Luis Nassif: Os novos horizontes do jornalismo.
Ontem o site Comunique-se realizou sua cerimônia anual de premiação de jornalistas, eleitos pela própria categoria. Foi uma festa majestosa, mas algo nostálgica. Nos próximos anos ocorrerão mudanças radicais no jornalismo, muito mais do que aconteceu até agora, alterando completamente o perfil do trabalho e do profissional.
A profissão de jornalista, tal qual se conhece hoje em dia, consiste em uma pessoa com domínio sobre a escrita, sobre algumas técnicas específicas, que trabalha ou nas redações de jornais ou em casa, como freelance.
As técnicas são conhecidas há tempos: como escrever o lide (abertura) da matéria, encadear as informações, mencionar as declarações de fontes, escolher o título chamativo etc.
Nas redações, o modo de produção pouco mudou, apesar dos avanços da tecnologia. Há o pauteiro, que de manhã ajuda a planejar o jornal do dia. Depois o repórter, que recebe a pauta e vai atrás das informações. No final do dia, o texto é entregue a um redator que o burila e coloca o título. E passa para um editor, que dá a palavra final e seleciona as melhores matérias para as chamadas de capa no caderno ou no jornal.
***
O jornalismo online mudou pouca coisa nesse modelo. Nele, repórteres escarafuncham a Internet, acompanham o que sai nos concorrentes, e reproduzem notícias instantâneas de outros sites, nacionais ou estrangeiros. Mas tanto o modelo de produção quando o de difusão é o mesmo.
***
Com o avanço significativo da Internet, a proliferação de redes sociais, bancos de dados, sites especializados, recursos de multimídia, muda totalmente o espectro do jornalismo.
A primeira grande mudança é que o jornalista perde a prerrogativa da notícia. Até agora, para um determinado dado virar notícia, necessita da interferência de um jornalista – ou de um veículo de mídia.
Daqui para frente, e cada vez mais, não haverá barreiras para a produção de notícias. As associações, ONGs, movimentos sociais, pessoas físicas, todos produzirão suas próprias notícias.
Às especialidades atuais do jornalista, se agregarão outras competências: a pessoa que, além de reportar, sabe filmar, editar vídeo, montar aplicativos para prospectar bancos de dados públicos etc.
***
Do lado do empregador, as alternativas não se resumirão mais às empresas tradicionais de mídia ou assessorias de imprensa. Haverá a necessidade de trabalho jornalístico em todos esses novos agentes. Além disso, assim como existem jovens desenvolvedores de aplicativos para iPhone, haverá aplicativos próprios para investigação jornalística.
A vastíssima quantidade de informações disponíveis na Internet exigirá cada vez mais uma visão de gestão do conhecimento. E, principalmente, a humildade de deixar de ser o protagonista da reportagem para se transformar no mediador, a pessoa capaz de estimular uma discussão pela Internet e extrair dela as conclusões necessárias para escrever a matéria.
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Serão novos tempos muito interessantes, que alargarão mais do que em qualquer outra época os horizontes do jornalismo.
Ontem o site Comunique-se realizou sua cerimônia anual de premiação de jornalistas, eleitos pela própria categoria. Foi uma festa majestosa, mas algo nostálgica. Nos próximos anos ocorrerão mudanças radicais no jornalismo, muito mais do que aconteceu até agora, alterando completamente o perfil do trabalho e do profissional.
Por Luis Nassif, em seu blog
A profissão de jornalista, tal qual se conhece hoje em dia, consiste em uma pessoa com domínio sobre a escrita, sobre algumas técnicas específicas, que trabalha ou nas redações de jornais ou em casa, como freelance.
As técnicas são conhecidas há tempos: como escrever o lide (abertura) da matéria, encadear as informações, mencionar as declarações de fontes, escolher o título chamativo etc.
Nas redações, o modo de produção pouco mudou, apesar dos avanços da tecnologia. Há o pauteiro, que de manhã ajuda a planejar o jornal do dia. Depois o repórter, que recebe a pauta e vai atrás das informações. No final do dia, o texto é entregue a um redator que o burila e coloca o título. E passa para um editor, que dá a palavra final e seleciona as melhores matérias para as chamadas de capa no caderno ou no jornal.
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O jornalismo online mudou pouca coisa nesse modelo. Nele, repórteres escarafuncham a Internet, acompanham o que sai nos concorrentes, e reproduzem notícias instantâneas de outros sites, nacionais ou estrangeiros. Mas tanto o modelo de produção quando o de difusão é o mesmo.
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Com o avanço significativo da Internet, a proliferação de redes sociais, bancos de dados, sites especializados, recursos de multimídia, muda totalmente o espectro do jornalismo.
A primeira grande mudança é que o jornalista perde a prerrogativa da notícia. Até agora, para um determinado dado virar notícia, necessita da interferência de um jornalista – ou de um veículo de mídia.
Daqui para frente, e cada vez mais, não haverá barreiras para a produção de notícias. As associações, ONGs, movimentos sociais, pessoas físicas, todos produzirão suas próprias notícias.
Às especialidades atuais do jornalista, se agregarão outras competências: a pessoa que, além de reportar, sabe filmar, editar vídeo, montar aplicativos para prospectar bancos de dados públicos etc.
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Do lado do empregador, as alternativas não se resumirão mais às empresas tradicionais de mídia ou assessorias de imprensa. Haverá a necessidade de trabalho jornalístico em todos esses novos agentes. Além disso, assim como existem jovens desenvolvedores de aplicativos para iPhone, haverá aplicativos próprios para investigação jornalística.
A vastíssima quantidade de informações disponíveis na Internet exigirá cada vez mais uma visão de gestão do conhecimento. E, principalmente, a humildade de deixar de ser o protagonista da reportagem para se transformar no mediador, a pessoa capaz de estimular uma discussão pela Internet e extrair dela as conclusões necessárias para escrever a matéria.
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Serão novos tempos muito interessantes, que alargarão mais do que em qualquer outra época os horizontes do jornalismo.
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