uma surpresa saber que poderia se comunicar pela escrita
mediúnica?

Não. Porque eu já sabia que muitas pessoas portadoras da mediunidade faziam isso. Eu apenas não me especializei, não procurei mais detalhes, deixei isso para depois, quando houvesse tempo e oportunidade.

Imaginamos que haja outros padres que também queiram escrever mediunicamente, relatarem suas impressões da vida espiritual. Por que Dom Helder é quem está escrevendo?

Porque eu pedi. Via-me com a necessidade de expressar aos meus irmãos da Terra que a vida continua e que não paramos simplesmente quando nos colocam dentro de um caixão e nos dizem "acabou-se". Eu já pensava que continuaria a existir, sabia que haveria algo depois da vida física. Falei isso muitas vezes. Então, senti a necessidade de me expressar por um médium quando estivesse em condições e me fossem dadas as possibilidades. É isto que eu estou fazendo.

Outros padres, então, querem escrever mediunicamente em nosso País ?

Sim. E não poucos. São muitos aqueles que querem usar a pena mediúnica para poder expressar a sobrevivência após a vida física. Não o fazem por puro preconceito de serem ridicularizados, de não serem aceitos, e resguardam as suas sensibilidades espirituais para não serem colocados numa situação de desconforto. Muitos padres, cardeais até, sentem a proteção espiritual nas suas reflexões, nas suas prédicas, que acreditam ser o Espírito Santo, que na verdade são os irmãos que têm com eles algum tipo de apreço e colaboram nas suas atividades.

Como o senhor se sentiu em interação com o médium Carlos Pereira?

Muito à vontade, pois havia afinidade, e porque ele se colocou à disposição para o trabalho. No princípio foi difícil juntar-me a ele por conta de seus interesses e de seu trabalho. Quando acertamos a forma de atuar, foi muito fácil, até porque, num outro momento, ele começou a pesquisar sobre a minha última vida física. Então ficou mais fácil transmitir-lhe as informações que fizeram o livro.

O senhor acredita que a Igreja Católica irá aceitar suas palavras pela mediunidade?

Não tenho esta pretensão. Sabemos que tudo vai evoluir e que um dia, inevitavelmente, todos aceitarão a imortalidade com naturalidade, mas é demais imaginar que um livro possa revolucionar o pensamento da nossa Igreja. Acho que teremos críticas, veementes até, mas outros mais sensíveis admitirão as comunicações. Este é o nosso propósito.

É verdade que o senhor já tinha alguns pensamentos espíritas quando na vida física?

Eu não diria espírita; diria espiritualista, pois a nossa Igreja, por si só, já prega a sobrevivência após a morte. Logo,fazermos contato com o plano físico depois da morte seria uma conseqüência natural. Pensamentos espíritas não eram, porque não sou espírita. Sem nenhum tipo de constrangimento em ter negado alguns pensamentos espíritas, digo que cheguei a ter, de vez em quando, experiências íntimas espirituais.

Igreja - Há as mesmas hierarquias no mundo espiritual?

Não exatamente, mas nós reconhecemos os nossos irmãos que tiveram responsabilidades maiores e que notoriamente tem um grau evolutivo moral muito grande. Seres do lado de cá se reconhecem rapidamente pela sua hombridade, pela sua lucidez, pela sua moralidade.
Não quero dizer que na Terra isto não ocorra, mas do lado de cá da vida isto é tudo mais transparente; nós captamos a realidade com mais intensidade. Autoridade aqui não se faz somente com um cargo transitório que se teve na vida terrena, mas, sobretudo, pelo avanço moral.

Qual seu pensamento sobre o papado na atualidade?

Muito controverso esse assunto. Estar na cadeira de Pedro, representando o pensamento maior de Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma responsabilidade enorme para qualquer ser humano. Então fica muito fácil, para nós que estamos de fora, atribuirmos para quem está ali sentado, algum tipo de consideração. Não é fácil. Quem está ali tem inúmeras responsabilidades, não apenas materiais, mas descobri que as espirituais ainda em maior grau. Eu posso ter uma visão ideológica de como poderia ser a organização da Igreja; defendi isso durante minha vida.

Mas tenho que admitir, embora acredite nesta visão ideal da Santa Igreja, que as transformações pelas quais devemos passar merecem cuidado, porque não podemos dar sobressaltos na evolução. QueiraDeus que o atual Papa Ratzinger (Bento XVI) possa ter a lucidez necessária para poder conduzir a Igreja ao destino que ela merece.

O senhor teria alguma sugestão a fazer para que a Igreja cumpra seu papel?

Não preciso dizer mais nada. O que disse em vida física, reforço. Quero apenas dizer que quando estamos do lado de cá da vida, possuímos uma visão mais ampliada das coisas. Determinados posicionamentos que tomamos, podem não estar em seu melhor momento de implantação, principalmente por uma conjuntura de fatores que daqui percebemos. Isto não quer dizer que não devamos ter como referência os nossos principais ideais e, sempre que possível, colocá-los em prática.

Espíritas no futuro?

Não tenho a menor dúvida. Não pertencem estes ensinamentos a nossa Igreja, ou de outros que professam estes ensinamentos espirituais. Portanto, mais cedo ou mais tarde, a nossa Igreja terá que admitir a existência espiritual, a vida depois da morte, a comunicação entre os dois mundos e todos os outros princípios que naturalmente decorrem da vida espiritual.

Quais são os nomes mais conhecidos da Igreja que estão cooperando
com o progresso do Brasil no mundo espiritual?

Enumerá-los seria uma injustiça, pois há base em todas as localidades. Então, dizer um nome ou outro seria uma referência pontual porque há muitos, que são poucos conhecidos, mas que desenvolvem do lado de cá da vida um trabalho fenomenal e nós nos engajamos nestas iniciativas de amor ao próximo.

Amor - Que mensagem o senhor daria especificamente aos católicos agora, depois da morte?

Que amem, amem muito, porque somente através do amor vai ser possível trazer um pouco mais de tranqüilidade à alma. Se nós não tentarmos amar do fundo dos nossos corações, tudo se transformará numa angústia profunda. O amor, conforme nos ensinou o Nosso Senhor Jesus Cristo, é a grande mola salvadora da humanidade.

Que mensagem o senhor deixaria para nós espíritas?

Que amem também, porque não há divisão entre espíritas e católicos ou qualquer outra crença no seio do Senhor. Não há. Essa divisão é feita por nós, não pelo Criador. São aceitáveis porque demonstram diferenças de pontos de vista, no entanto, a convergência é única, aqui simbolizada pela prática do amor, pois devemos unir os nossos esforços.

Que mensagem o senhor deixaria para os religiosos de uma maneira geral?

Que amem. Não há outra mensagem senão a mensagem do amor. Ela é a única e principal mensagem que se pode deixar".

Livro: Novas Utopias
Autor: Dom Helder Câmara (espírito)
Médium: Carlos Pereira
Editora: Dufaux
Site: http://www.editoradufaux.com.br/

MST - Congresso absolve o MST.

Frei Betto

Adital

O MST jamais desviou dinheiro público para realizar ocupações de terra - eis a conclusão da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), integrada por deputados federais e senadores, instaurada para apurar se havia fundamento nas acusações, orquestradas pelos senhores do latifúndio, de que os movimentos comprometidos com a reforma agrária se apoderaram de recursos oficiais.
Em oito meses, foram convocadas treze audiências públicas. As contas de dezenas de cooperativas de agricultores e associações de apoio à reforma agrária foram exaustivamente vasculhadas. Nada foi apurado. Segundo o relator, o deputado federal Jilmar Tatto (PT/SP), "foi uma CPMI desnecessária".

Não tão desnecessária assim, pois provou, oficialmente, que as denúncias da bancada ruralista no Congresso são infundadas. E constatou-se que entidades e movimentos voltados à reforma fundiária desenvolvem sério trabalho de aperfeiçoamento da agricultura familiar e qualificação técnica dos agricultores.


O que os denunciantes buscavam era reaquecer a velha política - descartada pelo governo Lula - de criminalizar os movimentos sociais brasileiros. Esse tipo de terrorismo tupiniquim a história de nosso país conhece bem: Monteiro Lobato foi preso por propagar que havia petróleo no Brasil (o que prejudicou os interesses usamericanos); foram chamados de comunistas os que defendiam a criação da Petrobras; e, de terroristas, os que lutavam contra a ditadura e pela redemocratização do país.

A Comissão Parlamentar significou, para quem insistiu em instaurá-la, um tiro saído pela culatra. Ficou claro para deputados e senadores bem intencionados que é preciso votar, o quanto antes, o projeto de lei que prevê a desapropriação de propriedades rurais que utilizam trabalho escravo em suas terras. E resolver, o quanto antes, a questão dos índices de produtividade da terra.

A investigação trouxe à luz, não a suposta bandidagem do MST e congêneres, como acusavam os senhores do latifúndio, e sim a importância desses movimentos no atendimento à população sem-terra. Eles cuidam da organização de acampamentos e assentamentos e, assim, evitam a migração que reforça, nas cidades, o cinturão de favelas e o contingente de famílias e pessoas desamparadas, sujeitas ao trabalho informal, ao alcoolismo, às drogas, à criminalidade.

Segundo Jilmar Tatto, os inimigos da reforma agrária "fizeram toda uma carga, um discurso muito raivoso, colocaram dúvidas em relação ao desvio de recursos públicos e perceberam que a montanha tinha parido um rato. Porque não havia desvio nenhum. As entidades e o governo abriram todas as suas contas. Foram transparentes e, em nenhum momento, conseguiu-se identificar um centavo de desvio de recurso público. Foram desmoralizados (os denunciantes), e resolveram se ausentar dos trabalhos da CPMI. (...) Foi um trabalho produtivo, no sentido de deixar claro que não houve desvio de recurso público para fazer ocupação de terras no Brasil. O que houve foi a oposição fazendo uma carga muito grande contra o governo e o MST."

Os parlamentares sensíveis à questão social no Brasil se convenceram, graças ao trabalho da comissão, que é preciso aumentar os recursos para a agricultura familiar; garantir que a legislação trabalhista seja aplicada na zona rural; e incentivar sempre mais os plantios alternativos e os alimentos orgânicos, sobre cuja qualidade nutricional não paira a desconfiança que pesa sobre os transgênicos. E, sobretudo, intensificar a reforma agrária no país, desapropriando, como exige a Constituição, as terras improdutivas.

