quinta-feira, 6 de setembro de 2012

POLÍTICA - Situação do PT está complicada no atual cenário eleitoral.

 

O que Dilma e Lula podem fazer pelo PT?

 
lula dilma ok O que Dilma e Lula podem fazer pelo PT?
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Onde, quando e como cada um pode ajudar o PT a melhorar a situação do partido, que neste momento lidera as pesquisas apenas em Goiânia, nas quatro semanas que faltam para as eleições de 7 de outubro?
Este foi o cardápio do almoço que reuniu Dilma e Lula por mais de três horas, na quarta-feira, no escritório da Presidência da República em São Paulo.
Na avaliação que fizeram, a presidente e o ex-presidente certamente se deram conta das enormes dificuldades enfrentadas pelo PT nas pesquisas e nas relações com tradicionais aliados, como o PSB, que podem deixar sequelas após as eleições.
O problema é que falta pouco tempo, e tanto Dilma como Lula têm limitações para participar mais ativamente da campanha.
Além do fato de nunca ter sido uma líder político-partidária, sem esconder sua inaptidão e falta de apetite para subir em palanques, preferindo se limitar a exercer as funções de chefe do Executivo, a presidente Dilma resistiu até agora aos apelos para entrar na campanha eleitoral em razão das restrições impostas pelo próprio cargo que ocupa.
No caso de Lula, são evidentes as suas limitações físicas em consequência ainda do tratamento do câncer na laringe. Por mais que queira estar presente em todas as campanhas, o ex-presidente tem seus movimentos limitados pelos médicos, que lhe recomendaram falar e viajar o mínimo necessário.
Diante desta realidade, ambos teriam que escolher muito bem aonde sua presença física se faz mais necessária para reverter o quadro eleitoral adverso. O mais provável é que, com poucas exceções, a participação de Lula e Dilma se limite a gravações para a propaganda do horário eleitoral.
Cada um tem a sua prioridade. Dilma joga seu prestígio em Belo Horizonte, como fiadora da candidatura de Patrus Ananias, numa disputa bastante difícil contra Márcio Lacerda, apoiado pelo tucano Aécio Neves, que deve ser o candidato da oposição em 2014.
Poucas horas após o almoço entre Lula e Dilma, o Ibope soltou nova pesquisa em que Patrus aparece 14 pontos atrás de Lacerda: 44 a 30. E Belo Horizonte foi até agora a única capital onde o ex-presidente participou de um comício.
Lula concentra todas as suas forças e popularidade na disputa em São Paulo para derrotar o PSDB em seu principal reduto, mas aqui surgiu um fato novo chamado Celso Russomanno, do PRB, que é aliado do governo federal.
Uma vitória em São Paulo compensaria as derrotas previstas em outras capitais importantes, mas a situação do candidato petista Fernando Haddad também é complicada.
Embora tenha dobrado suas intenções de voto após duas semanas aparecendo ao lado de Lula no horário eleitoral, chegando a 16%, Haddad continua na terceira posição, a 19 pontos de distância de Russomano e 5 atrás de Serra, com quem disputa uma vaga no segundo turno.
Se é grande o desafio de mudar o cenário em São Paulo e Belo Horizonte, maior ainda o é em Porto Alegre e Recife, tradicionais redutos do PT.
Na capital gaúcha, dois aliados do governo federal, PCdoB e PDT, disputam o primeiro lugar e estão praticamente garantidos no segundo turno. Lá o PT do governador Tarso Genro já sabe que não tem nenhuma chance, ao disputar a eleição com candidato fraco que ainda não passou de um dígito nas pesquisas.
No Recife, o candidato do governador Eduardo Campos, presidente do PSB, que rompeu com o PT na cidade, disparou nas pesquisas e pode ganhar no primeiro turno, numa situação que parece irreversível para o senador petista Humberto Costa.
É a mesma situação das capitais da Bahia e Sergipe, estados governados pelos petistas Jaques Wagner e Marcelo Deda. Em Salvador, o petista Nelson Pelegrino está a léguas de distância de ACM Neto, do DEM, mesmo partido de João Alves, que lidera com folga as pesquisas em Aracajú. Nas duas cidades, a eleição pode ser decidida no primeiro turno.
Diante deste quadro, ainda que Dilma resolva entrar de cabeça na campanha, o que é improvável, e Lula faça um esforço sobrehumano para cruzar o país e subir nos principais palanques petistas, paira sobre todos os candidatos do partido o fantasma do julgamento do mensalão, que entra em sua fase decisiva justamente na reta final da campanha eleitoral _ e é claro que não foi por mera coincidência. Para a mídia grande e a oposição pequena, três vezes derrotadas nas últimas eleições presidenciais, 2012 funciona como o terceiro turno de 2010.
A esta altura do campeonato, mesmo que quisessem e pudessem, o que Lula e Dilma ainda poderiam fazer pelo PT para reverter um quadro desfavorável como este que o partido não enfrentava desde a sua chegada ao poder central em 2003?
A resposta para os problemas agora enfrentados talvez esteja numa disputa registrada logo no início do governo Dilma para eleger o novo presidente do partido.
Dilma e Lula defendiam o nome de um candidato de consenso, o do senador pernambucano Humberto Costa, que na última hora acabou derrotado por Rui Falcão, deputado estadual em São Paulo, personagem central dos embates internos e com aliados que estão na raiz das crises enfrentadas pelo PT nesta disputa eleitoral.
Agora, não há mais muito o que fazer, a não ser esperar por milagres.

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