sexta-feira, 26 de junho de 2015

POLÍTICA - O MP da Lava Jato.

O MP da Lava Jato, sem vergonha do propósito de atingir Lula e de chantagear com delações

Autor: Fernando Brito
papagallu
A delação premiada, no Brasil, passou a assemelhar-se à corrupção, que é “paga”, em lugar de dinheiro, com as acusações incriminatórias desejadas, pelas quais se recebe não apenas a imunidade (ou a “quase”) penal futura mas também o “direito” de sair da cadeia prévia.
Mas, se não “pagar” – com acusações às “pessoas certas” – vai ser perseguido, desmoralizado, processado e, enquanto isso, ficar tomando um chá de cadeia.
Ontem, o chefe da tropa de procuradores da Lava-Jato, passou a nem mesmo esconder seu alvo:
“Neste momento, o ex-presidente não faz parte da investigação”, disse Carlos Fernando Santos Lima, o ‘cabeça-branca’ da turma do jovem e ansioso grupo de procuradores (literalmente, aliás) que trabalham com Sérgio Moro não se acanha de dizer:”O que nós temos até agora (sobre Lula) são só notícias da imprensa”.
A crise de sinceridade do promotor -“por enquanto” é um daqueles atos de expressão de vontade inescondíveis – revela mais, porém, que o desejo já nem tão secreto que move os “investigadores”.
Confessa que sua ferramenta é, essencialmente, a mídia.
Menos mal se a mídia estivesse investigando.
Mas ela não investiga, apenas ecoa, sem qualquer crítica, o que as politizadas equipes do Ministério Público e o próprio Moro fazem.
Um exemplo bem claro: alguém perguntou porque Paulo Roberto Costa “lembrou” agora do “trocado” de US$ 5 milhões (ou três milhões, ele ainda não acabou de lembrar) que teria recebido para intermediar mudanças no contrato de compra de nafta pela Braskem. Pois foi assim, na narrativa de seu próprio advogado, que registrei aqui:
“De acordo com ambas as defesas, o único “ponto de convergência” obtido na acareação foi com relação a um pagamento de propina feito pela Braskem ­ braço petroquímico da Odebrecht ­ para uma compra de nafta. (…)“O advogado João Mestieri, que representa Paulo Roberto Costa, confirmou a convergência entre as versões. “No primeiro momento, o Paulo Roberto Costa disse que não participou disso, porque não se dava com o diretor­-presidente [da Braskem]. Aí começaram a rememorar uma série de questões para então chegar à admissão de que isso ocorreu”, afirmou.”
Mas, como assim, se, hoje, em O Globo, Costa disse que sua ação foi “apenas para agilizar a entrega dos pedidos de nafta da Braskem” pois sua diretoria de Abastecimento não tinha poder de decisão sobre preços.
Mas qual a razão, afinal, haveria para pedir – e pagar – por seus “bons ofícios” se a Petrobras não apenas é a única vendedora de um produto que só tem dois compradores (Braskem e Ipiranga), mas é sócia da empresa compradora, pois possui 47% do capital da Braskem? Será que, inclusive indicando integrantes da direção da empresa, era preciso recorrer a um propineiro que “não tinha poder de decisão sobre preços” apenas para ” agilizar a entrega dos pedidos de nafta da Braskem”?
Se a Odebrecht pagou a Paulo Roberto Costa não foi assim, nem por esta razão de “negócios”, pode até ter sido por outros.
Mas a imprensa não pergunta, não investiga, não esclarece obscuridades e contradições.
Repete, como um papagaio amestrado, apenas o que ouve.
Tem toda razão o Arnaldo Cesar, em seu artigo no blog do Marcelo Auler, (aqui, na íntegra)em dizer:“O fato da moda, nestes tempos de Lava Jato, é que o ex-presidente Lula e a atual presidente Dilma Rousseff poderão ser conduzidos para uma daquelas celas geladas da Polícia Federal, em Curitiba, no Paraná. O implacável juiz federal, Sérgio Moro, já estaria tomando todas as providências necessárias para mandar encarcerar os dois líderes do PT.
Tudo que se leu no parágrafo acima está eivado de ilações e suposições. Não há nenhum fato comprovado. Mas, é assim que se faz notícia hoje em dia. Atira-se primeiro e pergunta-se depois. Um dos principais fundamentos do jornalismo, a apuração/checagem da informação, está em total e absoluto desuso. O bacana agora é fazer militância escancarada no noticiário”.
Consolemo-nos, porém. Também passou-se a seguir a mesma regra no Judiciário, embora ganhando muito mais para isso.

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