Dados recentes mostram que, no Brasil, se ocupam 3 milhões de ha (hectares) com a lavoura de arroz e 4,3 milhões com feijão. Segundo o geógrafo Ricardo Alvarez, se compararmos com os 851 milhões de ha que formam este colosso chamado Brasil veremos que as cifras são raquíticas. Apenas 0,85% do território nacional está ocupado com o cereal e leguminosa. Um aumento de apenas 20% na área plantada significaria passar de 7,3 para 8,7 milhões de ha, com forte impacto na alimentação do povo brasileiro.

Para Alvarez, o aumento da produção levaria à queda de preços, ruim para o produtor, bom para os consumidores. Caberia, então, ao governo implantar uma política de ampliação da produção de alimentos, garantir preços mínimos, forçar a ocupação da terra, combater o latifúndio, gerar empregos no campo e atacar a fome. Ação muito mais eficiente, graças aos 20% de acréscimo na área plantada, do que o assistencialismo alimentar.

O latifúndio ocupa, hoje, mais de 20 milhões de ha com soja. No início dos anos 90, o número beirava os 11,5 milhões. A cana-de-açúcar foi de 4,2 para 6,5 milhões de ha no mesmo período. Arroz e feijão sofreram redução da área plantada. Hoje o brasileiro consome mais massas do que a tradicional combinação de arroz e feijão, de grande valor nutritivo.

Alvarez conclui: "Não faltam terras no Brasil, faltam políticas de distribuição delas. Não faltam empregos, falta vontade de enfrentar a terra improdutiva. Não falta comida, falta direcionar a produção para atender as necessidades básicas de nossa população."

MÍDIA - Como é fácil acusar os outros....

Do blog Sr. Com


Eu adoro os Estados Unidos e Israel. Adoro tudo que eles fazem pelo mundo. Coca-cola, chiclete, rock, Mac Donald, Nike e tantas outras utilidades que sem elas não poderíamos viver.

Principalmente tudo que eles proporcionam aos iraquianos, vietnamitas, afegãos, palestinos, cubanos, libaneses, negros, índios, mexicanos etc. etc. etc.

Sempre, antes de dormir e para dormir melhor, eu faço votos profundos que Deus seja justo e retorne tudo a eles. Em dobro.

O respeito que eles têm pela qualidade de vida e de morte de milhões e milhões de seres humanos, não tem preço, mas receber o dobro do mesmo tratamento já seria razoável. Não?

Agora, com o vazamento de mais de 90 mil documentos e relatórios secretos sobre a guerra no Afeganistão que foram colocados na Internet pelo site 'Wikileaks', numa das maiores fugas de informações militares, vamos ter uma idéia mais real da verdadeira face dessa história, sem qualquer tipo de censura.

Peço sinceramente que Deus não exagere. Apenas seja justo.


Saiu no New York Times um conjunto de documentos que pode acabar com a guerra do Afeganistão.Uma espécie de Pentagon Papers dos novos tempos.

Os documentos do New York Times mostram a ligação entre o serviço de inteligência do Paquistão – grande amigo dos Estados Unidos – com o Talibã, no Afeganistão – grande inimigo dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos derramam um monte de dinheiro no Paquistão e o Paquistão detona os Estados Unidos no Afeganistão.

Assim como os Pentagon Papers ajudaram a minar a legitimidade da guerra do Vietnã, o Wikileaks pode desmoralizar a guerra do Afeganistão.
O Wikileaks é um site colaborativo, postado na internet que recebe e filtra documentos confidenciais.

E foi de lá que o New York Times extraiu os documentos. De um site cooperativo!

AFEGANISTÃO - De quem são as mãos sujas de sangue?

Do blog Tijolaço.


O almirante Mullen devia prestar mais atenção no atoleiro em que os EUA se meteram no Afeganistão do que acusar quem o revela
Acho que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, o almirante Mike Mullen, anda fazendo algum curso de declarações desastrosas com José Serra. Depois de ter a fracassada estratégia dos EUA no Afeganistão, incluindo seus crimes de guerra, divulgada através de documentos vazados pelo Wikileaks, o militar acusou o fundador do importante site, Julian Assange, de ter sangue nas mãos.

É curiosa a tese do Almirante. Então, contar que um grupo de soldados, meses ou anos atrás, saiu disparando sobre civis é sujar as mãos de sangue e massacrar os mesmos civis não é?

O Wikileaks tem se revelado uma ferramenta importante de divulgação de fatos que os Estados gostariam de manter secretos, e Assange recebeu ano passado o prêmio de mídia da Anistia Internacional. Os documentos que o Wikileaks distribuiu para os jornais revelam massacres de civis e um conflito de difícil saída para os EUA, já batizado de Vietstão, em alusão à guerra do Vietnam, da qual os EUA sairam derrotados.

Ao invés de investigar os crimes de suas tropas, que estas sim estão com as mãos repletas de sangue, o almirante Mullens ataca o editor do site que fez a denúncia, e convoca o FBI a ajudar nas investigações para descobrir o responsável pelo vazamento.

Considerado o principal suspeito, o soldado do Exército americano Bradley Manning, foi transferido do Kuwait para uma base na Virginia, onde permanecerá confinado até que o Exército decida sobre o julgamento. A velocidade e aparente eficiência do alto comando militar em encontrar culpados deveria se voltar para examinar o fracasso de sua estratégia no Afeganistão e o atoleiro em que se meteu, do qual terá muita dificuldade para sair.

ELEIÇÕES - Ibope vira oráculo.

Do blog Com texto livre.


Interessante observar que, de uma hora para outra, por causa da divulgação de resultado de uma pesquisa que se mostra favorável à candidata do PT, o Montenegro, o mesmo que declarou que o teto de Dilma seria entre 15% e 20%, e ainda, que Lula não faria seu sucessor seja agora, ele e seu “insuspeito” Instituto, saudado pelos blogs “progressistas” como uma divindidade!
Os resultados apresentados pelo Ibope hoje, apenas corroboram o que todos já tinham conhecimento, inclusive o Vox Populi, exceto o Datafolha.
Montenegro é macaco velho. Já sabia que mais cedo ou mais tarde teria que engolir o sapo. Melhor isso do que perder totalmente a credibilidade. Afinal, ele vive disso; diferentemente do Datafolha que está por trás de uma empresa jornalística, que há muito já perdeu sua credibilidade, e não mais se importa com isso. (A salvação da empresa, e respectivo instituto, está agora somente na vitória da Opus Dei paulista para continuar sobrevivendo).
Mas, retornando ao principal, o resultado dessa pesquisa Ibope não deve, de forma alguma, isentar o Instituto sobre seus recentes erros e possíveis manipulações. Possivelmente muitos estejam saudando o fato de que o Instituto finalmente tenha admitido o óbvio.
Mas será mesmo que seus números estão corretos? A diferença pró candidata da situação não seria ainda maior? Será que alguém pensa em pedir uma auditoria?
Talvez eu esteja sendo provocativo: o resultado do Ibope, aparentemente, possui similaridade com o Vox Populi.
Entretanto, e se ambos possuirem algum viés que provoque, mesmo não intencionalmente, conclusões distorcidas?
Não poderá a candidata da situação estar com um percentual bem superior ao divulgado até agora pelos Institutos? Até mesmo com grandes probabilidades de vencer em primeiro turno*?
Convém lembrar também que muitos doadores de recursos para campanhas eleitorais, costumam verificar os números de cada candidato antes de preencherem o cheque

ELEIÇÕES - Gerar, Parir e Administrar.

Do blog Sandálias do Pirata.



O site argentino Pagina 12 publicou matéria, hoje, à respeito da manifestação de Lula em porto Alegre, em comicio realizado na noite de quinta-feira.


"Não era visto como magistrado quando tentaram me derrubar".


"Há adversários dizendo que Lula não deveria meter-se na campanha, porque é Presidente e deveria manter-se como magistrado, mas quando queriam me derrubar eu não era visto assim" afirmou Lula em Porto Alegre ante 15.000 pessoas, em ato do Partido dos Trabalhadores pela campanha presidencial de Dilma Rousseff.


Assegurou que a direita tentou desestabilizar seu governo e disse tratar-se da "mesma elite" que levou o ex-Presidente Getulio Vargas a "dar-se um tiro no coração" e que também "fez renunciar João Goulart".


Lula, que goza de 80% de popularidade, reiterou que dará apoio permanente a sua correligionária Rousseff, que conta com 36% segundo sondagem da Folha de São Paulo, que aparece empatada com José Serra, do Partido Social Democrata Brasileiro.


"Disse a esta elite que não ficarei no meu gabinete lendo seus diários, que estarei nas ruas, com o povo brasileiro, que é quem vai decidir o futuro do país", declarou Lula durante seu discurso de 30 minutos no estádio Gigantinho, do Internacional.


"As mulheres sabem gerar, parir e administrar e chegou o momento de poder governar o Brasil", susutentou Lula. "Dilma tem o apoio de todas as centrais sindicais, da União Nacional dos Estudantes, e de todos os movimentos sociais, e continua construindo apoios", lembrou.


Nota do blog:


Assim é Lula. Um homem que diz o que pensa e assume a postura de cabo eleitoral. Afinal, foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e não teria cabimento deixar de participar da campanha para reeleger candidato de seu partido.


A menção a Vargas e Goulart, gaúchos, é extremamente oportuna. Tem razão ao afirmar que é a mesma elite pois, antes do PT o Brasil foi administrado pelas mesmas correntes ideológicas da direita mais nefasta do país.


Quanto a dizer que tentaram derrubá-lo, acerta novamente. Agora, no final do mandato, pode dizer com mais clareza o que pensa. Lula foi um brasileiro perseguido duramente pela direita e pela midia que a respalda. O ano de 2005 foi emblemático para Lula e o PT, pois tudo levava a crer que Lula seria derrubado com as mentiras e calúnias plantadas diariamente nos jornais e revistas comprometidas com o neoliberalismo da elite.


Em 2006, Lula foi reeleito. Seu adversário teve menos votos no segundo turno que no primeiro e pode, assim, levar àdiante o processo de inclusão social, crescimento econômico com distribuição de renda e emprego.


