Neymar vai de herói a réu e futebol sumiu
Neymar estava irreconhecível em campo nesta noite de quarta-feira, na derrota do Brasil para a Colômbia, no estádio Monumental, em Santiago. Deve ter sido o pior jogo da sua vida, desde que despontou como craque no futebol de salão com apenas 10 anos de idade.
Nervoso ao extremo, errava passes e chutes, não achava uma posição em campo, corria perdido para todos os lados, irritava-se a todo momento com os adversários e o juiz, e acabou sendo expulso ao se envolver numa briga quando o jogo já havia acabado. O que aconteceu?
O motivo deste desastre estava fora do gramado: poucas horas antes, o nome dele apareceu como réu no processo movido pelo Juizado Central de Madri que investiga negócios suspeitos na sua transferência do Santos para o Barcelona, em 2013.
Para um garoto de 23 anos, que acaba de conquistar a tríplice coroa na Espanha, capitão e único craque da seleção brasileira, com salário em torno de R$ 3 milhões por mês, não pode existir nada pior do que a ameaça de perder a liberdade.
Na disputa judicial entre a empresa DIS, que investiu em seus direitos econômicos quando ainda despontava como gênio da bola, o Barcelona e o Santos, o nome de Neymar da Silva Santos Júnior aparece na lista dos réus junto com outros oito agentes envolvidos na negociação, entre eles seu pai e empresário, também chamado Neymar.
No processo, eles são acusados dos crimes de corrupção privada e estelionato de contrato simulado, com penas que variam de quatro meses a quatro anos de detenção, podendo chegar ao dobro quando somadas.
De único herói do futebol brasileiro em atividade a réu num processo que pode dar cadeia, é fácil imaginar o que se passou pela cabeça dele antes do jogo. Nem deveria ter entrado em campo, se o técnico e os dirigentes da CBF tivessem um mínimo de sensibilidade e responsabilidade.
Como se não fosse com ele, Dunga ainda teve a coragem de afirmar depois da derrota e do fiasco do seu melhor jogador: "Todos nós somos seres humanos. Não temos como desvincular as coisas da nossa vida pessoal da nossa vida profissional". Perfeito. Também acho. Mas por que ninguém pensou nisso antes?
Agora, sem Neymar por pelo menos dois jogos (ele já tinha recebido o segundo cartão amarelo), uma seleção brasileira em frangalhos vai entrar em campo no domingo tendo a obrigação de ganhar da Venezuela, que já tinha derrotado a mesma Colômbia, para seguir viva na Copa América.
Claro que Neymar tem todos os recursos financeiros necessários para contratar os melhores advogados do mundo e pagar a parte que lhe cabe nos 25 milhões de euros reivindicados pela DIS, e assim evitar as grades, mas o estrago para a sua cabeça e a sua imagem já está feito.
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