Pedro do Coutto
Na edição de 20 de julho da Folha de São Paulo, em sua coluna sobre televisão, Caderno Ilustrada, Keila Jimenez focalizou o projeto que está começando a ser montado pela Rede Record para transmitir os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. Londres, vale lembrar, foi a sede da primeira Olimpíada após a segunda guerra mundial que durou de 39 a 45. Mobilização de 320 profissionais, espaço central de 750 metros quadrados, transmissões diárias de doze horas no ar. A Record conquistou junto ao Comitê Olímpico Internacional a exclusividade da transmissão em TV aberta. É segunda rede em audiência no país, enquanto durarem os Jogos poderá ser a primeira. Não sei como e por que a Rede Globo perdeu essa disputa. Mas aconteceu.
Deve ter dado um bolo imenso na Vênus Platinada, foi um lapso, provavelmente, um erro mercadológico grave. Os responsáveis devem ter se baseado no princípio sintético de Marshall McLuhan de que o meio é a mensagem. Nem sempre. Em 1984, a Globo não desejou transmitir o desfile das Escolas de Samba. A Manchete transmitiu. Veio o IBOPE: Manchete 47 pontos, Globo apenas 7. Se o meio fosse inteiramente a mensagem, o resultado não poderia ter sido este. Mas foi. O que não significou que a Manchete, como a Record agora, fosse mais forte que a emissora de Roberto Marinho. Mas é que o fato era mais forte. Há muitos outros exemplos. Mas este, creio, é suficiente. E emblemático.
A Rede Globo, como o IBOPE já pesquisou e a FSP publicou, atinge índices médio de audiência igual ao de todas as outras redes reunidas. Sendo que é a única cujos programas passam de 15 pontos.
A novela Insensato Coração, por exemplo, de acordo com o IBOPE atingiu 42%. A vantagem de ter um alto índice de telespectadores é que as chamadas repercutem evidentemente muito mais junto ao público indeciso se assiste numa emissora ou na outra.
O fato é que daqui a um ano a Globo, que manteve o direito de transmitir a Olimpíada de Londres por cabo, vai mobilizar a Sport TV para enfrentar a Record. Reforçará a equipe, como a própria FSP já publicou, nela incluindo a presença de Galvão Bueno e CasaGrande, em se tratando de futebol, e Tande, quando se tratar de vôlei, além de outros esportes. Tudo bem. A imagem da Sport TV é ótima, seu ritmo também. Ela lidera amplamente a audiência na televisão por assinatura.
Entretanto, a audiência a cabo, hoje, reune pouco mais de três milhões de residências, a TV aberta todas elas, ou seja, 60 milhões der unidades habitacionais. Além de restaurantes, bares, que também são pontos de atração e portanto de acesso às transmissões. Mas o número de pessoas que têm acesso à Sport TV ou à ESPN, ou Bandsport, estas duas também vão poder transmitir, não se compara àquelas de acesso à Record. É possível, e até provável, que a Globo lance, em bases mais acessíveis, uma campanha para ampliar as vendas de canais por assinatura. Porém por mais que cresça este setor, dificilmente poderá duplicar o total de hoje chegando a 6 milhões de locais.
De qualquer forma a questão está posta. E é bom que seja assim porque finalmente surgirá um confronto de audiência que valerá a pena ser analisado. E o IBOPE poderá inclusive desenvolver mais os seus levantamentos, passando também a abranger a Internet, que está sendo progressivamente ocupada pela televisão. A pesquisa não é fácil, porém menos difícil do que a concorrência que vai se estabelecer em torno dos Jogos Olímpicos de Londres. Vale esperar para ver os resultados do confronto entre a mensagem e o meio.
Tribuna na Internet.
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