Agora resta a Dilma Rousseff a missão de dar continuidade.


O Brasil terá mais. Muito mais. Dilmais!

ELEIÇÕES - A campanha de Dilma e Tarso no RS.

Isolamento, tumulto e esvaziamento: a campanha de Dilma e Tarso no RS, segundo ZH.

Marco Aurélio Weissheimer.


Chega a ser comovente o esforço de jornalistas da RBS em encontrar algum viés negativo nos atos públicos e comícios das candidaturas Dilma Rousseff e Tarso Genro no Rio Grande do Sul. O comovente, neste caso, para ser mais exato, anda de mãos dadas com o ridículo. No dia 6 de julho, o ato que deu início à campanha das duas candidaturas no Estado foi destacado com a palavra “tumulto”. Dilma e Tarso juntaram muita gente e acabaram provocando um “tumulto” no centro de Porto Alegre.

Agora, o “tumulto” deu lugar ao “esvaziamento”. O comovente dá lugar ao ridículo que, por sua vez, cede lugar ao surreal. Se há algo que não pode ser destacado como “esvaziado” é o comício realizado ontem no Gigantinho. Pois a Zero Hora, desde ontem à noite, conseguiu dar destaque a um “Gigantinho esvaziado”. Essa era a expressão que destacava a manchete de ZH sobre a fala de Lula no Gigantinho. O presidente demorou tanto a falar que metade do público foi embora, dizia o jornal, em sua página na internet.

Nesta sexta, a colunista política de ZH, Rosane de Oliveira, foi mais específica e disse que o “esvaziamento” ocorreu justamente no momento em que Lula disse que Tarso Genro é seu candidato no RS. “Metade do público já havia ido embora”, escreveu. Ufa!

Antes de iniciar a campanha, a palavra que definia a campanha de Tarso no Estado, segundo ZH, era isolamento. Pois o isolamento virou tumulto que, felizmente, acabou esvaziado no final da noite de ontem. É notável, mas não surpreendente, que a principal analista política do jornal do grupo RBS tenha dificuldade em reconhecer e afirmar (numa frase que seja) o que os próprios adversários de Lula, Dilma e Tarso no Estado já admitem: que as suas campanhas aqui no Estado saíram na frente na mobilização da militância. Mas aí, é claro, já é pedir demais para um jornalismo imparcial.

ELEIÇÕES - Como eleger um parlamento.

Por Mauro Santayana

As eleições presidenciais costumam concentrar a atenção geral dos cidadãos, enquanto se relega a um segundo plano a escolha dos membros dos parlamentos, tanto os estaduais quanto o federal. Os partidos, sem programas e geralmente sem ideias, são negligentes na composição de suas chapas de candidatos ao Poder Legislativo. Essa incúria é seguida por grande parte do eleitorado, que atua com quase leviandade ao votar em muitos candidatos ao Parlamento. Felizmente, se for levada a sério, a Lei da Ficha Limpa – iniciativa da CNBB e da OAB, e apoiada, com decisão, por quase 2 milhões de eleitores – virá escoimar, talvez não neste pleito, mas nas eleições futuras, as casas legislativas de notórios escroques, estelionatários, criminosos vulgares. Eles se escudam no mandato parlamentar, a fim de escapar da justiça, uns, e para vender seu “prestígio” e seus votos, outros.

Não se trata apenas de escolher pelo método negativo, ou, seja, evitar que bandidos participem da elaboração das leis que, em princípio, os deviam punir. É necessário que se elejam parlamentares com capacidade de discernir entre o que é bom para toda a comunidade e o que atende apenas a interesses corporativos e ao poder econômico. Hoje, os cidadãos contam com um novo e amplo meio de informação, que é a internet. Embora nela reine mais a anarquia do que a coerência, e o veículo se preste também à divulgação de reles calúnias e informações falsas além de ameaças, veladas ou claras, o resultado pode ser benéfico. Muitos serão injustamente prejudicados, ao serem acusados de desvios que não seguiram, de atos que não cometeram, de discursos que não fizeram. São danos irreparáveis aos injustiçados, mas, da mesma forma, é provável que se feche o passo a alguns indesejáveis. Os homens de bem que buscam a carreira política sabem que correm os riscos da infâmia e da calúnia, ainda de difícil reparação pelo anonimato em que se escondem muitos dos internautas mal intencionados. De qualquer forma, hoje os eleitores se encontram muito mais bem informados do que nas eleições anteriores.

Com todos esses riscos, os cidadãos devem organizar grupos suprapartidários, a fim de discutirem os nomes postos. É preciso levantar o máximo de informações sobre os postulantes às assembleias estaduais e à Câmara dos Deputados, tendo em vista a sua experiência humana e sua disposição para o trabalho em favor da comunidade. Esses são argumentos acacianos, como poderão apontar muitos dos leitores, mas sem o retorno a essas obviedades, e à ação militante dos cidadãos, estaremos condenados a continuar convivendo com a perniciosa mediocridade das casas parlamentares.

A reforma do sistema eleitoral se impõe como o grande desafio da democracia brasileira. Mas é preciso também cuidar da divisão clara dos poderes republicanos. Enquanto os membros do Legislativo puderem ocupar – como ocupam em nosso sistema presidencialista – cargos no Poder Executivo, conservando o seu mandato parlamentar, a promiscuidade entre as duas áreas do Estado manterá indestrutíveis a corrupção e a deformação do sistema republicano. Quem quiser participar do governo, que renuncie, antes, ao mandato no Parlamento. Quem, no Poder Executivo, pretender disputar eleições – a não ser nos casos de reeleição, esse absurdo imposto por Fernando Henrique – que se licencie, sem vencimentos e sem eventuais vantagens, ao cargo que ocupe, a partir do registro de sua candidatura. Os eleitos para o Poder Legislativo só podem legislar e devem cumprir, ali, o seu mandato, até o fim.

POLÍTICA - PF tentou invadir apartamento do Protógenes.

Protógenes Queiroz: “PF tentou invadir meu apartamento”

Claudio Leal, na Terra Magazine

O delegado federal Protógenes Queiroz, responsável pela Operação Satiagraha, relata que a Polícia Federal tentou entrar em seu apartamento, no Guarujá (SP), para realizar uma intimação, na manhã desta quinta-feira (29). “Tentaram invadir, mas não estou lá. Eles não acreditaram no porteiro. Teve um barraco. Eu me encontro em Lavras, Minas Gerais, e recebi um telefonema do porteiro, que resistiu à tentativa de invasão”, diz Protógenes.

Segundo o delegado, a intimação está relacionada a uma acusação da PF de que ele teria incitado a invasão das terras do banqueiro Daniel Dantas pelo MST (Movimento dos Sem Terra). “Fiz uma palestra na Associação dos Professores, na Praça da República, e me perguntaram sobre as concessões do subsolo brasileiro. Eu falei que estavam sendo negociadas no mercado paralelo e era dever do povo reagir, porque foram negociadas de forma clandestina”. Dois dias depois, em fevereiro de 2010, houve a ocupação da fazenda Maria Bonita, de Dantas, em Eldorado dos Carajás.

Queiroz afirma que já são 23 processos instaurados contra ele desde a eclosão da Satiagraha, em 2008. “Em 8 de julho, aniversário da operação, abriram mais três processos que favorecem Dantas. Um dos seis abertos recentemente diz que eu usei ‘palavras duvidosas’ no inquérito. Ora, se foram duvidosas, por que o banqueiro foi condenado?”, quesitona. “Há dois anos eles não param de abrir processos”. Filiado ao PCdoB, Protógenes Queiroz é candidato a deputado federal nas eleições 2010, em São Paulo. Nesta quinta, ao lado do secretário paulista de Relações Institucionais, Almino Affonso, ele participa de um seminário da Associação de Jornalistas de Minas Gerais.

ELEIÇÕES - Serra está sendo cristianizado?

Do blog do Miro.


Por Altamiro Borges

Em 1950, Christiano Machado, candidato do PSD ao governo de Minas Gerais, simplesmente foi rifado pelo seu partido em plena campanha eleitoral e sofreu uma fragorosa derrota. Daí surgiu o termo “cristianizado”. Agora, no pleito de 2010, parece que o tucano José Serra corre o mesmo risco. Há fortes indícios de que ele está sendo traído por vários candidatos que temem perder votos se aparecerem como oposiçao ao presidente Lula, que goza de recordes de popularidade.

Os casos de traição explícita seriam trágicos, se não fossem cômicos. O tucano Tasso Jerreisatti, que teme por sua reeleição no Ceará, simplesmente não colocou a foto do presidenciável no seu comitê. Já Yeda Crusius, que está mais suja do que pau de galinheiro, preferiu não citar o nome de José Serra no lançamento da sua campanha à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul. “Foi um lapso”, justificou. Outro traíra é o senador Agripino Maia, do Rio Grande do Norte, que não se cansa de elogiar Lula, que tanto combateu, e nem cita o ex-governador paulista nos palanques.

Levantamento do Correio Braziliense

O Correio Braziliense fez nesta semana um levantamento detalhado sobre os casos de trairagem. A reportagem confirma que em doze estados pesquisados, o nome e a foto de José Serra não têm qualquer destaque nos santinhos, faixas e baners dos candidatos aos governos estaduais do PSDB e DEM. Em Alagoas, segundo o jornal, o tucano Teotônio Vilela, que tenta à reeleição, esforça-se para mostrar intimidade com o presidente Lula e sua candidata, Dilma Rousseff. No Espírito Santo, todas as imagens de campanha do tucano Luiz Paulo reforçam apenas sua candidatura. O jingle, inclusive, abusa do nome Luiz. “Esse é o homem. Esse sabe fazer. Luiz, Luiz, Luiz”.

José Serra está sendo cristianizado até em palanques mais fortes da oposição de direita, como no Paraná. A campanha de Beto Richa (PSDB-PR) estampou no sítio na internet apenas material do candidato ao governo. Segundo a sua assessoria, o material casado “está sendo providenciado.” Em São Paulo, Serra aparece ao lado de Geraldo Alckmin apenas na imagem do comitê central de campanha, no Edifício Joelma. Na internet, a sua candidatura ocupa um cantinho da página. O sítio privilegia apenas as imagens de Alckmin e do seu vice.

