Na entrevista de fim de ano para a
imprensa, o presidente do banco Central Alexandre Tombini considerou
como positivo o processo de transição na economia global, em relação ao
fim dos estímulos monetários do FED (o BC norte-americano). Chamou de
“volatilidade do bem”.
Tem razão.
Primeiro, porque o final dos estímulos
monetários se dará quando houver convicção da recuperação da economia
norte-americana. Com a economia chinesa também se recuperando,
significará que as duas principais economias do mundo poderão puxar o
crescimento global.
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O segundo ponto relevante é a desmistificação do cataclisma anunciado, quando o FED tirar os estímulos.
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No mercado, ninguém morre de véspera. É
quase impossível a crônica de mortes anunciadas com muita antecedência,
simplesmente porque, antes do evento, o mercado começa a se ajustar por
si.
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Um dos efeitos do final dos estímulos
será a volta do fluxo de capitais para os títulos do Tesouro
norte-americano. Esses fundos venderão sua posição em moeda estrangeira e
comprarão dólares para investir em títulos do Tesouro norte-americano.
Quando isso ocorrer, haverá uma valorização do dólar e uma
desvalorização das demais moedas.
Suponha o seguinte exemplo:
- O fundo A aplicou US$ 100 milhões no país, com o dólar valendo R$ 2,00 reais, ou R$ 200 milhões. Ganhou 20% no período, ficando com R$ 240 milhões.
- Se sair enquanto o dólar estiver em R$ 2,30, resgatará US$ 104,3 milhões. Se o dólar for a R$ 2,50, resgatará apenas US$ 96 milhões.
Por conta dessa imprevisibilidade, parte
dos fundos começa a sair mais cedo, de tal maneira que, no dia em que
houver a retirada dos estímulos, grande parte dos recursos voláteis já
estará fora dos emergentes.
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O mesmo ocorre com a curva de juros dos
títulos públicos brasileiros. Com a saída dos dólares e os boatos de
rebaixamento nas avaliações do Brasil pelas agências de risco, já houve
um descolamento prévio nas taxas dos títulos públicos.
É uma velha regra de mercado, segundo a qual especula-se no boato e realiza-se no fato.
Se não haverá a temida explosão, a
economia terá que conviver com uma depreciação maior do real, que terá
algum impacto nos índices de preços.
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O cenário de 2014 está relativamente dado.
A economia continuará em um ritmo baixo
de crescimento, mas estimulada pelo destravamento dos leilões de
concessão e pela aceleração final das obras da Copa. O dólar permanecerá
pressionado, com o BC evitando valorizações mais expressivas.
Mesmo com a revoada de investimentos para os EUA, o Brasil continuará apresentando taxas de juros reais compensatórias.
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Esses períodos de trégua poderiam ser melhor aproveitados para uma discussão mais aprofundada sobre o Brasil a partir de 2015.
Em muitas áreas, haverá o amadurecimento
de experiências. Na área de logística, por exemplo, espera-se que os
investimentos já estejam a pleno vapor, com a consolidação da EPL
(Empresa de Planejamento em Logística),
Mas está na hora de destravar questões
estruturais, como reforma política, a colcha de retalhos fiscal e a
barafunda burocrática que ainda emperra o ambiente de negócios.
É o que falta para completar o enorme salto representado pelo amadurecimento das políticas sociais.
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