Do blog do Josias, no Uol
Serra aniquila pregação da unidade do tucanato
Josias de Souza
Após colecionar três derrotas federais, o PSDB já está cansado de saber quais são os seus dilemas. O principal dilema do tucanato, aquele que condiciona todos os outros é: ou a unidade ou a certeza da derrota. Pois o balé de José Serra na convenção que empurrou Aécio Neves para a ante-sala da candidatura presidencial deixou claro que a unidade do PSDB, tal como o partido a trombeteia, não existe.
Muitos falaram de improviso. Serra leu um discurso estudado. Pintou o poder petista como uma ameaça à democracia. E defendeu a união. Do PSDB? Não, das “forças políticas de resistência democrática.” Acha imprescindível “buscar a convergência.” No partido? “Não apenas no PSDB, mas com todos que estiverem dispostos a marchar com a decência e a justiça.”
Quanto a 2014, Serra declarou que vai “continuar a atuar em favor da unidade”. Do tucanato? Não, não, “das oposições e de quantos entendam que é chegada a hora de dar um basta a essa incompetência incrível, porque eles são orgulhosamente incompetentes.” Quer dizer: numa hora em que o PSDB tenta concentrar-se em Aécio, Serra informa que, na sua moldura, cabem muitos outros rostos –o de Eduardo Campos e o dele próprio, por exemplo.
Num rasgo de generosidade, Serra dirigiu a Aécio um singelo “boa sorte” no exercício da presidência. Da República? Não, não. Referia-se à presidência do partido. Num evento em que Aécio era a estrela, Serra não pronunciou nenhuma palavra que pudesse soar como um elogio ao novo presidente da legenda. Preferiu enaltecer a experiência dos demais membros da Executiva –quatro dos quais ligados a ele.
“A esta presidência, a esta Executiva, a ela nós atribuímos a responsabilidade pela construção das nossas forças de oposição”, acrescentou Serra, como que lavando as mãos. “A ela atribuímos a responsabilidade de conduzir nosso partido, e as oposições no Brasil, à vitória que o povo brasileiro merece no ano que vem.”
O PSDB fretara um avião para trazer a Brasília sua caciquia de São Paulo. Convidado a embarcar no voo na companhia do amigo FHC e de Geraldo Alckmin, Serra refugou a oferta. Antes de rumar para a convenção, Aécio reuniu em seu apartamento os tucanos que chegariam junto com ele ao evento. Chamado, Serra preferiu se abster.
Aécio chegou à convenção junto com FHC, Alckmin e o senador Aloysio Nunes Ferreira. Embora já estivesse na cidade, Serra não regulou seu relógio pelos ponteiros dos outros. Impôs aos demais uma espera de cerca de 30 minutos. Ao chegar, recebeu aplausos exclusivos.
“Eu vou lutar como sempre”, disse Serra a alturas tantas. “Com clareza, com lealdade, sem ambiguidades ou palavras de sentido impreciso. Porque esse é meu estilo. Não tenho porta-vozes. Não tenho intermediários. Não tenho intérpretes. Quem quiser saber o que penso tem só uma fonte confiável: eu mesmo. E conto com lealdade recíproca.”
Sem porta-vozes, fica difícil saber que culpas Serra atribui a Aécio por sua derrota na sucessão de 2010. Mas parece evidente que o ex-rival de Dilma Rousseff carrega nos fundões da alma íntimos e insondáveis pântanos.
Muitos falaram de improviso. Serra leu um discurso estudado. Pintou o poder petista como uma ameaça à democracia. E defendeu a união. Do PSDB? Não, das “forças políticas de resistência democrática.” Acha imprescindível “buscar a convergência.” No partido? “Não apenas no PSDB, mas com todos que estiverem dispostos a marchar com a decência e a justiça.”
Quanto a 2014, Serra declarou que vai “continuar a atuar em favor da unidade”. Do tucanato? Não, não, “das oposições e de quantos entendam que é chegada a hora de dar um basta a essa incompetência incrível, porque eles são orgulhosamente incompetentes.” Quer dizer: numa hora em que o PSDB tenta concentrar-se em Aécio, Serra informa que, na sua moldura, cabem muitos outros rostos –o de Eduardo Campos e o dele próprio, por exemplo.
Num rasgo de generosidade, Serra dirigiu a Aécio um singelo “boa sorte” no exercício da presidência. Da República? Não, não. Referia-se à presidência do partido. Num evento em que Aécio era a estrela, Serra não pronunciou nenhuma palavra que pudesse soar como um elogio ao novo presidente da legenda. Preferiu enaltecer a experiência dos demais membros da Executiva –quatro dos quais ligados a ele.
“A esta presidência, a esta Executiva, a ela nós atribuímos a responsabilidade pela construção das nossas forças de oposição”, acrescentou Serra, como que lavando as mãos. “A ela atribuímos a responsabilidade de conduzir nosso partido, e as oposições no Brasil, à vitória que o povo brasileiro merece no ano que vem.”
O PSDB fretara um avião para trazer a Brasília sua caciquia de São Paulo. Convidado a embarcar no voo na companhia do amigo FHC e de Geraldo Alckmin, Serra refugou a oferta. Antes de rumar para a convenção, Aécio reuniu em seu apartamento os tucanos que chegariam junto com ele ao evento. Chamado, Serra preferiu se abster.
Aécio chegou à convenção junto com FHC, Alckmin e o senador Aloysio Nunes Ferreira. Embora já estivesse na cidade, Serra não regulou seu relógio pelos ponteiros dos outros. Impôs aos demais uma espera de cerca de 30 minutos. Ao chegar, recebeu aplausos exclusivos.
“Eu vou lutar como sempre”, disse Serra a alturas tantas. “Com clareza, com lealdade, sem ambiguidades ou palavras de sentido impreciso. Porque esse é meu estilo. Não tenho porta-vozes. Não tenho intermediários. Não tenho intérpretes. Quem quiser saber o que penso tem só uma fonte confiável: eu mesmo. E conto com lealdade recíproca.”
Sem porta-vozes, fica difícil saber que culpas Serra atribui a Aécio por sua derrota na sucessão de 2010. Mas parece evidente que o ex-rival de Dilma Rousseff carrega nos fundões da alma íntimos e insondáveis pântanos.
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