Guinada para a extrema-direita

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, a situação ainda é mais dramática. A vingança de Aécio Neves, humilhado pelo grão-tucano paulista, é maligna. O quartel-general do seu candidato ao governo estadual, Antônio Anastasia, não tem nenhuma foto ou folheto de José Serra. O nome do presidenciável só aparece, bem minúsculo, num santinho de Itamar Franco, candidato ao Senado. O mesmo ocorre na Bahia e Ceará, dois importantes colégios do Nordeste, onde Lula tem elevado prestígio, e no Acre e Pará. Todos os “amiguinhos” rifaram o tucano.

Talvez essa trairagem explique o péssimo humor de José Serra nas últimas semanas. O notívago está com as olheiras mais fundas. A sua cristianização pode representar o fim das suas ambições. Derrotado na disputa sucessória, ele ficará sem mandato. Ele terá dificuldade até para ser vigia noturno do Palácio dos Bandeirantes, caso Geraldo Alckmin, que já foi traído por Serra no pleito para a prefeitura da capital paulista, vença a disputa para o governo do estado. “Cristianizado”, o tucano tende a ficar cada vez mais feroz, reforçando a sua guinada à extrema-direita.

AFEGANISTÃO - Imprensa, TV e internet fazem EUA desabar no afeganistão.

Pedro do Coutto

A exemplo do que ocorreu com a guerra do Vietnã, em 75, os jornais, as emissoras de televisão e, agora, a internet, juntos, poderão contribuir para um recuo das forças americanas e da OTAN no Afeganistão, tantos e tão realistas são os documentos secretos que no final da semana o australiano Jules Assange tornou públicos ao mundo.

A dimensão da iniciativa e o risco jornalístico de enveredar por um caminho militar ligado à segurança de estados e de pessoas foram tão grandes que, antes de fazer explodir a comunicação eletrônica, o diretor da ONG Wikileaks antecipou o conteúdo do site ao New York Times, ao inglês The Guardian e à revista alemã Der Spiegel.

A CNN, no inicio da década de 70, precipitou a retirada dos Estados Unidos do Sudeste Asiático a partir do momento em que colocou no ar militares americanos detonando a cabeça de prisioneiros ou então lançando-os, sem paraquedas, de aviões e helicópteros.

Lembro bem que a atriz Jane Fonda valeu-se da reportagem controlada pelo então seu marido, Ted Turner, para liderar uma imensa passeata em Washington, em torno da Casa Branca, pelo fim imediato da guerra que fora iniciada em 62 pelo presidente Kennedy, atravessou o mandato de Lyndon Johnson, o primeiro de Richard Nixon, também o segundo, e só acabou em 75 na administração Gerald Ford que assumiu depois do escândalo de Watergate.

A sociedade norteamericana ficou perplexa com o que a imprensa e televisão destacavam. A frase a liberdade não é de graça, usada por Truman na guerra da Coréia, perdeu o sentido com o segundo fracasso na Ásia. Mas eis que, na sequência do tempo, vieram a absurda invasão do Iraque, desencadeada por George Walker Bush, e até o momento mantida pelo presidente Barack Obama, apesar de compromisso de terminá-la a curto prazo assumido na campanha eleitoral.

Provavelmente o complexo industrial militar – denunciado em livro pelo general Eisenhower, que presidiu os EUA do início de 53 ao começo de 61, pois foi eleito em 52 e reeleito em 56 – entrou em ação e somou o Afeganistão ao Iraque, adicionando Bagdad a Cabul. No Iraque, uma série de torturas praticadas, morte de milhares de iraquianos, luta de guerrilha e sobotagens, mais de 3 mil americanos mortos. No Afeganistão, a lista de mortos aumenta a cada dia e, de acordo dom o site de Julien Assage, fatos nebulosos vinculando setores das forças invasoras com o Taleban de Bin Laden.

Os diamantes são eternos, escreveu Ian Fleming, criador de James Bond. A cada dia mais se comprova a teoria na prática. A indústria de armas está por atrás, pela frente, pelos lados dos conflitos. Um mercado que proporciona lucros à base da vida e da integridade de centenas de milhares de pessoas. Ritual macabro esse que parte do princípio da defesa da liberdade e termina com o aprisionamento e a ocultação dele próprio.

As excelentes matérias de Gustavo Chacra, Andréa Murta e Fernando Ainchenberg, publicadas respectivamente nas edições de 27 de julho de O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e de O Globo, focalizaram nitidamente o panorama extremamente crítico que a divulgação dos quase 100 mil documentos secretos causou.

Por intervenção do New York Times, dezenas de nomes de pessoas não vieram à tona, pelo menos por enquanto, para não colocar em risco suas vidas. O impacto mundial está sendo de tal ordem – acentuam os jornalistas – que em seu conjunto essa página singular da história de hoje pode vir a terminar a guerra do Afeganistão amanhã.

ELEIÇÕES - Dilma próxima de vencer no primeiro turno.

Balaio do Kotscho

Ibope desempata pró Dilma: como fica o Datafolha?

O Ibope anunciado agora há pouco, no Jornal Nacional desta sexta-feira, desempatou o jogo das pesquisas eleitorais: em relação à pesquisa anterior, que deu empate em 36 pontos, Dilma subiu três e foi para 39, abrindo cinco pontos de dianteira sobre José Serra, que caiu dois, e agora tem 34. Abriu a “boca do jacaré”, com dizem os especialistas, fora da margem de erro.

O resultado do Ibope ficou bem mais próximo do Vox Populi, que apontou oito pontos de vantagem para Dilma (41 a 33), do que do Datafolha, o único a registrar empate técnico, com José Serra numericamente um ponto à frente (37 a 36), nas pesquisas divulgadas no último fim de semana.

Não sou especialista em pesquisas _ aliás, como vocês sabem, em coisa alguma _, mas são números tão divergentes estes apresentados pelos três maiores institutos do país que, neste momento, o Datafolha fica mal na fita. Talvez seja o caso de repensar a sua metodologia, baseada em entrevistas nas ruas nos pontos de grande fluxo de pessoas (os outros ouvem os eleitores em suas casas). Com a palavra, os responsáveis pelo instituto.

A apenas dois meses das eleições e a duas semanas do início do horário político na televisão, sem qualquer fato político relevante nas últimas semanas que possa justificar mudanças bruscas na intenção de voto do eleitor, é no mínimo estranho o cenário visto a partir das últimas pesquisas presidenciais.

Nas campanhas dos principais Estados, há mais convergências entre os resultados até aqui divulgados pelos três institutos. Com exceção de São Paulo, onde Geraldo Alckmin caminha para uma tranquila eleição no primeiro turno, são os candidatos da aliança governista PT-PMDB-PSB que aparecem à frente: Sergio Cabral, no Rio; Hélio Costa, em Minas; Tarso Genro, no Rio Grande do Sul (sem o PMDB); Eduardo Campos, em Pernambuco; Jacques Wagner, na Bahia, e Ciro Gomes, no Ceará.

O fato de contar com o apoio de candidatos que lideram a disputa nestes grandes colégios eleitorais pode ser uma das explicações para o crescimento de Dilma e a queda de Serra no Vox Populi e no Ibope.

A outra é que cada vez mais eleitores identificam Dilma como a candidata de Lula, o presidente que mantém seu índice de popularidade em torno de 77%, como o Ibope reiterou nesta última pesquisa (apenas 4% consideram seu governo ruim ou péssimo).

É jogo jogado. Agora, resta esperar pelo início dos programas de Serra e Dilma no rádio e na TV para que surjam novidades nas pesquisas, já que Marina Silva, a candidata verde da terceira via, continua cada vez mais longe dos ponteiros (apenas 7% nesta última pesquisa do Ibope). Os nanicos não pontuaram.

Desta forma, a grande pergunta que podemos fazer neste momento é se teremos ou não segundo turno. Que resposta dariam os leitores do Balaio?

quarta-feira, 28 de julho de 2010

MEIO AMBIENTE - Água como mercadoria.

Frei Betto


O capitalismo mercantiliza os bens da natureza, os frutos do trabalho humano, todos os aspectos de nossa vida. Aprendemos na escola: 71% de nosso corpo são água, a mesma proporção existente em nosso planeta.

Bebemos litros de água no decorrer do dia. Do velho e bom filtro? Não. Em geral, de garrafas pet vendidas em supermercados. Quem garante que a água engarrafada é mais potável que a filtrada em casa? A propaganda; ela faz nossa cabeça e direciona nossos hábitos.

De olho no faturamento, empresas transnacionais procuram incutir na opinião pública a ideia da água como mercadoria de grande valor econômico, capaz de tornar-se uma fonte de renda para um país como o Brasil. Retira-se da água sua dimensão de direito humano, seu caráter vital, sua dimensão sagrada. Quem se opõe a esta ideologia é rotulado como "contrário ao progresso". Porém, é na defesa da água como direito e bem comum que reside a possibilidade de salvarmos o planeta Terra - "Planeta-Água" - da desolação, e assegurarmos a vida das gerações futuras.

O raciocínio da mercantilização da água é simples: tendo que pagar, a sua utilização será mais racional e cuidadosa. Ora, isso não implica incluir a água na categoria de mercadoria regida pelas leis do mercado.

Este argumento tem sua parte de verdade - cuida-se melhor daquilo que é mais caro. As consequências, porém, podem ser graves se a água for regida pela lei da oferta e da procura. A cobrança pelo uso da água pode ser um mecanismo de gerenciamento desde que se estabeleçam preços diferenciados conforme a concessão de uso. Uma fábrica de cerveja retira do poço artesiano toda água que necessita, sem pagar nada por ela. Depois descarrega parte dessa água, agora poluída por detergentes e dejetos, no rio mais próximo. O lucro com a venda da cerveja é todo dela; a perda no lençol subterrâneo e a poluição do rio são da comunidade local.

Uma boa gestão cobraria preço baixo pela água usada como insumo e alto sobre o esgoto industrial, de modo a obrigar a indústria a filtrar dejetos antes de lançá-los de volta ao rio. Também é preciso estabelecer preços diferenciados conforme o uso da água (consumo humano, esgoto, energia elétrica, produção industrial, agricultura irrigada, lazer etc).

