MÍDIA - O "arrependimento" global.
O "arrependimento" global
Tenho dito aqui, com frequência, que o império global está
reescrevendo a história recente do Brasil sob sua ótica, objetivando,
evidentemente, tentar limpar sua barra perante a opinião pública. A
última dos Marinho é esse falso arrependimento pelo editorial que
antecedeu o golpe de abril de 64 e seu “equivocado apoio à ditadura
militar”.
Os vários projetos de “memória” criados pelas várias mídias que
compõem o conglomerado Globo, ao lado de mostrar o lado colorido dos
acontecimentos, têm na realidade o objetivo de transformar em verdades
absolutas os muitos pecados cometidos, especialmente no que se refere à
alienação da opinião pública.
Projetos de memória, para ter algum valor histórico, precisam buscar o
contraditório, se não vira samba de uma nota só ou do pensamento único.
O império do Jardim Botânico consegue fazer a cabeça dos noveleiros,
mas não das camadas mais politizadas da população. Os manifestantes
deixaram isso muito claro no mês de junho passado quando incluíram em
seus protestos o velho refrão (tem mais de 20 anos, é do tempo do
Brizola) “o povo não é bobo....” e outros mais recentes surgidos da
criatividade do brasileiro. As gerações mudam, mas o papel do grupo
Globo durante o período de escuridão que o país viveu não é esquecido.
O que a “memória global” não consegue explicar é como um modesto
vespertino carioca, fundado por Irineu Marinho, que nem tinha a edição
dominical, transformou-se no império que todos conhecemos hoje, com
dezenas de publicações, um sem número de canais de televisão (além de
uma distribuidora de canais) e investimentos em outras áreas. Tudo isso
construído depois de 1964. Não é uma estranha coincidência?
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