Cabral ameaça virar as costas a Lula e voltar aos braços de FHC
política
por Helena Sthephanowitz, para a Rede Brasil Atual publicado 27/05/2013 13:39, última modificação 27/05/2013 14:53
Pezão, Dilma, Paes e Cabral: manutenção forçada da aliança PT/PMDB no pode custar caro para o atual governador do Rio
O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB-RJ) ameaça fazer a pior escolha que um político poderia fazer neste momento: trocar a companhia de Lula e Dilma em seu palanque pelo deputado mais caro do Rio (leia abaixo), Eduardo Cunha (PMDB-RJ), junto com Aécio Neves (PSDB-MG) e FHC.
Escolha tão desastrosa quanto o governador Eduardo Campos (PSB-PE) trocar a companhia de Lula pela de Jorge Bornhausen (ex-DEM-SC) e José Serra (PSDB-SP).
Em reunião com o PMDB na sexta feira (24), Cabral ameaçou apoiar Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014, se o PT mantiver a candidatura do senador petista Lindbergh Farias a governador.
Em reunião com o PMDB na sexta feira (24), Cabral ameaçou apoiar Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014, se o PT mantiver a candidatura do senador petista Lindbergh Farias a governador.
Talvez, por ter sido descoberto na traição, depois que vazou o conteúdo da reunião, Cabral negou à imprensa, afirmando não ter feito declaração pública nestes termos, mas... confirmou que disse na reunião do PMDB que era muito amigo de Aécio e até seu filho tem Neves no nome.
Lindbergh era o pré-candidato do PT a governador em 2010. Já cedeu a vez a Cabral naquele ano, para o PT apoiar a reeleição do atual governador e saiu candidato ao Senado. Foi campeão de votos em 2010. Agora o candidato natural ao governo do Rio da coligação PT-PMDB obviamente é Lindbergh.
O PT também apoiou a reeleição do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que também é do PMDB. Agora, não tem cabimento o PT ceder a vez em todas as eleições, principalmente em 2014, quando o PMDB não tem um candidato forte e natural no Rio, e o PT tem.
Cabral quer impor o vice-governador Pezão, do PMDB, como candidato. O PT do Rio não briga com o direito de o governador insistir em uma candidatura. tirada da cartola. que corre o sério risco de perder, em vez de apoiar a candidatura que seria a natural da coligação: a de Lindbergh. Mas também o PT do Rio não tem motivo para abrir mão de seu candidato, que é forte e, inclusive, dá um palanque forte à Dilma, apenas por projeto de poder do PMDB fluminense.
Nesse quadro, o bom-senso político recomendaria Sérgio Cabral trabalhar por seu candidato, e conviver com a candidatura de Lindbergh. Ambos se posicionando no mesmo palanque de Dilma e Lula, com neutralidade da presidenta e do ex-presidente, pelo menos até que a eleição fique polarizada entre um dos dois candidatos a governador e outro da oposição.
O gesto do governador de querer impedir a candidatura de Lindbergh, expõe a fragilidade de Pezão e a força de Lindbergh. Cabral está passando o recado para as bases do PMDB de que seu candidato perde se tiver adversário. O problema é que sem Lindbergh, Pezão terá adversários do mesmo jeito. E tende a perder para Garotinho (PR-RJ).
Para piorar, as relações de Cabral com Dilma azedaram quando ele articulou o problemático deputado Eduardo Cunha, seu colega de partido e da bancada do Rio, como líder do PMDB. Cunha tem um estilo peculiar de fazer política, que, para atingir seus objetivos, cria dificuldades nas votações no Congresso, atrapalhando a governabilidade mais do que a oposição.
Não é só na MP do Portos que Cunha teve uma atuação contra o governo. No período Lula, Cunha atrasou tanto a relatar a renovação da CPMF, que a oposição ganhou força e venceu no Senado. Os meios políticos apontam a "greve" de Cunha na tramitação do relatório à exigência de nomeações em Furnas.
Lula e Dilma ajudaram naquilo que puderam Cabral a fazer um bom governo. Cabral, através de Cunha, está traindo essa boa relação, ao atrapalhar Lula e Dilma a governar. Óbvio que também surge a suspeita da atuação “chantagista” de Cunha esteja sendo usada para pressionar a retirado da candidatura própria do PT do caminho. A promessa de mais uma vez uma CPI da Petrobras mostra bem a pressão ao Palácio do Planalto
Só que Cabral pode estar dando tiro no pé, porque não é só ele que sabe fazer jogo político. Os outros também sabem. Dilma, se estiver bem informada, sabe que se a candidatura de Pezão está complicada sendo uma candidatura aliada ao governo dela bem avaliada no Rio, se for para oposição tendo no palanque FHC-Aécio e Eduardo Cunha, aí que irá para o precipício de vez. Além disso quanto mais oposição (mesmo que disfarçada) o PMDB do Rio fizer, mais Dilma e Lula terão que apoiar candidatos de outros partidos da base governista no estado, para eleger uma bancada mais consistente em 2014.
Como se vê, Cabral está blefando sem ter cartas boas na mão. Mas numa coisa Cabral tem razão. Desde o segundo turno de 2006 ele se aproximou de Lula e comportou-se como um regenerado, pelo menos nas diretrizes políticas. Mas como ex-tucano, se ele não tiver força de vontade em resistir aos antigos vícios, pode ter uma recaída...
Quem é Eduardo Cunha? Ele teve a campanha a deputado federal mais cara do Rio de Janeiro em 2010, e é ardoroso defensor do financiamento privado de campanha, obstruindo colocar em votação a reforma política na câmara que previa o financiamento exclusivamente público.
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