Nas zonas urbanas já pagamos pelos serviços de captação, tratamento e distribuição da água, não pela água em si. A novidade é que, além dos serviços, deveremos pagar também pelo metro cúbico de água utilizada. Se este preço adicional vier a excluir alguém do acesso à água, tal medida será eticamente inaceitável.

O princípio que obriga a quem usa, pagar, não pode ser aceito ao contrário: "quem não paga, não usa." Não sendo a água uma mercadoria, mas bem de domínio público, o princípio só se aplica como norma reguladora de uso, seja quantitativa (quem usa mais água, paga mais), seja qualitativamente (quem usa para fins lucrativos paga mais do que quem usa para consumo pessoal). Se assim não for, a água deixará de ser direito de todos os seres vivos, criando-se um impasse ético e uma tragédia: a dos excluídos da água.

CUBA - Fidel lança livro sobre batalha da Revolução Cubana.

O líder da revolução cubana, Fidel Castro, anunciou nesta terça-feira que será publicado no início de agosto seu novo livro, que conta a "vitória estratégica", em 1958, de seu grupo revolucionário contra as tropas do ditador Fulgencio Batista e antecipou também que prepara uma segunda parte da obra.
"La Victoria Estratégica" é o título do livro de Fidel Castro, segundo ele mesmo indica em artigo publicado nesta terça no site oficial "Cubadebate", no qual explica que o trabalho inclui também uma pequena autobiografia. Leia abaixo o artigo:

A vitória estratégica
Por Fidel Castro

Em poucos dias será publicado o livro no qual, sob o título "A vitória estratégica", narro a batalha que livrou do extermínio o pequeno Exército Rebelde. Começo com uma introdução na qual explico minhas dúvidas sobre o título que lhe colocaria "... não sabia se chamá-la 'A última ofensiva de Batista' ou 'Como 300 derrotaram 10 mil′", que pareceria um conto de ficção científica.

Inclui uma pequena autobiografia: "Não desejava esperar que publicassem um dia as respostas a incontáveis perguntas que me fizeram sobre a infância, a adolescência e a juventude, etapas que me converteram em revolucionário e combatente armado".

O título que finalmente decidi foi "A vitória estratégica". Está dividido em 25 capítulos, contém abundantes fotografias com a qualidade possível naquelas circunstâncias e os mapas pertinentes. Finalmente, apresentam-se esquemas gráficos sobre os tipos de armas que utilizaram ambos os combatentes.

Nas páginas finais do capítulo 24 da narração, fiz afirmações que foram premonitórias. No último parte que escrevi para ser lida na Rádio Rebelde em sete de agosto, no dia seguinte à conclusão da batalha final de Las Mercedes, expressei:

"A ofensiva foi liquidada. O maior esforço militar que se realizou em nossa história republicana terminou no mais espantoso desastre que pôde imaginar o soberbo ditador, cujas tropas, em plena fuga, depois de dois meses e meio de derrota em derrota, estão assinalando os dias finais de seu regime odioso. A Serra Maestra já está totalmente livre de forças inimigas".

No livro sobre "A vitória estratégica" se explica textualmente:

"A derrota da ofensiva inimiga, depois de 74 dias de incessante combate, significou a guinada estratégica da guerra. A partir desse momento a sorte da tirania ficou definitivamente jogada, na medida em que se fazia evidente a iminência de seu colapso militar".

"Nesse mesmo dia, redigi uma carta endereçada ao major general Eulogio Cantillo, que dirigiu toda a campanha inimiga do posto de comando da zona de operações, instalado em Bayamo. Confirmei a Cantillo que se encontravam em poder de nossas forças aproximadamente 160 soldados prisioneiros, entre eles muitos feridos, e que estávamos em disposição de estabelecer de imediato as negociações pertinentes para sua entrega. Após complicadas gestões, esta segunda entrega de prisioneiros se efetuou vários dias depois em Las Mercedes.

"Durante esses 74 dias de intensos combates para o rechaço e a derrota da grande ofensiva inimiga, nossas forças sofreram 31 baixas mortais. As notícias tristes jamais desalentaram o espírito de nossas forças, apesar de que a vitória teve um sabor amargo muitas vezes. Ainda assim, a perda de combatentes pôde ser muito superior, levando em conta a intensidade, duração e violência das ações terrestres e dos ataques aéreos, se não o foram foi devido à extraordinária perícia atingida por nossos guerrilheiros na agreste natureza da Serra Maestra e à solidariedade dos rebeldes. Muitas vezes, feridos graves salvaram sua vida, em primeiro lugar, porque seus companheiros fizeram o impossível por transladá-los aonde os médicos pudessem assisti-los, e tudo isso apesar do abrupto do terreno e do som das balas em meio aos combates".

"Ao longo destas páginas fui mencionando os nomes dos tombados, mas quero relacioná-los de novo a todos aqui para oferecer duma só vez o quadro completo de nossos mártires, merecedores de uma recordação eterna de respeito e admiração de todo nosso povo". Eles são:

"Comandantes: Andrés Cuevas, Ramón Paz e René Ramos Latour, Daniel".

"Capitães: Ángel Verdecia e Geonel Rodríguez".

"Tenentes: Teodoro Banderas, Fernando Chávez, o Artista, e Godofredo Verdecia".

"Combatentes: Misaíl Machado, Fernando Martínez, Albio Martínez, Wilfredo Lara, Gustavo; Wilfredo González, Pascualito; Juan de Dios Zamora, Carlos López Mas, Eugenio Cedeño, Victuro Acosta, o Bayamés; Francisco Luna, Roberto Corría, Luis Enrique Carracedo, Elinor Teruel, Juan Vázquez, Chan Cuba; Giraldo Aponte, o Marinheiro; Federico Hadfeg, Felipe Cordumy, Lorenzo Véliz, Gaudencio Santiesteban, Nicolás Ul, Luciano Tamayo, Ángel Silva Socarrás e José Díaz, o Galeguinho".

"Colaboradores camponeses: Lucas Castillo, outros membros de sua família, e Ibrahim Escalona Torres".

"Honra e glória eterna, respeito infinito e carinho para os que tombaram nessa época".

"O inimigo sofreu mais de mil baixas, delas mais de 300 mortos e 443 prisioneiros, e não menos de cinco grandes unidades completas de suas forças foram aniquiladas, capturadas ou desarticuladas. Ficaram em nosso poder 507 armas, incluídos dois tanques, dez morteiros, várias bazucas e doze metralhadoras calibre 30".

"A tudo isso, teria que acrescentar o efeito moral deste desenlace e sua importância na marcha da guerra: a partir desse momento, a iniciativa estratégica ficava definitivamente nas mãos do Exército Rebelde, dono absoluto, também, dum extenso território ao qual o inimigo não tentaria sequer penetrar de novo. A Serra Maestra, efetivamente, ficava libertada para sempre".

"A vitória sobre a grande ofensiva inimiga do verão de 1958 marcou a viragem irreversível da guerra. O Exército Rebelde, triunfante e extraordinariamente fortalecido pela quantidade de armas conquistadas, ficou em condições de iniciar sua ofensiva estratégica final".

"Com estes acontecimentos começou uma nova e última etapa na guerra de libertação, caracterizada pela invasão ao centro do país, a criação do Quarto Front Oriental e do Front de Camagüey. A luta se estendeu em todo o país. A grande ofensiva final do Exército Rebelde levou, com a fulminante campanha de Oriente e de Las Villas, à derrota definitiva do Exército da tirania e, conseqüentemente, ao colapso militar do regime de Batista e à tomada do poder pela Revolução triunfante".

"Na contra-ofensiva vitoriosa de dezembro desse ano, decidiu-se o triunfo com aproximadamente 3 mil homens equipados com armas arrebatadas ao inimigo".

"As colunas do Che e de Camilo, avançando pelas planícies do Cauto e de Camagüey, chegaram ao centro do país. A antiga Coluna 1 treinou novamente mais de mil recrutas na escola de Minas del Frío, e com chefes que surgiam de suas próprias fileiras, tomaram os povos e as cidades na estrada central entre Bayamo e Palma Soriano. Novas tanquetas T-37 foram destruídas, os tanques pesados e a aviação de combate não puderam impedir a tomada de cidades centenas de vezes maiores que o povoado de Las Mercedes".

"Em seu avanço, à Coluna 1 aderiram as forças do Segundo Front Oriental Frank País. Assim conquistamos a cidade de Palma Soriano em 27 de dezembro de 1958".

"Exatamente em 1º de janeiro de 1959 — a data assinalada em carta a Juan Almeida antes de iniciar-se a última ofensiva da ditadura contra a Serra Maestra —, a greve geral revolucionária, decretada através da Rádio Rebelde desde Palma Soriano, paralisou o país. O Che e Camilo receberam ordens de avançar pela estrada central rumo a capital, e não houve forças que fizeram resistência".

"Cantillo, em reunião comigo, com Raúl e Almeida reconheceu que a ditadura tinha perdido a guerra, mas pouco depois na capital realizou manobras golpistas, contrarrevolucionárias e pró-imperialistas e descumpriu as condições pactuadas para um armistício. Apesar disso, em três dias estavam a nossa disposição as 100 mil armas e os navios e aviões que pouco antes tinham apoiado e permitido a fugida do último batalhão que penetrou na Serra Maestra".

Uma incansável equipe do pessoal do Gabinete de Assuntos Históricos do Conselho de Estado, designers do grupo Creativo de Casa 4, sob a direção de professores assistentes; com a cooperação do cartógrafo Otto Hernández, o general-de-brigada Amels Escalante, o desenhista Jorge Oliver, o jovem designer Geordanis González, sob a direção de Katiuska Blanco, jornalista e escritora brilhante e incansável, são os atores principais desta proeza.

Pensava que este livro tardaria meses em ser publicado. Agora sei que no início do mês de agosto estará já na rua. Eu, que trabalhei meses no tema depois de minha grave doença, agora estou animado para continuar escrevendo a segunda parte desta história que se denominaria, se a equipe não sugere outro nome, "A contra-ofensiva estratégica final".

Fidel Castro

MÍDIA - Revista Veja segue baixaria de vice de Serra.

Do site O Vermelho.


O PT e a coligação Para o Brasil Seguir Mudando, encabeçada pelo partido, entraram com pedido de direito de resposta nesta quinta-feira (27) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a revista Veja, da Editora Abril. A ação contesta a reportagem “Indio Acertou o Alvo”, veiculada na edição desta semana.
A matéria repercute as declarações levianas do candidato tucano à vice-presidente pela coligação liderada pelo PSDB, Indio da Costa (DEM-RJ), que associou o PT às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ao narcotráfico. “O episódio foi uma afobação de iniciante, mas o vice de José Serra está correto em se espantar com a ligação de membros do PT com as Farc e seus narcoterroristas”, diz a reportagem.

Segundo o advogado do PT, Márcio Silva, a revista “requentou” a questão das Farc. “Compraram o palavrório de Indio, tomando como suas algumas palavras dele. Quando se fala jornalisticamente sobre o episódio, tudo bem, mas quando, editorialmente, tomam a posição dele para si, achamos por bem pedir direito de resposta”, afirmou Silva.

A legenda mandou como possível resposta a ser publicada um texto que ocuparia uma página, com foto, mencionando o combate ao narcotráfico no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e citando a prisão do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, em agosto de 2007.

A reportagem que, segundo o advogado do PT, foi “requentada” é a de título “Tentáculos das Farc no Brasil”, publicada no dia 16 de março de 2005 pela Veja. No início da semana passada, o PT chegou a conseguir o direito de resposta de dez dias contra o site Mobiliza PSDB por ter veiculado as declarações de Indio da Costa, mas a decisão foi suspensa até o fim do recesso do tribunal, em agosto.

Da Redação, com informações da Agência Brasil

terça-feira, 27 de julho de 2010

ELEIÇÕES - Na pesquisa espontânea, Vox Populi e Datafolha concordam.

Pedro do Coutto

Nas pesquisas estimuladas, sobre a sucessão presidencial, Vox Populi e Datafolha divergem totalmente, já que seus resultados são diametralmente opostos. Porém nos levantamentos considerando as respostas espontâneas, o que poucos perceberam, elas convergem quase totalmente. Vamos por etapas. Na noite de sexta-feira, através do Jornal da Band, matéria no sábado reproduzida pelo O Globo, o Vox Populi apontou 41 pontos para Dilma Rousseff contra 33 de José Serra e 8% para Marina Silva. No dia seguinte, sábado, a Folha de São Paulo manchetou edição com pesquisa do Datafolha apresentando um quadro diametralmente oposto. Serra com 37, Dilma 36 e Marina obtendo 10 pontos.

Como se vê, desacordo completo. Sobretudo porque, em relação às suas pesquisas anteriores, feitas há um mês, o Vox Populi assinalou um avanço de 1 ponto para Dilma e um recuo de 2 para Serra. Marina Silva no mesmo patamar. Portanto, um movimento ascendente da ex-chefe da Casa Civil e um movimento descendente de Serra. Para o Datafolha, o contrário: o recuo de 1 ponto para Rousseff e uma descida de 2 degraus para Serra. No final da sua conta, o ex-governador de São Paulo um ponto na frente. O Vox Populi – repito – registrou Dilma 8 pontos de vantagem. Qual a empresa estará certa?

A meu ver o Vox Populi e explico por quê. O Datafolha deve involuntariamente ter computado algum índice estadual errado. Mais provavelmente no Rio de Janeiro. Deu Dilma na frente 37 a31. É pouco. Tanto pelo clima sensível na cidade, quanto pela vantagem de Sergio Cabral, que está com Dilma, sobre Gabeira que apóia Serra e também Marina, perspectiva dupla impossível. Cabral tem 53, Gabeira apenas 18. O reflexo para Rousseff deveria ser maior.

Mas esta é uma suposição minha. Entretanto surge uma conmstatação. Comparando-se as pesquisas espontâneas, vamos descobrir a convergência. Pesquisa estimulada – vale acentuar – é aquela na qual os entrevistadores apresentam aos eleitores os nomes dos candidatos. Pesquisa espontânea é a que as pessoas respondem livremente sem olharem a lista. Vamos lá. Na espontânea do Datafolha, ao contrário de na estimulada, Dilma aparece em primeiro com 21 pontos, seguida de Serra com 16 e Marina com 4% das intenções de voto. Na espontânea do Vox Populi, surge Dilma com 28, Serra 21 e Marina registrando 4 pontos. Além dessa concordância, no plano espontâneo, tanto o Datafolha quanto o Vox Populi acentuam simultaneamente uma subida de Rousseff em relação aos levantamentos do início de junho e uma descida de Serra.

Observa-se, então, que a estimulada do Vox Populi coincide com a sua espontânea quanto a colocação dos candidatos e as diferenças entre si. Ao passo que em relação aos resultados do Datafolha, na mesma comparação, a empresa da FSP diverge de si mesma. É sabido, largamente reconhecido, que os números das pesquisas estimuladas são maiores do que as assinaladas pelas espontâneas. Isso é natural. Mas o que, no caso, surpreende é o fato de, para o Datafolha, Serra liderar na estimulada e perder na espontânea. Fenômeno inédito em matéria de pesquisas eleitorais. Daí porque acredito que os números do VP estão mais certos que os do Datafolha. Acompanhando levantamentos eleitorais há mais de 50 anos, pela primeira vez sou testemunha de tal contradição.

Não dá para entender.

domingo, 25 de julho de 2010

MÍDIA - O fim de uma era de infâmia.

Enviado por luisnassif, dom, 25/07/2010 - 11:59

Diogo Mainardi está saindo do país. Na sua crônica, brinca com o medo de ser preso. É medo real. Condenado a três meses de prisão pelas calúnias contra Paulo Henrique Amorim, perdeu a condição de réu primário. Há uma lista de ações contra ele. As cíveis, a Abril paga - como parte do trato. As criminais são intransferíveis. E há muitas pelo caminho.

Há meses e meses meus advogados tentam citá-lo, em vão. Foge para todo lado. A intimação foi entregue na portaria do seu prédio, mas os advogados da Abril querem impugnar, alegando que não foi entregue em mãos. Tudo isso na era da Internet, quando todo mundo sabe que ele está sendo procurado para ser intimado.

A outra ação, contra Reinaldo Azevedo, esbarra em manobras protelatórias dos advogados da Abril. A ação prosperou porque colocada no Fórum da Freguesia do Ó - região da sede da Abril. Os advogados da Abril insistem em transferi-la para a Vara de Pinheiros.

Minha ação de Direito de Resposta contra a Veja vaga há quase dois anos, devido à ação da juíza de Pinheiros. Primeiro, considerou a inicial inepta. Atrasou por mais de ano a ação. Em Segunda Instância, por unanimidade o Tribunal considerou a ação válida e devolveu para a juíza julgar. Ela se recusou, alegando que a revogação da Lei de Imprensa a impedia - o direito de resposta está inscrito na Constituição Federal.

No caso da ação Mainardi-Paulo Henrique Amorim, ela absolveu Mainardi, alegando que as ofensas não passavam de mero estilo de linguagem que não deveriam ser levadas a sério. O disparate da sentença foi revelado pelo próprio TJ-SP ao considerar que o autor merecia uma condenação de três meses de prisão.

O problema não é Mainardi. É apenas uma figura menor que, em uma ação orquestrada, ganhou visibilidade nacional para poder efetuar os ataques encomendados por Roberto Civita e José Serra.

Quando passar o fragor da batalha, ainda será contado o que foram esses anos de infâmia no jornalismo brasileiro.

POLÍTICA - O voto e o povo, versão 2010.

Do site da Tribuna da Imprensa.

Pedro do Coutto

Pesquisa do Datafolha sobre as intenções de voto no Ceará – focalizada em matéria de Isabela Martin, O Globo de 22 de julho – vem reforçar a tese de que, em eleições majoritárias, o eleitorado vota muito mais no candidato do que no partido ou num programa definido de governo. É natural. Basta assinalar que 20% dos 135 milhões de eleitores que o país possui jamais freqüentaram qualquer escola. Assim são praticamente analfabetos. Se somarmos a estes os semianalfabetos, creio que vamos encontrar uma faixa de 50%. Muito alta.

Não se pode exigir de tão expressiva fração entendimento quanto a idéias ou propostas administrativas e econômicas. Não se pode. Trata-se de um contingente que responde por impulsos e simpatias não explicadas, mas que nem por isso deixam de constituir uma síntese de um tipo de comportamento. Rumam às urnas na base da emoção. Entretanto identificam bem as personalidades ideologicamente contraditórias. Mas isso nada tem quanto à validade e legitimidade de seus votos.

Falava no Ceará e no Datafolha. Pois é. Pesquisa concluída poucos dias atrás apontou 41 pontos para Dilma Roussef, 28 para José Serra, 8 para Marina Silva. Para o governo do estado, Cid Gomes lidera disparado com 47%. Descontados os votos brancos e nulos, se o pleito fosse hoje, venceria no primeiro turno. Até aí nada demais, já que CID apoia Dilma. No entanto, para o Senado, Tasso Jereissati, do PSDB, que está com a candidatura Serra, lidera a disputa com 39 pontos. Logo, uma expressiva parcela vota ao mesmo tempo em Dilma, Cid e Tasso. Vota portanto na pessoa, não na legenda. No Acre, o mesmo Datafolha identificou 29 pontos para Marina Silva, Serra em segundo, Dilma em terceiro. Mas para o governo estadual, o senador Tião Viana, do PT, dispara na frente atingindo nada menos que 62%. Fica claro que eleitores de Tião Viana votam simultaneamente em Marina. Neste caso pode-se argumentar com o fato de Marina Silva ser acreana.

Mas em São Paulo? A última pesquisa divulgada, neste caso do Ibope, acusa 40 para Serra contra 30 para Dilma. Entretanto para o executivo do Estado Geraldo Alckmim, do PSDB, alcança 52% contra apenas 23 de Aloísio Mercadante, que é do PT. Assim, constata-se que existe uma tendência de eleitores de Alckmim, que é do PSDB, votarem também em Roussef, candidata de Lula. São destaques interessantes que remetem a disputa pelo voto para o plano da personalidade individual. Ou então, no caso de Dilma, da personalidade do presidente Lula que gradativamente vai transferindo parcelas de seu potencial de aceitação popular.

