Blog Balaio do Ricardo Kotscho
Inferno astral de Haddad não tem dia para acabar
Peço licença ao Domingos Fraga, meu vizinho de mesa no Jornal da Record News e de coluna aqui no R7, para
meter meu bedelho (a propósito: o que quer dizer bedelho?) nesta
história do inferno astral vivido pelo prefeito Fernando Haddad em seu
primeiro ano de mandato, que parece não ter dia para acabar.
Como passei boa parte do dia no dentista (gastei um terço da minha vida dormindo, um terço trabalhando e um terço no dentista), comecei a escrever a coluna mais tarde nesta quinta-feira e, quando fui ver o Fraga, já tinha escolhido o mesmo tema. Não importa. É que não tem outro assunto mais falado hoje na cidade _ no dentista, no restaurante ou no táxi _, do que o conjunto de erros e más notícias que cercam o nosso prefeito.
Haddad está quase conseguindo uma unanimidade _ todos contra ele. Em meio às queixas cada vez mais raivosas de quem circula (ou melhor, não consegue mais circular) no transito caótico, agravado por obras viárias a granel abertas em pleno mês de dezembro, e das manifestações de sem-teto que se espalham por toda a cidade, até em frente ao prédio onde mora o prefeito, chegou a notícia de que a Justiça suspendeu o aumento do IPTU, a grande esperança de Haddad para mostrar serviço e melhorar sua imagem.
Deu tudo errado, como já mostrou o Fraga. Agora, Haddad corre o risco de ficar sem o dinheiro do imposto e ainda pagar o ônus de não ter comunicado corretamente à população quem será atingido ou não, e quanto, pelo novo IPTU.
Com o leite derramado, a prefeitura prometeu recorrer ao Supremo Tribunal Federal para manter o aumento, só que lá estes casos costumam ser decididos num prazo em torno de oito anos.
Um exemplo da prepotência do prefeito e da falta de diálogo com os diferentes setores da sociedade aconteceu outro dia durante um evento.
Haddad foi tirar satisfação com o presidente de uma importante entidade empresarial: "Por que vocês entraram com este processo contra o aumento do IPTU? O Kassab também aumentou este imposto e vocês nunca entraram com processo contra ele¨.
Surpreso com a atitude do prefeito, o cidadão que foi interpelado limitou-se a responder que sua entidade entrou duas vezes com ações na Justiça pelo mesmo motivo durante a administração de Kassab _ não contra o prefeito, mas contra a prefeitura, em defesa dos seus associados. exatamente como agora.
Se Haddad tivesse conversado antes e explicado melhor suas razões a este e a outros lideres da sociedade civil paulistana, de estudantes a empresários, talvez pudesse evitar os protestos de junho, com o aumento das passagens de ônibus e, agora, com as ações contra o IPTU na Justiça.
O que não ajuda, com certeza, é fazer declarações como a que o prefeito deu hoje em entrevista coletiva ao criticar o poder econômico conservador da cidade:"Não vamos fazer mudança cosmética, vamos fazer profundas, estruturais, mesmo que descontentem esta classe conservadora".
Estamos todos de acordo com as mudanças estruturais e profundas, mas vai perguntar ao dono de uma lojinha, como o pai de Haddad já teve, se ele também se considera membro da "classe conservadora" por reclamar contra o aumento de 35% aplicado no comércio e na indústria.
Não se trata de um problema ideológico, caro prefeito, mas de ter ou não condições de arcar com este aumento numa quadra de retração da economia. O contribuinte merece pelo menos mais atenção, mais informações, mais acesso às grandes decisões que mexem com a vida da cidade.
Se apenas 18% da população aprova seu governo, como mostrou o último Datafolha, índice semelhante ao do falecido Celso Pitta em seu primeiro ano de administração, alguma coisa deve estar muito errada na relação entre o prefeito e os cidadãos contribuintes _ e seria valorizar em demasia o poder da "classe conservadora".
