No último dia 7, o massacre realizado por Israel à Palestina completou seis meses. São quase 200 dias de ataques constantes, de recusa no fornecimento de medicamentos, água, mantimentos, ou qualquer tipo de ajuda mais permanente. Já faz meio ano do impedimento de um cessar-fogo, do desespero e da desesperança.
Por um tempo, a palavra utilizada para o que está acontecendo em Gaza foi “conflito” - inclusive na redação do Brasil de Fato. Mas como é possível chamar de conflito uma situação em que só um lado ataca, em que nem 4% das mortes são deste mesmo lado, em que crianças e mulheres são mortas como parte de um processo de apagamento histórico com raízes coloniais?
Em seis meses de massacre, chegamos a 34.345 mortos, sendo 33.175 palestinos e 1.170 israelenses, o que, com certeza, não configura um conflito. A essa altura, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu acredita que o país esteja “a um passo da vitória” e não pretende parar de atacar sem que haja a liberação de reféns por parte do Hamas.
Houve ataques a hospitais, que foram até considerados “crimes de guerra”, a consulados, a trabalhadores humanitários, a países vizinhos como a Síria, a filas para receber alimentos, a jornalistas; houve a morte de funcionários da ONU, de crianças, de mulheres. Com o tempo, as notícias foram se tornando ainda mais tristes.
Pelo menos, do outro lado, acompanhamos manifestações, luta e críticas ao genocídio israelense. Em dois sábados seguidos próximos ao marco dos seis meses de massacre, dezenas de milhares de israelenses saíram às ruas pedindo a renúncia de Netanyahu. O maior ato aconteceu em Tel Aviv - segundo organizadores, 100 mil pessoas participaram da manifestação, entoando as palavras de ordem "eleições agora".
Em 5 de abril foi marcado o Dia da Criança Palestina, com atos ao redor do mundo. Afinal, em março, o número de mortes evitáveis de crianças palestinas já superava o número total de crianças mortas em todas as outras guerras que ocorreram no mundo entre 2019 e 2022: 12.300. No começo de abril, a cifra chegou a 13.800, segundo o Ministério da Saúde local, com muitas mais soterradas debaixo dos destroços resultantes dos bombardeios.
Um ataque aos sete trabalhadores da ONG de ajuda humanitária World Central Kitchen (WCK) provocou forte reação internacional, com críticas de Joe Biden, do Papa Francisco, do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, da ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Melanie Joly, do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e da Austrália.
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