O título deste artigo é o do livro que escrevi em 1966 sobre os impulsos do eleitorado, da redemocratização de 45 até aquela data. Tatiana, minha filha, que concluiu o doutorado em relações internacionais, que não deixa de ser uma ciência política, sugeriu que eu escreva o voto e o povo na versão de 2010. Talvez tenha começado a escrever hoje com este artigo.

Há 44 anos, baseei minha análise na divisão de classes sociais. Hoje é menos assim, embora aquela tendência divisória não tenha desaparecido de todo. Mas há, sem dúvida, uma ponderação simultânea das duas principais candidaturas nas classes A/B; e na classe C, um pouco menos nos grupos D/E, de menor poder aquisitivo, representando quase 40% do eleitorado. Nestas duas categorias é muito grande a influência de Lula. Serra está melhor na renda alta. Dilma na renda baixa. Mas as diferenças atuais não são da dimensão que antigamente separava as intenções de voto.

Os impulsos eleitorais mudaram? Vamos conferir nas urnas de outubro.

sábado, 24 de julho de 2010

CRISE AMERICANA - O ilegal e o imoral.

Do blog Tijolaço.


Em um período de cinco meses entre o final de 2008 e o início de 2009, quando o mundo mergulhava numa severa crise econômica, a mais violenta do capitalismo desde a crise de 1929, altos executivos de 17 grandes bancos americanos enriqueceram com bônus de US$ 1,6 bilhão.

Quem contou foi Kenneth Feinberg, encarregado pelo governo dos Estados Unidos de pagar aos bancos a ajuda pública bilionária para resgatá-los da crise que eles mesmos criaram com operações de crédito fictícias que não se sustentaram. Os números sairam de uma investigação com 419 bancos que receberam dinheiro durante a crise.

Como não havia restrições às bonificações, que só foram criadas depois de fevereiro de 2009, Feinberg disse que os pagamentos não foram ilegais. Podem não ter sido ilegais, mas foram imorais. E de uma imoralidade tamanha, muitas vezes superior a certos atos ilegais.

Quando a Nicarágua sofreu um terremoto violentíssimo, que matou 10 mil pessoas em Manágua, o ditador Anastácio Somoza vendeu parte do sangue doado para as vítimas, numa atitude criminosa que marcou o início de sua queda. Pagar bônus com dinheiro da ajuda pública é tão repugnante quanto. É uma afronta ao mundo e a todos os cidadãos norte-americanos que perderam suas casas e passaram a viver com dificuldades após a crise causada pelas instituições financeiras. Um escárnio que não pode ser tolerado, mesmo que não se enquadre tecnicamente na ilegalidade.

MÍDIA - Imprensa 'independente", financiada pelos EUA.

Tijolaço - O Blog do Brizola Neto

Imprensa “independente”, financiada pelos EUA


As duas ONGs destacadas no documento distribuiam o dinheiro a jornalistas e meios de comunicação da Venezuela

Toda ação de sabotagem exige a preparação do terreno. Por isso não se pode analisar os fatos desvinculados de outros. Comentei aqui dias atrás a investida desrespeitosa do presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa contra o presidente Lula, procurando disseminar a falsa idéia de que a liberdade de imprensa no Brasil está ameaçada. É a partir de falsos pressupostos como esse que cenários de intervenção no processo político dos países são armados. Tudo isso me ocorre ao tomar conhecimento que o governo dos Estados Unidos destinou US$ 4 milhões para financiar jornalistas e meios de comunicação privados na Venezuela, nos últimos três anos. Muito bom lembrar isso para lembrar que desestabilização não se faz apnas com guerrilha na selva, mas com a guerrilha de papel.

Documentos do Departamento de Estado recém revelados por força do Ato de Liberdade de Informação mostram como, entre 2007 e 2009, milhões de dólares foram canalizados de um pouco conhecido Escritório de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho para jornalistas e órgãos de imprensa na Venezuela, Bolívia e Nicarágua, através da Fundação Panamericana de Desenvolvimento, que opera na América Latina desde 1962. No entanto, só a parte referente à Venezuela foi liberada, removendo-se o nome dos que receberam o dinheiro.

Os EUA vinham escondendo sua participação direta em fomentar a mídia anti-chavista, que atua abertamente para desestabilizar a democracia venezuelana e teve papel determinante no frustrado golpe de 2002, que chegou a afastar Chávez temporariamente do poder. Embora tenha omitido os receptores dos fundos norte-americanos, um dos documentos, de julho de 2008, deixou passar os nomes dos principais grupos venezuelanos encarregados pela distribuição do dinheiro entre a mídia e jornalistas encarregados de promover a agenda dos EUA: Espacio Publico e Instituto de Prensa y Sociedad (IPS).

A operação apresentava o seguinte objetivo: fortalecer jornalistas “independentes”, proporcionando-lhes treinamento, assistência técnica, materiais e acesso às novas tecnologias “para aumentar sua capacidade de informar o público sobre as mais críticas políticas que impactam a Venezuela”. Dois prêmios de “jornalismo investigativo” também foram criados neste sentido. Em outras palavras, interferência direta num país soberano, fomentando atividades anti-governamentais.

Mais de 150 jornalistas venezuelanos foram treinados pelas agências americanas e pelo menos 25 sites foram criados pelo dinheiro do Departamento de Estado. Nos últimos dois anos, escreve a advogada Eva Golinger, que já havia desvendado um financiamento do governo americano à mídia venezuelana por outros canais, houve uma proliferação de usuários de sites, blogs, Twitter, MySpace e Facebook, a maioria para promover mensagens anti-Chávez e disseminar informações falsas sobre a realidade do país.

Estudantes e jovens também foram treinados para formar uma rede de cyberdissidentes contra o governo venezuelano. Segundo Eva Golinger, em abril passado, em encontro para “ativistas pela liberdade e direitos humanos”, promovido pelo Instituto George W. Bush, em conjunto com a Freedom House e o Departamento de Estado, para analisar o “movimento global de cyberdissidentes”, um dos presentes era Rodrigo Diamanti, um jovem ativista anti-Chávez, que esteve ao lado de “dissidentes” do Irã, Síria, Cuba. Rússia e China.

Os documentos do Departamento de Estado também mostraram financiamentos para “fortalecer a mídia independente na Venezuela”, “promover a liberdade de expressão na Venezuela” e outros programas com universidades venezuelanas, de onde sairam os principais movimentos estudantis anti-Chávez nos últimos três anos.

É por isso que não se pode ser ingênuo diante de certos comportamentos midiáticos. Parte da imprensa chilena foi financiada na preparação do golpe contra Salvador Allende, em 1973; jornalistas cubanos são aliciados para combater Fidel Castro, e a Venezuela está inundada de ações midiática anti-Chávez. A denúncia do presidente da SIP não pode ser vista fora deste contexto.

No Brasil, claro, isso não acontece.

Liberdade de informação é um valor sagrado. Que não se o confunda com uma suposta imunidade das empresas de comunicação à lei.

ELEIÇÕES - Transferência de votos.

Do blog Análise.

Dilma no momento chave

A principal novidade da pesquisa Vox/Band/iG está embutida nos dados da consulta espontânea: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente completou a transferência do seu prestígio eleitoral para a candidata do PT, Dilma Rousseff. No espaço de 12 meses, entre agosto do ano passado e julho deste ano, o voto espontâneo em Lula caiu de 22% para 4% dos eleitores. Em contrapartida, Dilma subiu de 3% para 28%. O adversário de ambos, o candidato do PSDB passou de 5% para 21% das preferências.

Mas o que prova a estreita relação entre Lula e Dilma é o gráfico abaixo.

Entre janeiro e julho deste ano, há uma relação quase precisa do ponto de vista matemático: praticamente para cada ponto perdido por Lula, Dilma sobe outro. De janeiro para maio, Lula caiu nove pontos e Dilma ganhou dez. Na pesquisa seguinte, que refletiu sua exposição ao programa partidário, Dilma cresceu sete pontos, Lula emagreceu quatro. Agora, o presidente caiu mais dois pontos e Dilma cresceu dois.

Ao mesmo tempo em que mostra que o eleitor conhece os presidenciáveis de 2010, a pesquisa espontânea Vox/Band/iG, a primeira depois de oficialmente registradas as candidaturas, confirma o inabalável prestígio do presidente no Nordeste. Nessa região, Lula ainda mantém 9% da intenção espontânea de votos, ainda que esteja legalmente impedido de disputar a eleição. Em todas as outras, o presidente praticamente completou a transferência de votos para a candidata.

Para Dilma e Lula, os números da Vox/Band/iG podem ser festejados porque comprovou a capacidade do presidente de inflar um nome – e, pela curva acima, desconfia-se que qualquer nome seria beneficiado pela popularidade dele. Mas também revelam que a partir de agora, a campanha de Dilma dependerá menos do presidente, do PT e do governo. E cada vez mais do que a candidata poderá fazer por sua campanha.

ELEIÇÕES - Vox Populi 8 x 1 Datafolha.

Do blog do Rovai.

O amigo deve estar se perguntando porque os resultados do Vox Populi e do DataFolha são tão diferentes. O primeiro dá Dilma 41, Serra 33 e Marina 8. O segundo consegue apurar Serra 37, Dilma 36 e Marina 10.

É fácil entender, basta ler a Folha de vez em quando. Ela decidiu fazer de tudo para que Serra vença esta eleição.

Não é a primeira vez que o jornal dá uma diferença que não existe para corrigir lá na frente.

Fez isso quando Serra lançou sua candidatura. Deu um jeito de o tucano aparecer com uma boa frente em relação a Dilma. Agora dá um jeito de ele não aparecer feio na foto a 25 dias do programa eleitoral.

Seria muito ruim para Serra começar o programa de TV com todos os institutos de pesquisas acusando ele em segundo com uma diferença larga em relação a Dilma.

Este blogueiro acha que esta eleição já fez sua primeira vítima. E não é o Álvaro Dias. Ele não tinha muito a perder sendo ou não sendo vice de Serra.

A grande vítima desta eleição deve ser o DataFolha. O instituto que sempre foi considerado confiável por todos os atores políticos, parece ter sido escalado para fazer campanha a favor de uma candidatura.

Quando isso acontece, a credibilidade vai para o ralo. Porque os que contratam pesquisas querem tudo, menos ser mal informados.

