Stédile se encontra com o Papa e defende novo modelo de reforma agrária
Vasconcelo Quadros
iG São Paulo
Após participar de encontro no Vaticano, o
economista João Pedro Stédile, líder do MST atacou, em entrevista, o
sistema capitalista e defendeu um novo modelo de reforma agrária que una
‘campo e cidade’
Principal dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), Stédile voltou de uma audiência com o Papa Francisco, no
Vaticano, disposto a dar uma guinada no modelo de reforma agrária
clássica que o movimento pregou nos últimos 30 anos.
Stédile quer uma mudança de paradigma: “É preciso lutar por uma reforma agrária popular, que interesse a todo o povo e não apenas aos camponeses (…), uma aliança que junte os trabalhadores das cidades e do campo”, afirma o dirigente do MST numa entrevista gravada em vídeo e divulgada nesta terça-feira.
Stédile quer uma mudança de paradigma: “É preciso lutar por uma reforma agrária popular, que interesse a todo o povo e não apenas aos camponeses (…), uma aliança que junte os trabalhadores das cidades e do campo”, afirma o dirigente do MST numa entrevista gravada em vídeo e divulgada nesta terça-feira.
Segundo ele, o atual modelo, baseado na
divisão de terras aos pequenos produtores, já se esgotou. Até na
Venezuela, onde o ex-presidente Hugo Chávez formou um estoque de sete
milhões de hectares, diz, faltam camponeses para assentar.
João Pedro Stédile diz que a reforma agrária tradicional foi “bloqueada e está parada” no Brasil e no mundo inteiro pelo sistema capitalista, que está promovendo uma verdadeira avalanche de capital para expandir o agronegócio baseado na monocultura. PRIVATIZAR ATÉ O AR
“Eles (empresas multinacionais e bancos) vão aos países para privatizar a terra, a água, os recursos naturais das florestas. E agora estão tentando privatizar inclusive o ar com essa política de crédito de carbono”, afirma o economista. Stédile sustenta que as empresas usam GPS para mapear os níveis de oxigênio e fotossíntese das florestas, transformando esses recursos em títulos de valores fictícios que são vendidos nas bolsas europeias para compensar a emissão de gás carbônico produzido por esses mesmos grupos.
“É uma hipocrisia completa. O capitalista está ganhando dinheiro (com a poluição que produz) e se apropriando até do ar”, cutuca o dirigente do MST. O novo modelo de reforma agrária, segundo Stédile, deve ser o da agroecologia, com uma revolução nos métodos de produção, substituindo a monocultura pela diversificação, a destruição das matas pelo reflorestamento e as commodities agrícolas por alimentos.
“Tem de trocar a matriz tecnológica predadora – baseada no uso intensivo de máquinas e defensivos agrícolas – pela agroecologia e investir na produtividade em equilíbrio com a natureza”, afirma. Segundo ele, o novo modelo passa também pela democratização do conhecimento através de uma revolução educacional que alcance famílias de trabalhadores urbanos e camponeses.
UM NOVO MODELO
Stédile acha que embora o modelo atual de reforma agrária, iniciado no século 20, tenha sido suplantado pelo avanço do capitalismo, o novo modelo é possível. “Sou otimista. Ainda verei uma reforma agrária popular no mundo e o Papa Francisco vai nos ajudar”, disse o dirigente, que participava do Fórum Social Mundial e do encontro com o Papa Francisco, no último dia 7.
No vídeo, gravado no Teatro Valle Occupato, em Roma, Stédile fala também sobre o predomínio de multinacionais e bancos no controle da terra e dos sistemas de produção e critica o fracasso dos governos neoliberais e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) na produção de alimentos e combate a fome.
João Pedro Stédile diz que a reforma agrária tradicional foi “bloqueada e está parada” no Brasil e no mundo inteiro pelo sistema capitalista, que está promovendo uma verdadeira avalanche de capital para expandir o agronegócio baseado na monocultura. PRIVATIZAR ATÉ O AR
“Eles (empresas multinacionais e bancos) vão aos países para privatizar a terra, a água, os recursos naturais das florestas. E agora estão tentando privatizar inclusive o ar com essa política de crédito de carbono”, afirma o economista. Stédile sustenta que as empresas usam GPS para mapear os níveis de oxigênio e fotossíntese das florestas, transformando esses recursos em títulos de valores fictícios que são vendidos nas bolsas europeias para compensar a emissão de gás carbônico produzido por esses mesmos grupos.
“É uma hipocrisia completa. O capitalista está ganhando dinheiro (com a poluição que produz) e se apropriando até do ar”, cutuca o dirigente do MST. O novo modelo de reforma agrária, segundo Stédile, deve ser o da agroecologia, com uma revolução nos métodos de produção, substituindo a monocultura pela diversificação, a destruição das matas pelo reflorestamento e as commodities agrícolas por alimentos.
“Tem de trocar a matriz tecnológica predadora – baseada no uso intensivo de máquinas e defensivos agrícolas – pela agroecologia e investir na produtividade em equilíbrio com a natureza”, afirma. Segundo ele, o novo modelo passa também pela democratização do conhecimento através de uma revolução educacional que alcance famílias de trabalhadores urbanos e camponeses.
UM NOVO MODELO
Stédile acha que embora o modelo atual de reforma agrária, iniciado no século 20, tenha sido suplantado pelo avanço do capitalismo, o novo modelo é possível. “Sou otimista. Ainda verei uma reforma agrária popular no mundo e o Papa Francisco vai nos ajudar”, disse o dirigente, que participava do Fórum Social Mundial e do encontro com o Papa Francisco, no último dia 7.
No vídeo, gravado no Teatro Valle Occupato, em Roma, Stédile fala também sobre o predomínio de multinacionais e bancos no controle da terra e dos sistemas de produção e critica o fracasso dos governos neoliberais e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) na produção de alimentos e combate a fome.
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