A nova pesquisa do Datafolha sobre
as eleições em São Paulo mostra uma tendência há três semanas das
eleições. Celso Russomanno mantém a folga e a liderança com 35% das
intenções de voto. José Serra (PSDB) parece ganhar oxigênio e folga com
seus 21% e Fernando Haddad (PT), por ora, aparenta ter estacionado nos
15%.
Há uma semana dissemos aqui que havia chegado a hora do Vale-Tudo
e da pancadaria na eleição. É ao que se assiste nos últimos dias. Dos
que lutam por uma vaga no segundo turno, quem ainda não atirou, vai
atirar.
Tiros de quem está na disputa diretamente, como candidato, e de
quem, muitas vezes de fora, mas bem acima, tem poderes para operar.
A cúpula da Igreja Católica, por exemplo, partiu para o ataque,
ou, o contra-ataque direto à candidatura de Russomanno. Nas missas,
desde o domingo, 16, essa mensagem foi passada com todas as letras.
Inclusive pelo cardeal de São Paulo, Dom Odilo Scherer.
Russomanno, por conta dos ataques e, diz ele, de não ter sido
recebido em audiência privada pelo cardeal, ameaça não comparecer ao
debate com candidatos promovido pela Cúria Metropolitana nesta
quinta-feira, 20.
Se cumprir a ameaça e não comparecer ao debate, o candidato do PRB
pode estar cometendo o erro que seus adversários esperam. Morder ainda
mais a isca da chamada "Guerra Santa" não serve há quem se prepara para
disputar um segundo turno.
O rótulo de guerreiro explícito de uma batalha entre religiões e
igrejas é imagem que serve a adversários ansiosos por encapsular
Russomanno num específico alvo: o de um radical a serviço de uma
religião, de uma igreja.
A posição do cardeal Scherer não é fruto do acaso, não é apenas
uma resposta a Russomanno e aliados como o pastor, e presidente do PRB,
Marcos Pereira. E essa não foi uma decisão tomada isoladamente.
Um prefeito, nunca é demais recordar, pode muito. E podendo muito,
pode manejar amplos interesses. Pode, hipótese, proibir que jogos de
futebol na cidade de São Paulo perturbem a comunidade e, portanto, não
comecem mais às 21h50 da noite.
Jogos de futebol que comecem às 20h30, no máximo às 21 horas,
atropelariam, por exemplo, a grade de telejornais e novelas que tenham
início às 20h30 e terminem às 21h50.
A campanha de José Serra já atira. Há mais de uma semana vale-se
do tema "mensalão" nos programas e comerciais de rádio e TV. E usou, no
site e em programas, um resumo de reportagem da revista Veja desta
semana.
Segundo a revista, "pessoas próximas" de um desesperado Marcos
Valério teriam ouvido do publicitário denúncias contra Lula. Ele seria,
acusou a revista Veja, "o chefe" das ações do chamado "mensalão".
Integrantes da própria revista espalharam no final de semana que
fitas gravadas trariam, nos dias seguintes, provas das acusações. Por
ora, cinco dias depois, silêncio.
Enquanto o silêncio não é rompido em público e seguem as
tratativas nos bastidores, avança o Vale-Tudo na eleição de São Paulo.
Movimentos decisivos estão sendo travados em duas frentes.
Na periferia, Haddad tenta recapturar de Russomanno votos que já
foram do PT e que, na fuga, deixam-no estagnado há semanas. Serra
concentra esforços no "centro expandido". Essa é a região mais rica da
cidade, onde Russomanno abocanhou porções do eleitorado tucano.
As principais campanhas vivem, ao mesmo tempo, outro movimento. É
hora da estocagem de mais munição para o segundo turno.(Russomanno que
prepare o lombo).
No PT, há divisões. Uma ala do partido quer usar já o material com
escândalos do PSDB. Programas e comerciais estão prontos, só aguardando
um sinal verde.
O material estocado aborda, por exemplo, bastidores das
privatizações, tema do livro "A Privataria Tucana", e trata também do
"mensalão do PSDB mineiro"; esse, um processo a ser julgado pelo mesmo
Supremo Tribunal Federal.
Até para atender à militância, que está indócil, o programa do PT
dará uma pancada nestes dias, por agora. Será um contra-ataque ao tema
"mensalão" veiculado pela campanha de Serra.
A disputa eleitoral envolve e passa por outras esferas, e estas bem mais altas.
Em seu blog, o ex-ministro José Dirceu verbalizou, também, o
estado de variados ânimos, e ao fazê-lo remeteu mensagem claríssima
(objeto de reportagem neste Terra). Escreveu José Dirceu:
- A Globo usa seus telejornais para fazer oposição ao governo,
quando a imensa maioria da população apoia o governo. Recusa a
regulação e a concorrência, o pluralismo e a diversidade…
Oitenta milhões de pessoas usam internet no Brasil, e 50 milhões a
utilizam cotidianamente. A resposta a José Dirceu, também via redes
sociais, foi imediata.
Desde a publicação do artigo, na terça-feira, 18, usuários das
redes sociais discutem o artigo. Uma porção deles argumenta que José
Dirceu "é réu" e está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal "por
corrupção e formação de quadrilha".
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