Impostos perdidos nos paraísos fiscais poderiam eliminar pobreza extrema no mundo
Segundo
o relatório da organização não-governamental (ONG) Oxfam, divulgado
esta terça feira, os paraísos fiscais escondem 14 biliões de euros, o
que implica uma perda de receita fiscal para os governos de cerca de
120 mil milhões de euros, o suficiente para eliminar, por mais de duas
vezes, a pobreza extrema no mundo.
No documento, a Oxfam refere ainda que “em momentos como o atual, em que cidadãos de países ricos e pobres sofrem com a austeridade devido aos défices dos orçamentos nacionais, esse dinheiro poderia proporcionar o financiamento de serviços públicos essenciais, como saúde e educação”.
“É escandaloso que se permita que tanto dinheiro não seja sujeito a taxação, deixando de fora os indivíduos que mais têm possibilidade de pagar os bens e os serviços públicos. Muitos governos alegam que não têm alternativa senão cortar nas despesas públicas e no apoio ao desenvolvimento, mas nós descobrimos que a receita dos impostos provenientes da taxação do dinheiro escondido nos paraísos fiscais seria suficiente para acabar com a pobreza extrema no mundo por duas vezes”, avançou o representante da Oxfam Kevin Roussel.
Os números da organização apontam que “dois terços dos fundos, cerca de 9,5 biliões de euros, estão em paraísos fiscais relacionados com a União Europeia”, sendo que, do total dos 14 biliões, um terço está em paraísos fiscais britânicos.
Na sua análise, a Oxfam recorreu à lista dos EUA de paraísos fiscais, dos quais 21 estão relacionados com a UE, e dez são paraísos fiscais britânicos - Anguila, Bermudas, Ilhas Virgens Britânicas, Caimão, Gibraltar, Guernsey, Ilha de Man, Jersey, Montserrat e Turks e Caicos.
Emma Seery, chefe de Finanças do Desenvolvimento e Serviços Públicos da Oxfam, afirmou que os números obtidos pela orgnização “colocam o Reino Unido no centro de um sistema fiscal global que é uma traição colossal para as pessoas deste país e dos países mais pobres que estão a lutar para sobreviver, e posicionam o governo ao lado de uns poucos privilegiados”. “Se eles querem ficar no lado certo deste debate, agora é a hora de agir”, alertou.
A representante da ONG salientou também que "o Reino Unido e a Europa não podem ficar parados e assistir a mais pessoas transformarem-se em vítimas da austeridade, enquanto o erário público é despojado de milhares de milhões” e referiu que “a menos que a UE concorde com uma lista negra dos paraísos fiscais e defina sanções claras, teremos pouco mais do que verbos de encher por parte dos líderes".
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