terça-feira, 21 de maio de 2013

ANOS DE CHUMBO - Em nome de quem atuam os generais que falam de política?



Eis aí a questão e a pergunta: em nome de quem falam esses dois generais, Luiz Eduardo Rocha Paiva e Luiz Adolfo Sodré de Castro, que até há pouco tempo exercia o comando militar do Planalto e dirigia a Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME), respectivamente? Em nome deles, ou da instituição militar, ou de seus comandantes?

Vasto material publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo no fim de semana registra que oficiais recém-aposentados (entre os quais estes dois) reagem à Comissão Nacional da Verdade (CNV). O que já é público e todos acompanham com preocupação, mas o Estadão reforça isto, há uma geração de oficiais de alta patente, que há dois, três anos estavam ainda na ativa, para quem a comissão é revanchismo de esquerda.

O incômodo desses militares ficou claro no depoimento do coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, na semana passada, quando estes dois generais tomaram as dores do ex-chefe do DOI-CODI de São Paulo. O  general Luiz Adolfo Sodré de Castro (chefe do comando Militar do Planalto até 2011, quando passou à reserva), protestou contra a intervenção do torturado vereador paulistano Gilberto Natalini (PV). E reagiu, exaltado, quando Natalini pediu para não ser chamado de terrorista. “E vai fazer o que comigo? Vai me matar?”, respondeu Sodré de Castro, gritando.

Como pode quem tinha 12 anos em 64 defender os crimes da ditadura?


O outro general da reserva, Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-comandante da ECEME, figura de destaque em sua Força, também acompanhou a audiência pública da comissão em que Brilhante Ustra depôs da Comissão da Verdade na semana passada. Ele foi, também, secretário-geral do Comando do Exército. Paiva, 62 anos e, dessa geração de oficiais que atacam a CNV, é o mais crítico à instalação da comissão.

Na véspera da sessão que ouviu Ustra, Paiva participou de uma audiência pública na Câmara, que discutiu projeto da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) que pretende rever a Lei de Anistia e prega a punição para os militares que atuaram na ditadura. “Não houve terrorismo de Estado, mas defesa do Estado contra a ameaça de modelos que vinham de Pequim, Moscou e Havana. Deveria ser feita a reconstituição de graves violações e prestada assistência às 120 vítimas dos que estavam do outro lado. Não são cidadãos de segunda”,  disse o general.

Respondam-me em seus comentários ao blog e analisem comigo: como é possível que generais que tinham 12 anos de idade em 1964 (ano do golpe) defendam os atos da ditadura e seus crimes, mais do que provados e comprovados? Como é possível que tenham sido promovidos e ocupado postos de comando importantes nas Forças Armadas?

Isso só configura que algo está muito errado depois de 25 anos da Assembleia Nacional de Constituinte e 50 anos depois do golpe militar.

Blog do Zé dirceu

Nenhum comentário: