quinta-feira, 25 de junho de 2015

EUA - Desprezo de Washington pela oposição venezuelana.

Documentos confirmam o desprezo de Washington pela oposição venezuelana

Capriles e López receberam treinamento de uma instituição norte-americana que não acredita ser possível derrotar o Chavismo por uma via democrática


IHU - Instituto Humanitas Unisinos
Globovision / Flickr
As conversações bilaterais entre os governos dos Estados Unidos e da Venezuela para melhorar as relações não significam que os primeiros tenham abandonado seu interesse em derrubar a revolução bolivariana. Mas confirmam o que foi revelado em documentos oficiais norte-americanos em que especialistas contratados por Washington reconhecem a mediocridade da oposição venezuelana e sua pouca capacidade de vencer.

A reportagem é de Jean-Guy Allard e publicada por Aporrea, 18-06-2015. A tradução é de André Langer.

Esses textos datados de 2005-2006, que provêm do IRI – o think tank do Partido Republicano norte-americano – foram mantidos em sigilo até recentemente, quando o pesquisador francês Romain Migus os recebeu, enviados por uma “mão amiga”, e revelou seu conteúdo no sítio La Pluma.

Os estudos de inteligência contratados pelo Departamento de Estado demonstram um alto nível de profissionalismo. São também de tremenda atualidade: propõem a alternativa de uma oposição que recorre à violência diante de sua incapacidade de ganhar o poder pela via eleitoral.

Os documentos ensinam claramente que o Departamento de Estado encarregou ao IRI a tarefa de conceber, programar e executar programas de treinamento subversivo na Venezuela contra o governo revolucionário.

Uma longa história de ingerências

O IRI tem uma longa história de ingerências no país sul-americano.

Em 2002, na Venezuela, o IRI dedicava-se a azeitar descaradamente diferentes grupos antichavistas. O IRI participou ativamente de operações de apoio ao golpe de abril de 2002 contra o presidente Hugo Chávez.

Nos meses anteriores ao sequestro do líder bolivariano, o IRI manteve uma ponte aérea entre Caracas, Miami e Washington, enviando politiqueiros, líderes sindicais e comunitários corruptos para os Estados Unidos para se reunirem com organizações da extrema direita e estabelecer contatos com oficiais do Departamento de Estado.

A manipulação de pesquisas e de notícias que propõem líderes opositores como verdadeiras alternativas políticas é um dos métodos que reiteradamente o IRI emprega em seu trabalho subversivo.

Mas os documentos do IRI revelados reconhecem que a oposição venezuelana não tem possibilidade real alguma de vencer as eleições de nenhum tipo, por sua falta de aceitação e de apoio popular, assim como de programas políticos alternativos viáveis. Por esta razão, apostam em incentivar a via violenta para poder derrubar o governo bolivariano.

Treinamento de Henrique Capriles e Leopoldo López

Os líderes emergentes opositores Henrique Capriles e Leopoldo López foram identificados pelo IRI como possíveis adversários ao governo revolucionário venezuelano.

Ao determinar que Capriles não conta com os requisitos necessários para liderar a oposição golpista, apostam seus recursos e estratégias para alavancar a figura de Leopoldo López, que segue sendo um dos principais líderes da ala radical da oposição venezuelana.

Tanto Henrique Capriles como Leopoldo López, entre outros dirigentes da oposição, receberam, e ainda recebem, treinamento do IRI com vistas a capacitá-los como líderes alternativos viáveis contra o governo revolucionário.

Os documentos revelados informam a metodologia dos agentes do IRI de Caracas, avalia Migus ao publicar sua análise. Com efeito, estes últimos agem como um verdadeiro serviço secreto: envio de relatórios regulares aos seus superiores hierárquicos em Washington, estreita relação com a Embaixada dos Estados Unidos em Caracas, relações permanentes com os diversos partidos de oposição, assim como também com outras fundações que atuam no mesmo setor.

Como sua contrapartida do Partido Democrata, o Instituto Nacional Democrata, o IRI é um dos maiores beneficiados pelos subsídios da USAID (Ajuda dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e da National Endowment for Democracy, uma organização criada para desenvolver publicamente atividades que a CIA realizava de maneira secreta.

Além dos fundos do Departamento de Estado, da USAID, da National Endowment for Democracy, o IRI recebe generosas contribuições de grandes corporações, entre as quais se encontram multinacionais tão famosas como as petroleiras Chevron, ExxonMobil e BP, e as transnacionais das comunicações AT&T e Bell-South.

O IRI é encabeçado por nada menos que o político de ultradireita John McCain. Este mesmo que, sendo oficial da US Navy, viveu a crise dos mísseis na costa de Cuba, pronto para abrir fogo.

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