terça-feira, 10 de setembro de 2013

SÍRIA: o gás e o correio do Coronel.


Enquanto o Nobel da Paz, Barack Obama, tenta convencer o Congresso de que é necessária a guerra, na internet surge uma notícia interessante que deita uma luz ainda mais sinistra sobre os recentes acontecimentos na Síria.

Tudo começa com uma série de e-mail que um hacker teria interceptado e publicado on-line: é a troca de comunicações entre um ex-oficial americano, o Coronel. Anthony J. MacDonald (aposentado-se nas última semanas) e um funcionário do Ministério da Defesa dos Estados Unidos, Eugene Furst.

Nas horas a seguir ao massacre do gás sarin, no passado 21 de Agosto, o funcionário dá os parabéns ao Coronel por via do mais recente sucesso deste último, anexando no mesmo mail o link do artigo do Washington Post do mesmo dia, artigo que dá notícia do terrível ataque.

Outra troca de e-mail, talvez ainda mais preocupante , é entre a esposa do Coronel, Jennifer, e uma amiga, Mary Shapiro, preocupada com quanto acontecido na Síria. Eis a resposta da Sra. MacDonald:
Olá Mary,
vi e fiquei muito assustada. Mas Tony tranquilizou-me. Diz que os meninos não foram afectados, que foi feito para as câmaras. Então não te preocupe, minha querida.

Primeira pergunta: qual o grau de confiança perante estes dados? É possível acreditar nestas mensagens?
Por enquanto não há uma resposta definitiva. Mas é interessante realçar como estas mesmas informações estejam a ser divulgadas pelo diário britânico Telegraph e por outras publicações "conceituadas" (Global Research, por exemplo).

É também importante realçar como o hacker em questão não se limitou a publicar apenas a correspondência aqui citada, mas também numerosos outros correios electrónicos privados, tanto do Coronel MacDonald quanto da esposa dele (no total: quatro dezenas de mails do Coronel, 45 da esposa dele). Isto pode facilitar bastante, caso a intenção das pessoas envolvidas seja demonstrar a falsidade dos dados apresentados.

Mas por enquanto não é possível acrescentar mais do que isso.

O negócio da guerra
  
A família MacDonald
O Coronel MacDonald é um oficial norte-americano com vasta experiência operacional no domínio da militar, como fica claro a partir do seu registo militar publicado na web, tendo trabalhado, entre outros, no Iraque (com a tarefa da intelligence, espionagem clássico), na base de Abu Ghraib, em colaboração com os serviços estrangeiros, e tendo apoiado, sempre nas tarefas de espionagem, o comando do V USA Corps que actuava tanto na guerra contra Saddam Hussein, em 2003, quanto no Afeganistão, até este ano.

Há poucas semanas, no passado mês de Junho, MacDonald aposentou-se, tendo sido logo assumido pela Techwise , uma empresa de contractors criada em 1994 por Shawnee Huckstep, com as funções de conselheiro especializado na área da intelligence.

Techwise opera por conta dum cliente militar localizado nos Emirados Árabes Unidos, num projecto aprovado pelo governo dos EUA como parte da sua política para o Oriente Médio: é, com toda a probabilidade, o Conselho de Cooperação do Golfo, uma espécie de mini- NATO que reúne os regimes conservadores de orientação sunita do Golfo Pérsico, Conselho armado pelos EUA em função anti-iraniana.

O Conselho de Cooperação do Golfo, de facto, é mencionado no site da Techwise como principal cliente da empresa.

Tudo faz parte dum contexto que mereceria mais atenção pois no e-mail entre o Coronel e o funcionário da Defesa há uma referência que deixa aberta não poucas dúvidas. Como o oficial escreve:
Temos que trabalhar tanto com o teatro e com as suas necessidades quanto com a organização que detém o contracto para garantir que haja nem muito nem poucos contractors.
Seguem duas indicações aparentemente enigmáticas:
CITP - Rock Island Contract
CIAT - DIA Contract.
O que pode significar tudo isso? E por qual razão os "parabéns" ao Coronel? Qual a operação de sucesso do dia 21 de Agosto na Síria?

Como é sabido, os EUA utiliza contractors (isso é: empresas privadas contratadas) para realizar uma série de actividades que vão desde a logística militar ao apoio em combate, a ponto de que esta área há muito tornou-se um negócio muito lucrativo para empresas geralmente fundadas por ex-militares. Estes adquirem os contractos milionários e recrutam o pessoal de nacionalidade americana e estrangeira.

Os dados fornecidos em Abril de 2013 pelo U.S. Centcom, o comando operacional dos EUA responsável para o teatro do Médio Oriente, mostram um total de mais de 133 mil contractors assim repartidos:
  • 107 mil no Afeganistão
  • 7.900 no Iraque
  • mais de 17.000 em "outros locais" não especificados.
No total, 42.000 são cidadãos americanos.
Um dos correios electrónicos publicados
Dito isso, é um pouco mais simples entender a expressão "CITP - Rock Island Contract": é o Army Contracting Command de Rock Island, que com 550 funcionários gere mais de 80 biliões de Dólares de contratos da Defesa dos EUA (11 % do "bolo" anual do Exército americano). E entre as actividades desenvolvidas por estes mercenários ao serviço de Washington há também a CITP, acrónimo de Counter Insurgency Targeting Programme (Programa de Contra-Insurreição), uma das componentes fundamentais dos programas para combater as forças de guerrilha islâmica genericamente conhecidas no Ocidente como Taliban. Como explica outra empresa de contractors:
Os analistas CITP conduzem pesquisa e análise, recolhem, avaliam, treinam e integram todas as fontes de espionagem, concentrando-se em áreas relacionadas com as prioridades nacionais e de teatro norte-americanos: analisam e identificam as redes de contra-insurreição, individuam os IED (dispositivos explosivos improvisados​​) e os ataques em rede (ATN ).
Outra sigla, CIAT, significa Counter Insurgency/IED Analytical Team (Contra-Insurreição/Equipa de Análise IED), ou seja, um outro ramo das mesmas actividades, desta vez em contacto com a DIA, a Defense Intelligence Agency (Agência de Intelligence de Defesa).

O cenário assim formado não deixa de ser preocupante: entre as actividades que este tipo de especialistas desenvolvem no Médio Oriente em nome do governo dos EUA, há também actividades de desestabilização dos Países considerados inimigos, como no caso da Síria?
Como explicar de outra maneira os "parabéns" ligados ao link do ataque com gás sarin?

Isso poderia explicar a dureza com a qual o governo russo condenou veementemente a informação fornecida pelo ministro da Defesa dos EUA, John Kerry: os Russos têm informações relacionadas com o ataque e os responsáveis?

Somamos a isso outros pormenores inquietantes, como as fotografias que John Kerry utilizou para apresentar o ataque com gás na Síria (fotografias relativas ao Iraque de 2003), o relatório da Administração Obama no qual é afirmado que Washington sabia do ataque três dias antes deste acontecer....o quadro é preocupante.


Ipse dixit.  

Fontes: The Telegraph, Global Research, OrientalReview, Pastebin (o site para o qual o hacker fez o upload dos e-mails), Daily Mail,  

Nenhum comentário: