🔥 Gosta do jornalismo que eu faço? Ele só existe porque pessoas como você me apoiam. Seja mais um! Custa quase nada e vale muito! ➡️ https://apoia.se/leandrodemori 🔫🔙 Resumão do Demori #20: Musk e o tiro no péO vazamento de documentos e os crimes da extrema direitaUm deputado dos EUA vaza documentos…Na última quarta-feira (17), um deputado do Comitê de Assuntos Judiciários da Câmara dos Estados Unidos divulgou um relatório com o nome de “The Attack on Free Speech Abroad and the Biden Administration’s Silence: The Case of Brazil” (O ataque ao livre discurso no Exterior e o silêncio da administração Biden: O caso do Brasil). O tal documento, a grosso modo, nada mais é do que um compilado das ordens de remoção de conteúdo do Twitter emitidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A ideia da extrema direita era provar a “censura do judiciário”. Acontece que o mundo fica complicado vez por outra. … sem combinar com os “russos”A divulgação vem na onda dos ataques do bilionário Elon Musk ao ministro Moraes no início do mês. Musk ameaçou liberar os perfis bloqueados do X, antigo Twitter, contrariando as decisões judiciais, o que acabou levando o empresário a integrar o rol de investigados no inquérito das milícias digitais. Os documentos dessa semana seria o golpe final para a desmoralização de Moraes, mostrando suas atitudes “ilegais”. O tiro, porém, saiu pela culatra. O deputado que divulgou a documentação (eu já falo mais sobre quem é o cidadão) está interessado em bater em Joe Biden. Certo de que apenas o título de seu documento será suficiente para gerar manchetes nos EUA, está pouco se lixando para o conteúdo em Português que seu relatório revela. Nele, no entanto, temos um duro golpe na narrativa da extrema direita. Corrida contra o tempoSim, “narrativa”. É preciso recuperar essa palavra tão maltratada pelos fascistas de plantão. Porque hoje, e cada vez mais, a versão “vencedora” é aquela que chega antes e com mais força – mesmo que seja uma mentira. Correr atrás para desmentir é como juntar as penas de um travesseiro chacoalhado ao vento. O que colou mais: a mentira do líder do Twitter Files Michael Shellenberger de que Alexandre de Moraes teria ameaçado o advogado do Twitter no Brasil de prisão ou seu desmentido dois dias depois? Obviamente a mentira, porque chegou antes e tinha mais força como “notícia”, mesmo que fosse falsa. Vejam na prática o que fez a Folha de S. Paulo, que entrou de cabeça nessa história da “censura”, servindo de correia de transmissão do golpe midiático de Elon Musk. O que correu mais, a informação falsa ou a verdadeira? Então vamos correrAssim que os documentos foram liberados eu corri para ler o relatório e soltar rapidamente o que havia de noticioso nele. Então o que há nele? Provas cabais de que Alexandre de Moraes tinha razão em pedir o bloqueio de certas contas. Vejam dois exemplos: 📌 Allan dos Santos foi pego LIGANDO diversas vezes PARA O TELEFONE de Alexandre de Moraes com "palavras de agressivas e de ordem", "colocando em risco a segurança pessoal do ministro e de sua família". Diz o relatório enviado ao Congresso Americano que o telefone do ministro Alexandre de Moraes foi vazado na internet, quando passou a receber "diversas ligações de cunho ofensivo e amaças". Esse vazamento foi feito por um grupo neonazistas, que também vazou o endereço do ministro e de vários de seus vizinhos. 📌 A Justiça brasileira pediu o bloqueio das contas no Twitter em em redes sociais da Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil (OACB), uma entidade que alimentou Gustavo Gayer, Bia Kicis e André Fernandes com a mais famosa fake news espalhada no quente do 8 de janeiro. Eles divulgaram a farsa da senhora que teria morrido nas dependências da Polícia Federal depois das prisões do 8 de janeiro. Nas redes, uma foto de um casting de agência de publicidade foi usada para dar veracidade à história e "comprovar" a "tortura" que os apreendidos recebiam da Polícia Federal. Para dar credibilidade à história, eles usaram a silga da entidade chamada Ordem dos Advogados conservadores do Brasil (OACB) como se fosse a famosa OAB. Mais tarde, a própria OAB pediu o bloqueio da conta de “OAB pirata”. Bate-cabeçaO que fizeram deputados como Marcel Van Hattem (que capitalizou como ninguém essa farsa) e veículos como a revista Oeste? Se limitaram a chamar de “bomba” a própria divulgação do relatório, sem apontar o que seria a tal bomba. A “bomba”, então, seria a simples divulgação dos documentos. O que há neles? Não disseram. Por que? Porque obviamente os fatos são muito ruins para a narrativa dos pobres perseguidos que, como vemos, estão apenas defendendo o direito de que crimes sejam cometidos impunemente sob o manto da “liberdade de expressão”. O deputado amigo nos EUAJim Jordan. Esse é o homem que, sozinho, sem nenhuma assinatura de nenhum outro parlamentar, divulgou o material. Jim Jordan é acusado de encobrir um escândalo de abuso sexual na Universidade