Afinal, Haddad foi eleito recentemente pela ampla maioria da população, que acreditou nas suas propostas. Está na hora de coloca-las em prática e não ficar procurando culpados do lado de fora do seu gabinete.
Como passei boa parte do dia no dentista (gastei um terço da minha vida dormindo, um terço trabalhando e um terço no dentista), comecei a escrever a coluna mais tarde nesta quinta-feira e, quando fui ver o Fraga, já tinha escolhido o mesmo tema. Não importa. É que não tem outro assunto mais falado hoje na cidade _ no dentista, no restaurante ou no táxi _, do que o conjunto de erros e más notícias que cercam o nosso prefeito.
Haddad está quase conseguindo uma unanimidade _ todos contra ele. Em meio às queixas cada vez mais raivosas de quem circula (ou melhor, não consegue mais circular) no transito caótico, agravado por obras viárias a granel abertas em pleno mês de dezembro, e das manifestações de sem-teto que se espalham por toda a cidade, até em frente ao prédio onde mora o prefeito, chegou a notícia de que a Justiça suspendeu o aumento do IPTU, a grande esperança de Haddad para mostrar serviço e melhorar sua imagem.
Deu tudo errado, como já mostrou o Fraga. Agora, Haddad corre o risco de ficar sem o dinheiro do imposto e ainda pagar o ônus de não ter comunicado corretamente à população quem será atingido ou não, e quanto, pelo novo IPTU.
Com o leite derramado, a prefeitura prometeu recorrer ao Supremo Tribunal Federal para manter o aumento, só que lá estes casos costumam ser decididos num prazo em torno de oito anos.
Um exemplo da prepotência do prefeito e da falta de diálogo com os diferentes setores da sociedade aconteceu outro dia durante um evento.
Haddad foi tirar satisfação com o presidente de uma importante entidade empresarial: "Por que vocês entraram com este processo contra o aumento do IPTU? O Kassab também aumentou este imposto e vocês nunca entraram com processo contra ele¨.
Surpreso com a atitude do prefeito, o cidadão que foi interpelado limitou-se a responder que sua entidade entrou duas vezes com ações na Justiça pelo mesmo motivo durante a administração de Kassab _ não contra o prefeito, mas contra a prefeitura, em defesa dos seus associados. exatamente como agora.
Se Haddad tivesse conversado antes e explicado melhor suas razões a este e a outros lideres da sociedade civil paulistana, de estudantes a empresários, talvez pudesse evitar os protestos de junho, com o aumento das passagens de ônibus e, agora, com as ações contra o IPTU na Justiça.
O que não ajuda, com certeza, é fazer declarações como a que o prefeito deu hoje em entrevista coletiva ao criticar o poder econômico conservador da cidade:"Não vamos fazer mudança cosmética, vamos fazer profundas, estruturais, mesmo que descontentem esta classe conservadora".
Estamos todos de acordo com as mudanças estruturais e profundas, mas vai perguntar ao dono de uma lojinha, como o pai de Haddad já teve, se ele também se considera membro da "classe conservadora" por reclamar contra o aumento de 35% aplicado no comércio e na indústria.
Não se trata de um problema ideológico, caro prefeito, mas de ter ou não condições de arcar com este aumento numa quadra de retração da economia. O contribuinte merece pelo menos mais atenção, mais informações, mais acesso às grandes decisões que mexem com a vida da cidade.
Se apenas 18% da população aprova seu governo, como mostrou o último Datafolha, índice semelhante ao do falecido Celso Pitta em seu primeiro ano de administração, alguma coisa deve estar muito errada na relação entre o prefeito e os cidadãos contribuintes _ e seria valorizar em demasia o poder da "classe conservadora".
Afinal, Haddad foi eleito recentemente pela ampla maioria da população, que acreditou nas suas propostas. Está na hora de coloca-las em prática e não ficar procurando culpados do lado de fora do seu gabinete.
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