Técnico de cinco Copas destaca grupo de Sérvia e Croácia.
Eliano Jorge.
Do Rio de Janeiro.
A Bélgica parece uma ilha cercada por rivalidades regionais no grupo A das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014. Em torno dela, estão os britânicos País de Gales e Escócia, além das ex-repúblicas iugoslavas Sérvia, Croácia e Macedônia.
- Penso que é o grupo mais duro. Sumamente difícil - cravou o sérvio Bora Milutinovic, que se destacou por dirigir cinco seleções distintas em Copas do Mundo.
Presente ao sorteio das chaves neste sábado (30), no Rio de Janeiro, o treinador, que atualmente trabalha no futebol do Catar, previu como decisivas as partidas entre croatas e sérvios.
- Há uma grande rivalidade. A equipe da Croácia é capaz. Penso que é um jogo especial para os dois. Para vencer o grupo, tem que conseguir, no mínimo, quatro pontos com o adversário direto.
No entanto, Milutinovic minimizou o clima de tensão do clássico dos Bálcãs, que evoca as sangrentas batalhas da separação croata no início da década de 1990.
- Já se jogaram tantas partidas de outros esportes. Não pode ser um grande fator a prejudicar. A cada dia, há um ambiente mais agradável entre os dois países - contemporizou.
Antes das avaliações das chaves europeias,ele precisou recorrer às anotações.
- Acompanhei mais a África - revelou, como quem fareja uma vaga de treinador no percurso até 2014.
Milutinovic comandou o México em 1986, a Costa Rica em 1990, os EUA em 1994, a Nigéria em 1998 e a China em 2002. Só não passou da primeira fase com os chineses.
Sobre as Eliminatórias, ele ainda mantém uma certeza:
- Alemanha aparentemente nunca tem problemas. Sempre está presente (no Mundial). Funciona bem.
Fora do esporte, o Brasil também cativou o sérvio.
- Quando alguém conhece o Rio, conhece os brasileiros, normalmente diria que é muito agradável. Há paixão para a vida e para o futebol, melhores jogadores....
Bagunça
Mais do que nas pequenas falhas de organização e na demora em alguns serviços, a necessidade de melhoria para a Copa do Mundo de 2014 evidenciou-se nas sessões de entrevistas após o sorteio das Eliminatórias.
Os próprios treinadores e dirigentes não seguiram o esquema de divisão em palanques de cada continente. E o saguão de atendimento à mídia virou uma confusão repartida em diversos núcleos.
Era uma miscelânia de nacionalidades e idiomas, até porque os profissionais do futebol mostravam-se transformados em poliglotas ao longo de carreiras tão globalizadas.
Quem tentava escapar do assédio de repórteres era convencido por funcionários da Fifa a emitir umas palavrinhas.
- Só dois minutos! - concedeu, ao desistir da fuga, o técnico Guus Hiddink, terceiro colocado com sua Holanda em 1998 e quarto com a Coreia do Sul em 2002.
Dirigindo a seleção turca e mantendo um curioso sotaque madrileno dos tempos de técnico do Real Madrid, ele analisou, na língua espanhola, a concorrência com seus compatriotas, húngaros, romenos, estonianos e andorrenses.
- O grupo da Turquia não é fácil, como todos. A Holanda, vocês conhecem, é uma equipe poderosa. Tenho confiança de que podemos, pelo menos, lutar contra os holandeses. Conhecemos bastante bem a Holanda, a enfrentamos no ano passado num amistoso, uma boa partida, mas Eliminatória é diferente.
Hiddink admitiu a situação especial de duelar contra sua pátria.
- Sim, cara, é óbvio. Um país tão pequeno, com 16 milhões de habitantes, está todo ano no Mundial e na Eurocopa, não somente para participar, mas também para lutar por títulos. Respeito muito meu país neste aspecto.
O processo de renovação na Turquia segue com vistas à Copa, disse.
- A equipe turca está crescendo em experiência. Há um time que está mudando agora mesmo, com jovens, e tem um ano mais para amadurecer - falou, referindo-se ao início das Eliminatórias europeias, marcado para outubro de 2012.
A distribuição de elogios ao anfitrião culminou com a defesa dos benefícios de se organizar um Mundial.
- É um país que tem dado muitíssimos jogadores de alta categoria ao mundo do futebol, por isso é um respeito de todo o futebol vir jogar no Brasil. Ele está crescendo no plano econômico também, e o esporte sempre pode empurrar mais para cima. Por isso, é importante ter uma Copa do Mundo.
Fonte: Terra Magazine.
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