Nossa série sobre mudanças nas comunicações na região prossegue e sugere: a despeito das características nacionais, tentativas democratizantes têm história e tendências comuns
Por Cibelih Hespanhol
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“Que tempos são esses
em que temos de devender o óbvio?”
Bertolt Brecht
em que temos de devender o óbvio?”
Bertolt Brecht
Por muito tempo, as veias abertas dos países
latino-americanos permitiram a presença de corporações que exerceram a
atividade de comunicação em grande escala, e sem empecilhos. No Brasil, a
Rede Globo responde por 56% da audiência da TV aberta; na Argentina, o
Grupo Clarín controla 41% do mesmo setor.
Os regimes militares vividos pelos países
latino-americanos serviram para pôr este assunto no limbo, e a tendência
neoliberal dominante nos anos 1980 e 1990 caracterizou a comunicação
como questão comercial, e não direito humano.
Hoje, a eleição de governos “mais ou menos de esquerda”
aponta para crescente participação popular, em um assunto até então
protagonizado apenas pelo Estado e pelas empresas. A Ley de Medios
argentina foi debatida em reuniões com líderes sindicais e estudantis.
Mujica, no Uruguai, aprovou novas outorgas de TV digital a partir de
assembleia aberta e transparente. No Brasil, a lei que pede a
democratização é de iniciativa popular.
Pouco a pouco vamos, como população, compreendendo que a
comunicação é um direito social que deve ser garantido pelo Estado. A
rejeição à ideia de “intervenção estatal” começa a dar lugar à
consciência de que é necessário regulamentar a atividade das
corporações. O que se defende nestas lutas que se rompem pelo território
latino, não é a estatização da comunicação ou a tirania arbitrária do
governo, mas a recuperação da ideia mínima de democracia: a atuação das
instituições sociais para garantir os direitos humanos, como por exemplo
o direito (há tempos perdido) de se ver representado na tevê.
Blog Outras Palavras
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