Anotem e confiram, o DataFolha em relação à sua participação no mercado vai sair menor do que entrou neste processo eleitoral. E não fiquem em dúvida em relação às pesquisas. Dilma tem no mínimo cinco pontos na frente de Serra. Todas as pesquisas que este blogueiro teve acesso nos últimos 30 dias apontam isso.

Todos os empresários, associações e marqueteiros que contratam pesquisas sabem disso.

Por isso, ao forçar a mão, o DataFolha apenas se desmoraliza mais um pouco.

PS: Anotem aí, como a realidade não vai mudar porque o DataFolha quer, quando iniciar o programa eleitoral ele vai ajustar seus números. E vai apontar o crescimento da candidata do PT à vinculação dela com Lula na TV. Não estou querendo ser Bidu. Faz parte da lógica deles…

ELEIÇÕES - Medo invade a campanha.

Revista Isto É.

PSDB recorre a velhos fantasmas e tenta assustar o eleitor ao vincular o PT a grupos terroristas e ao crime organizado.

Alan Rodrigues e Sérgio Pardellas

PARCERIA

Serra e Indio da Costa planejaram ataques

O comando da campanha de José Serra (PSDB) colocou o medo no centro da disputa presidencial. Tudo começou com a surpreendente entrevista do vice de Serra, Indio da Costa (DEM), dizendo a um site do partido que o PT é ligado às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ao narcotráfico. Num primeiro momento, lideranças partidárias passaram a ideia de que Indio era apenas uma voz isolada – além de descontrolada e inconsequente. Aos poucos, porém, foi ficando claro que ele cumpria um script previamente combinado. Muito bem orientado pelos caciques do PSDB e DEM, o vice de Serra servia de ponta de lança para uma estratégia de campanha: o uso da velha e surrada tática do medo. Ele procurava criar fantasmas na cabeça do eleitor para tirar votos da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff.

A tática do medo, por definição, desqualifica o debate político. Quem a utiliza está disposto a trabalhar não com a razão, mas com sentimentos mais primários e difusos. Recorre a argumentos distantes de qualquer racionalidade para tentar encantar um público mais desinformado ou que já coleciona arraigados preconceitos. É um jogo perigoso: “Campanhas negativas podem até aumentar a rejeição ao candidato que as patrocina”, diz o cientista político José Paulo Martins Jr., da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Mas os tucanos resolveram arriscar.

ACUSAÇÕES

Tasso Jereissati diz que Lula é “chavista”

Apesar das reações provocadas pelas declarações de Indio da Costa (o TSE já concedeu até direito de resposta ao PT), expoentes do PSDB e o próprio Serra não desautorizaram o deputado do DEM. Ao contrário, passaram a engrossar o vale-tudo eleitoral. Animado, Indio voltou à carga, insinuando uma relação entre o PT e uma facção criminosa do Rio. “Já há vários indícios de ligação do Comando Vermelho com as Farc. E qual a opinião da Dilma sobre isso? Veja só: o PT e as Farc, as Farc e o narcotráfico, o narcotráfico, o Rio de Janeiro e o Comando Vermelho, com indícios muito claros de relacionamento. Ela (Dilma) tem que dizer o que acha”, afirma. Na quinta feira 22, foi o próprio Serra quem assumiu a estridente toada: “Há evidências mais do que suficientes do que são as Farc. São sequestradores, cortam as cabeças de gente, são terroristas. E foram abrigados aqui no Brasil. A Dilma até nomeou a mulher de um deles.” Desta vez, o tom do discurso escandalizou os adversários. “Fui surpreendido com a decisão de Serra de entrar nesse debate. Pelo jeito, ele resolveu dar uma guinada para a direita ao perceber que não deu certo o estilo ‘Serrinha paz e amor’. Serra, agora, resolveu ser troglodita”, disse o líder do governo na Câmara e um dos coordenadores da campanha de Dilma, Cândido Vaccarezza (PT-SP). “Não adianta o kit baixaria do Serra: o povo quer saber é de propostas e de trajetória”, afirmou o deputado petista Ricardo Berzoini.

ALVO

Tucanos querem irritar Dilmae cobram resposta

A tentativa do PSDB de criar uma atmosfera de satanização do PT e de sua candidata ao Planalto, Dilma Rousseff, é inteiramente planejada, ao contrário do que poderia parecer. Segundo apurou ISTOÉ, pesquisas qualitativas em poder da coordenação da campanha tucana identificaram que setores do eleitorado brasileiro ainda teriam restrições à “turma ligada ao Lula”. Na enquete realizada pela coligação PSDB-DEM abrangendo as regiões Sul, Sudeste e Nordeste (70% do eleitorado nacional), chegou-se à conclusão de que a imagem de Lula é a mais próxima do chamado “político ideal”. Diante desse quadro, a pesquisa, focando o eleitor das classes B e C, de 25 a 50 anos, tentou filtrar o que, para a população, haveria de bom e ruim no governo petista. Lula foi considerado “quase acima do bem e do mal”, conforme informou à ISTOÉ um dirigente tucano que teve acesso aos números. Porém, em seis pesquisas, quando consultados sobre temas espinhosos como radicalismo e corrupção, os eleitores invariavelmente apontavam a culpa para setores “em torno” de Lula. A turma é que não seria boa.

A constatação animou os tucanos a investir contra o PT. Nas próximas semanas, entre os novos temas a serem abordados estão a relação dos petistas com Hugo Chávez e a defesa que fazem do terrorista Cesare Battisti. Mas, no embalo, sobrará até para o próprio Lula, como demonstrou, na quarta-feira 21, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE): “Lula é chavista”, disse o líder tucano. “Ele pretende fazer aqui neste país uma ditadura populista, em que vai se cerceando os espaços de todo mundo e ficando só o seu espaço de poder.” Para Jereissati, a questão não tem a ver com a alta popularidade de Lula. “Chávez também é muito popular. Outros ditadores também foram muito populares. O problema é que neste governo a política é de eliminação de todo e qualquer adversário”, disse.

Um retrospecto histórico mostra, no entanto, que a tática do medo, colocada em curso pela campanha tucana, funcionou na volta do País à democracia, mas não tem dado certo num Brasil mais maduro. Levado a cabo nessas eleições, o vale-tudo eleitoral pode, mais uma vez, significar o suicídio da campanha tucana. Em 2002, por exemplo, o próprio Serra, então candidato de Fernando Henrique Cardoso ao Palácio do Planalto, lançou mão do medo como artifício: “Existe o PT real e o PT da tevê”, disse ele no horário eleitoral. “É muito importante debater as invasões ilegais e as ligações com as Farc. Isso não aparece na tevê, mas é um lado do PT”, acrescentou o tucano, que estava em baixa nas pesquisas. Por causa dos ataques, o PSDB perdeu um minuto e meio de seu tempo na tevê. E o resultado, todos sabem: Lula venceu a eleição e já está há quase oito anos no poder, registrando índices recorde de popularidade.

A retórica do medo não costuma ter a capacidade de reverter votos, segundo o consultor político e professor da USP Gaudêncio Torquato. “O terrorismo linguístico que começa a subir a montanha não chega perto das massas. Apenas reforça posições de camadas já sedimentadas”, disse ele à ISTOÉ. “Não é novidade utilizar-se da tática eleitoral do medo. O que aconteceu é que Indio cumpriu um papel que lhe deram: o de tocar o apito.” Para Torquato, Indio executou a missão atribuída a ele pela cúpula de campanha do PSDB. “Assim, preservaria Serra da acidez”, acredita. Ainda de acordo com o consultor político, esse tensionamento “já era bastante previsível” e teria outras duas finalidades: a de apresentar o candidato a vice na chapa tucana ao País e tentar enervar a candidata do PT, Dilma Rousseff. “Ao mesmo tempo que eles dão uma estocada, a campanha o apresenta, já que ninguém o conhece. Também criam a polaridade que a campanha do PSDB precisa e tentam tirar Dilma do sério”, afirma Torquato.

PASSADO

Virgílio, do PSDB, também recebeu as Farc

“Discutimos fatos de conhecimento público. Todo mundo sabe da relação do PT com as Farc e todos sabem que as Farc têm relação com o narcotráfico”, insiste o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE). Anos atrás, o PSDB utilizou-se até das denúncias de que a guerrilha colombiana havia repassado US$ 5 milhões para campanhas eleitorais petistas, o que nunca foi comprovado. Mas, fora as fantasias, o que há de real entre o PT e as Farc? Para responder a essa pergunta, é preciso voltar ao ano de 1990. Com a dissolução da União Soviética, a esquerda mundial estava desamparada. Na América Latina, por sugestão de Fidel Castro, Lula acabou propondo a criação do Foro de São Paulo, a fim de aglutinar partidos, sindicatos e organizações de esquerda. As Farc integraram esse movimento, embora na ocasião ainda não se conhecessem vínculos dela com o narcotráfico. Daí para a frente, a guerrilha sempre participou das reuniões do Foro e recebeu o apoio político de seus membros. O PT chegou a cultivar relações com representantes das Farc, principalmente com o ex-padre Olivério Medina.

No entanto, desde que Lula chegou ao governo, em 2003, o PT tratou de se distanciar do movimento. Em 2005, como revelaram e-mails de dirigentes das Farc, a guerrilha foi impedida de participar da reunião que comemorou o aniversário de 15 anos do Foro de São Paulo e que contou com a presença de Lula. Em 2008, ocasião da libertação da ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt, Lula condenou publicamente a guerrilha. “A grande chance que as Farc têm de um dia governar a Colômbia é acreditar na democracia, na militância política. É fazer o jogo democrático como fizemos aqui. Não se ganha eleição sequestrando pessoas”, disse.

Levando-se em conta a lógica controversa que vem sendo usada na campanha de Serra, o próprio líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), seria também ligado à guerrilha colombiana. Em 1999, Virgílio não apenas recebeu o então representante das Farc no Brasil, Hernán Ramirez, em seu gabinete, como foi considerado pelo grupo um dos principais interlocutores da guerrilha no País. À época, Virgílio era secretário-geral do PSDB e líder do governo FHC no Congresso. No mesmo ano, Ramirez visitou também o então governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT). Um dos objetivos dos encontros era abrir um escritório das Farc em Brasília. Mas a ideia não prosperou. Ela só voltou a prosperar agora no discurso atropelado do PSDB.
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira e Fabiana Guedes