sexta-feira, 14 de setembro de 2012

FRANÇA - Some, rico imbecíl!

Manchete na França em crise: Some, rico imbecil!

Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

A manchete do jornal francês Libération reverbera por toda a Europa. O alvo foi o homem mais rico do país, Bernard Arnault, dono de um império que inclui marcas como a Louis Vuitton.
Arnaud, o traidor da França
A raiva do Libération, e de milhões de franceses que o chamaram de parasita e outras coisas do gênero, derivou da informação de que Arnault estava pedindo cidadania belga no exato instante em que o presidente François Hollande fez o que tinha prometido fazer para reduzir a iniquidade social no país e melhorar as contas públicas: aumentando temporariamente os impostos de quem ganha acima de 1 milhāo de euros por ano.
Arnault negou que estivesse tentando fugir do fisco, e anunciou que vai processar o jornal. Mas, para usar a imortal expressão de Wellington, quem acredita que foi apenas coincidência a elevação da taxa e o pedido de cidadania belga acredita em tudo.
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INTERESSES PESSOAIS
Entendo o Libération. Você não constrói, ou reconstrói, um país com pessoas que colocam seus interesses pessoais acima de tudo. Ao contrário. Você descontrói. Os Estados Unidos são uma demonstração pungente disso. A florescente Escandinávia, onde o interesse público vem na frente do interesse privado, estaria em pedaços se seus empresários e milionários tivessem a têmpera de Bernard Arnault. Não. Lá se criou um consenso segundo o qual impostos elevados são a contribuição indispensável de corporações e ricos para a manutenção de uma sociedade avançadíssima.
Há, nos países economicamente mais encrencados do ocidente, uma enorme confusão no quesito taxação. Pouco antes das eleições francesas, o premiê britânico David Cameron disse, sorrindo, que estenderia um tapete vermelho aos empreendedores locais que desejassem escapar de Hollande.
Cameron mal pusera ponto final em sua frase quando seu governo anunciou a intenção de combater severamente a chamada evasão legalizada – e amoral – de impostos. Um comediante célebre foi exposto ao desprezo e escárnio da opinião pública quando se soube que ele usara um truque para pagar um imposto irrisório. O próprio Cameron o repreendeu.

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