de Ohio, quando era técnico de um time de luta. Está tentando proteger seus protegidos. Também foi envolvido no ataque ao Capitólio dos EUA no famoso 6 de janeiro. É um espalhador de teorias contra as vacinas. Como se vê, um homem de estirpe. Uma espécie de Carlo Zambello que fala inglês. O jogo de Jim Jordan é usar o caso do Brasil para fortalecer Donald Trump nos EUA, atacando Biden. CNJ deve abrir inquérito para investigar irregularidades na Lava-JatoO Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pode abrir investigação para apurar as irregularidades cometidas por integrantes da operação Lava-Jato. Inicialmente foram afastados de suas funções a juíza “Copia e Cola”, Gabriela Hardt, o também juiz Danilo Pereira Junior, hoje titular da 13ª Vara de Curitiba, e dois desembargadores do Tribunal Regional Federal da quarta região, o TRF-4. São eles Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz e Loraci Flores de Lima. Os afastamentos foram determinados na última segunda-feira (15) pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão. As acusações são de burlar a ordem processual, prevaricação, burlar ordens do Supremo Tribunal Federal e violação do código da magistratura. A investigação começou em maio de 2023 e durou cerca de dez meses após a Corregedoria receber dezenas de denúncias contra os investigados e deu início a um pente fino tanto na 13ª Vara quanto no TRF-4. Ainda em setembro do ano passado, o CNJ afirmou em um relatório parcial, com a participação da Polícia Federal, que a gestão dos recursos financeiros obtidos pela operação através de acordos de leniência era “caótica”. No mesmo relatório foram apontados indícios de conluio entre os integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, inclusive com o pagamento de acordos no Exterior utilizando estes valores. Hardt ficou conhecida por ser a substituta de Sérgio Moro na condução da operação quando este se exonerou da magistratura para assumir o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro e também por copiar ipsis literis as sentenças de Moro. Segundo o corregedor nacional de Justiça, Hardt teria dado o aval para a criação da Fundação Lava Jato, que recebeu o dinheiro devolvido pela Petrobras e que a operação era como um esquema de cash back. A tal fundação foi declarada ilegal pelo STF. Aqui eu explico como era o esquema: Também de acordo com Salomão, até então, a juíza não deveria seguir exercendo a função: "...inconcebível que a investigada possa prosseguir atuando, quando paira sobre ele a suspeita de que o seu atuar não seja o lídimo e imparcial agir a que se espera", afirmou. Já os magistrados do TRF-4 e o juiz Danilo Pereira Junior acabaram sendo incluídos na investigação por terem desobedecido decisões do STF. Para Salomão, Hardt, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol uniram forças para desviar cerca de R$ 2,5 bilhões. Ainda segundo o relatório da investigação, os três teriam “uma fundação voltada ao atendimento a interesses privados”. Um documento produzido pela Polícia Federal também apontou que a investigação tem como ponto de partida um processo sigiloso aberto por Moro em 2016. A ação ficou restrita à Petrobrás, integrantes da força-tarefa da Lava-Jato e à 13ª Vara. Segundo o delegado da Polícia Federal Élzio Vicente da Silva, que atua no apoio à Corregedoria, e que assina o documento da investigação, a abertura do processo sigiloso “foi feita especificamente para permitir o repasse não questionado de valores oriundos de acordos de colaboração e de leniência para a conta da Petrobras, alimentando a empresa com o dinheiro dos acordos”. Ou seja, queriam meter a mão na grana e por isso inventaram a tal fundação. O relatório também mostra que além dos três magistrados, dois gerentes da Petrobras e outros representantes da empresa também tiveram participação no desvio do dinheiro usando “atos comissivos e omissivos”. Coisa feia, pessoal! “Desafastados”Mesmo com evidências de culpa no cartório, o plenário do CNJ resolveu revogar o afastamento de Hardt e Pereira. Na terça-feira (16), em uma votação apertada (8 a 7), ficou decidido que ambos poderiam retornar às suas atividades. Já os desembargadores do TRF-4 tiveram o afastamento mantido (9 a 6). Os juízes também responderão a um processo administrativo (PAD). A próxima sessão está marcada para o dia 21 de maio. E o Moro?O ex-juiz Sérgio Moro continua na mira do corregedor nacional de Justiça, porém, por enquanto, o caso dele não será analisado pelo CNJ. De acordo com Salomão, o caso saiu da fila para julgamento porque ele não queria “misturar as estações". O processo contra o ex-ministro foi retirado da pauta da sessão da última terça-feira, mas deve voltar em junho. Moro não é mais juiz. O caso contra ele, se for provada a solidez da acusação, deve parar na esfera criminal. Pode dar cadeia? Ah se pode. _ pesquisa e texto base: Gerson Urguim |
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