terça-feira, 17 de dezembro de 2013

POLÍTICA - A trairagem tem seu preço.

Rede e PSB não se entendem na maioria dos Estados e dificuldades tendem a aumentar



Enquanto o PT sai unido de seu 5º Congresso Nacional, inclusive com a resolução aprovada pela maioria, pela qual o partido se compromete a apoiar “todas as iniciativas e ações da militância, dos movimentos sociais, e personalidades e da sociedade civil em favor da reparação das injustiças e ilegalidades cometidas” contra os presos da Ação Penal 470, o PSB da dupla parceira ex-senadora Marina Silva (Rede) e governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), segue sua marcha para o esfacelamento.
Previsão – e não torcida – sempre colocada aqui neste blog pelo ex-ministro José Dirceu enquanto o escrevia diariamente. Como previu Dirceu, agora PSB e Rede já discutem o racha na parceria até em público, como o fizeram no fim de semana no 1º Seminário Programático da Rede, em que divergiram abertamente.
Eduardo Campos dourou a pílula, tentou esbanjar otimismo afirmando que a relação Rede-PSB é “tranquila” em 20 dos 27 Estados e Marina refutou antecipando que não é nada disso e que a aliança entre os dois nas disputas regionais do ano que vem só ocorrerá onde – e se – chegarem a um programa comum.
União difícil também no futuro
Não se entendem nem nas alianças regionais e nem sobre quem será, na dupla parceira, o candidato ao Palácio do Planalto para disputar com a presidenta Dilma Rousseff. Marina ora diz que será Eduardo Campos, ora se contradiz em seguida, e o parceiro diz que isso nem é assunto em discussão ainda. Ou seja, conversa para boi dormir, essa é uma questão ainda não decidida entre eles e a disputa pela candidatura entre a dupla – nem tão velada mais pelo menos entre os entre os adeptos de ambos nos dois partidos – corre solta entre eles.
Enquanto isso REDE e PSB se engalfinham em São Paulo e em outros Estados, como Minas, Rio e em Brasília… Em São Paulo, por exemplo, para vingar a aliança Rede-PSB, o partido de Campos terá de romper com o governo tucano do Estado, que apoia há muito tempo, desde o minigoverno de José Serra (janeiro de 2007 – abril de 2010). Também em Minas, o PSB, via prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, há anos apoia o PSDB da dupla de governadores Aécio Neves/Antônio Anastasia.
A situação ilustra bem o fato de que Marina foi para um lado e para um partido dizendo-se oposição, sem se tocar da irresistível vocação do PSB de aderir aos governos de plantão, a maioria do PSDB. Toda a discussão esconde o fato – em boa parte com apoio da mídia – de que palanques fortes para as disputas regionais do ano que vem eles não têm. À exceção de Pernambuco. Dificilmente o PSB, se não contar com o apoio do PT, reelegerá até os três governadores que têm hoje e que podem concorrer à reeleição: os do Espírito Santo, Renato Casagrande, da Paraíba, Ricardo Coutinho, e do Amapá, Camilo Capiberibe.
Outros dois governadores deles não podem disputar a reeleição. Um, aliás, o do Ceará, Cid Gomes, eles perderam, deixou e foi para o PROS. E o outro,o do Piauí, Wilson Martins, já foi governador duas vezes; a 1ª, quando assumiu como vice do governador, hoje senador Wellington Dias (PT-PI).
PSB e sua irresistível vocação a ser governo
O fato, então, é que toda essa conversa entre os dois esconde que o PSB é, também, um aliado histórico do tucanato em quase todos os Estados brasileiros, sejam os tucanos governo ou não. Situação que terá dificuldade de mudar, enfrentará enormes resistências já que os socialistas não querem deixar de ser governo nos Estado.
Em sua origem o PSB atual (houve outro, da redemocratização de 1945 a èxtinção dos partidos pela ditadura em 1965) tem irresistível vocação governista. Daí ser complicado Eduardo Campos, que até outubro era governo, apresentar-se agora e fazer campanha de oposição. E Marina ter ido para um partido que imaginava ser de oposição e não é já que apóia governos na maioria dos Estados.

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