segunda-feira, 2 de setembro de 2013

NOVO SUSPEITO NO ATAQUE QUÍMICO: ARÁBIA SAUDITA.

Com aparente convicção, David Cameron, o primeiro ministro do Reino Unido, garantiu que Assad fora responsável pelas bombas químicas lançadas em Ghouta.

Baseou-se em informações do seu serviço secreto cuja lógica seria “perfeita”: os vídeos provavam o ataque e, como os rebeldes não teriam condições de produzir os gases tóxicos, o culpado só poderia ser o regime sírio.
A conclusão desse raciocínio parece ter sido desmontada.
Matéria do MintPress News, publicada em 30 de agosto, revela que o dedo da Arábia Saudita pode estar na operação proibida.
Entrevistas feitas no próprio local do incidente entre moradores, combatentes rebeldes, seus pais e esposas, apontam para uma possível cumplicidade da Arábia Saudita.
Através dos bons ofícios do príncipe Bandar, chefe da segurança do petro-reino, grupos rebeldes receberam carregamentos de gás sarin.
Sob a orientação do miliciano saudita, Abu-Ayesha, líder de um batalhão, o gás, acondicionado em tubos e imensos garrafões, foi armazenado  em túneis.
Abdel-Monein, pai de um miliciano do exército rebelde, conta que seu filho e mais 12 combatentes morreram nesses túneis, durante o ataque químico.
Uma miliciana das forças anti-Asssad, cognome “k”, reclamou que não foram informados sobre o gás e nem como fazer seu manuseio.
“Quando o príncipe Bandar forneceu essas armas, deveria fornecê-las a quem sabe manusear e usá-las.”
Parece que o grupo Nussra, ligado à al-Qaeda, foi um dos contemplados. Logo após o ataque químico a Ghouta, o Nussra ameaçou que retaliaria, promovendo um ataque similar contra civis da cidade de Lathakia, o coração do regime Assad.
Esse príncipe Bandar mantém excelentes relações com os serviços de inteligência americanos e foi nomeado pelo rei da Arábia Saudita para promover a todo custo a derrubada de Assad.
O jornal inglês Daily Telegraph relata que em encontro com Putin, tentou convencê-lo a abandonar Assad em troca de uma venda de 15 bilhões de dólares em armas para seu país, além de petróleo a preços de banana.
Acrescentou uma proposta de transação bem no estilo de Al Capone, Lucky Luciano e outros cidadãos da honorabile societá: a venda de proteção.
Conforme o Daily Telegraph : “O príncipe Bandar prometeu a manutenção da base naval da Rússia na Síria, no caso do regime Assad cair.” Ele teria explicado: “Eu posso dar a vocês garantia de proteger os Jogos de Inverno, no próximo ano. Os grupos chechenos que ameaçam a segurança dos jogos são controlados por nós.”
Como se sabe, Putin não topou – nenhum estadista que se preze vende a política externa do seu país.
Acostumada a comprar tudo (inclusive consciências), a Arábia Saudita parece estar seriamente implicada no uso das armas químicas na guerra da Síria.
Convinha que a ONU liderasse uma nova investigação para apurar melhor os fatos e as responsabilidades deste país.
Hipocritamente, a monarquia absolutista saudita é um dos mais indignados acusadores do governo da Síria.
Parece que sua veemente condenação da desumanidade das armas químicas se restringe a apenas quando o regime de Damasco as teria usado.
A reportagem da Mint Press News derruba o argumento-chave da inteligência britânica para culpar Assad beyond a reasonable doubt.
Fica claro que também os rebeldes teriam condições de lançá-las.
O autor da matéria, Dale Gavlak, é correspondente do Mint Press News e da Associated Press, para o Oriente Médio. Expert no assunto, ele vive há mais de duas décadas em Aman, Jordânia.

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