É hora de reagir em defesa de Lula
Por Paulo Moreira Leite, em
seu blog:
A ideia de que a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva será a próxima etapa da Operação Lava Jato encontra-se em todas as mentes. O que falta para a prisão de Lula, pergunta-se, depois da absurda prisão do presidente da maior empreiteira brasileira?
Simples: falta reagir.
Imagine se Barack Obama resolvesse fingir que nada tem a ver com a venda de aviões da Boeing.
Será que Bill Clinton, fora da Casa Branca, será criticado por defender medidas de interesse de grandes corporações norte-americanas em suas viagens pelo mundo? Em fazer palestras onde defende ideias como solidariedade e colaboração?
Tudo o que se insinua a respeito de Lula pode-se demonstrar nas relações entre Fernando Henrique Cardoso e grandes empresários na saída do governo.
A ideia de que a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva será a próxima etapa da Operação Lava Jato encontra-se em todas as mentes. O que falta para a prisão de Lula, pergunta-se, depois da absurda prisão do presidente da maior empreiteira brasileira?
Simples: falta reagir.
Falta deixar claro que toda iniciativa para colocar Lula
atrás das grades vai além de toda decência e representa um ataque inaceitável à
liberdade e à democracia. É o ponto culminante de uma investigação que teve
início com um prova ilícita, avançou por medidas que não respeitam o direito de
defesa nem a presunção da inocência, através de delações premiadas e prisões
provisórias destinadas a quebrar a resistência dos detidos, técnica condenada
pelos mais respeitados juristas do Brasil e do mundo, inclusive da Suprema Corte
dos EUA.
Vamos abandonar determinadas ilusões, também. Fazendo uma simples análise para ajudar a pensar: se Lula for feito prisioneiro, correrá alto risco de uma condenação criminal. Neste aspecto, cumpre recordar, a Polícia Federal, o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro permanecem invictos. em matéria de condenação. Num processo onde as partes não demonstram isenção nem distanciamento das próprias convicções, não perderam nenhuma. Mesmo quem fez delação premiada não escapa de ser condenado, ainda que a uma pena menor. Alguém tem o direito de pensar, assim, em Lula em 2018? Na boa?
Vamos abandonar determinadas ilusões, também. Fazendo uma simples análise para ajudar a pensar: se Lula for feito prisioneiro, correrá alto risco de uma condenação criminal. Neste aspecto, cumpre recordar, a Polícia Federal, o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro permanecem invictos. em matéria de condenação. Num processo onde as partes não demonstram isenção nem distanciamento das próprias convicções, não perderam nenhuma. Mesmo quem fez delação premiada não escapa de ser condenado, ainda que a uma pena menor. Alguém tem o direito de pensar, assim, em Lula em 2018? Na boa?
Vamos acordar, gente.
Vamos mostrar que uma eventual prisão de Lula se trata uma medida absurda e
injusta que irá representar o primeiro passo para um retrocesso que todos sabem
como começa e, ao contrário do que é costume dizer, também sabem como
termina.
Basta ler os trabalhos do professor da PUC-SP Pedro Serrano – já escrevi sobre eles aqui neste espaço – mostrando que vivemos um tempo de golpes de Estado sem tanques nem fuzis. Os regimes de exceção, hoje, tem aparência de normalidade. São produzidos por medidas judiciais disfarçadas em cumprimento da lei e da defesa da ordem, quando não passam de uma tentativa de se fazer política por outros meios – sem voto, é claro.
Basta ler os trabalhos do professor da PUC-SP Pedro Serrano – já escrevi sobre eles aqui neste espaço – mostrando que vivemos um tempo de golpes de Estado sem tanques nem fuzis. Os regimes de exceção, hoje, tem aparência de normalidade. São produzidos por medidas judiciais disfarçadas em cumprimento da lei e da defesa da ordem, quando não passam de uma tentativa de se fazer política por outros meios – sem voto, é claro.
A tentativa de criminalizar as relações entre Lula e os empresários, depois
que ele deixou o governo, sugerindo aí qualquer demonstração de mau
comportamento ou coisa pior, é apenas uma demonstração de subdesenvolvimento
mental e ignorância política.
Vamos falar claro: pela liderança internacional que conquistou, pelos
espaços que teve competência de abrir para a venda de produtos e serviços
brasileiros durante seus oito anos de mandato, quando mudou o eixo de nossa
diplomacia comercial, Lula tem todo direito de fazer isso. Deveria ser
aplaudido, até, pois chegou numa altura da vida na qual seria mais fácil
descansar e se divertir - além de receber homenagens de vez em quando, não é
mesmo?
As viagens internacionais de Lula são um serviço que ele presta ao país e
nosso futuro. Tem a ver com interesses nacionais, expressão que a maioria de
seus adversários nunca soube o que significa mas é cada vez mais decisiva nessa
época de globalização e interesses imperiais.
Imagine se Barack Obama resolvesse fingir que nada tem a ver com a venda de aviões da Boeing.
Será que Bill Clinton, fora da Casa Branca, será criticado por defender medidas de interesse de grandes corporações norte-americanas em suas viagens pelo mundo? Em fazer palestras onde defende ideias como solidariedade e colaboração?
Detalhe: vamos criticar Lula porque ele fala do combate contra a fome? É
oportunismo?
Ronaldo Reagan e George Bush, pai, se mobilizaram na década de 1980 para
defender a indústria de informática dos EUA. Abriram o mercado brasileiro, numa
pressão violenta que incluiu sanções duras contra nossa economia - e foram
aplaudidos, sem muito silencio nem o esperado pudor, pela mesma turma que hoje
critica Lula.
Pense nos alemães, grandes exportadores de tecnologia limpa - com auxílio
de Angela Merkel, é claro. Ou no pacote de investimentos chineses.
É sempre bom lembrar que não há prova nenhuma contra Lula. O que se quer é
humilhar e ofender. Dar-lhe um tratamento indecoroso e mostrar que seus
adversários tem força para isso. Enfim, o que se quer é, enfim, dar uma lição
neste tipo que não conhece o seu lugar. Você sabe do que estou falando.
Tudo o que se insinua a respeito de Lula pode-se demonstrar nas relações entre Fernando Henrique Cardoso e grandes empresários na saída do governo.
O que há é uma vontade de mostrar que seus adversários estão acima da Lei e
do Direito. Sim, meus amigos. Mais uma vez, é disso que se trata. Isso porque
Lula não é uma pessoa física. É uma história, um personagem que ajuda a dar
sentido para o Brasil.
“Prendo e arrebento,” dizia João Figueiredo, o general-presidente da
ditadura que mandou prender Lula, 35 anos atrás.
Naquela época, as greves operárias que Lula comandava e inspirava serviram
de teste político para uma abertura que queria uma democracia sem trabalhadores
nem ao povo pobre. Em 2015, a situação se repete. As pressões contra Lula irão
definir os direitos da maioria dos brasileiros definir seu destino pelos
próximos anos.
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