Portugal celebra 50 anos da Revolução dos Cravos marcado por ‘mea culpa colonial’ do presidente
Como todo 25 de abril, esta quinta-feira (25/04) é um dia de comemoração em Portugal. Neste dia, em 1974, um movimento iniciado por ex-combatentes da Guerra Colonial iniciou a derrubada do regime ditatorial do Estado Novo, liderada por António Salazar e que se manteve no poder por 41 anos, desde 1933.
Conhecido até hoje, meio século depois, como a Revolução dos Cravos, o episódio abriu caminho para um processo político no país com fortíssima influência de setores socialistas e social-democratas, e que resultou nas primeiras eleições com sufrágio universal, realizadas exatamente um ano depois, em 25 de abril de 1975, e na Constituição de 1976, promulgada também em um 25 de abril, e que está vigente até hoje.
Entre as diversas cerimônias programadas para este novo aniversário do levante anti salazarista está a sessão comemorativa que acontecerá no Parlamento e o tradicional desfile popular.
A novidade para o desfile deste ano será a participação dos presidentes de quatro dos seis países africanos que sofreram com a Guerra Colonial: Angola (João Lourenço), Cabo Verde (José Maria Neves), Guiné-Bissau (Umaro Sissoco Embaló) e Moçambique (Filipe Nyusi) – estarão ausentes os líderes de São Tomé e Príncipe (Carlos Vila Nova) e Timor Leste (José Ramos-Horta). Os convidados presentes estarão acompanhados do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
A Guerra Colonial (1961-1974), promovida pela ditadura portuguesa contra as colônias na África e no Oceano Índico, buscava reprimir os movimentos independentistas nascidos a partir dos processos de descolonização inspirados na Declaração sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Assembleia Geral de 1960.
O conflito acabou tendo efeitos também em Portugal, como o enfraquecimento do regime de António Salazar e o crescimento de movimentos pelo fim da ditadura. Todos os países que lutaram contra Portugal no período só conseguiram concluir seus processos de independência após a Revolução dos Cravos.
Nesta quarta-feira (24/04), às vésperas das celebrações dos 50 anos, Rebelo de Sousa gerou grande repercussão ao declarar, em entrevista a meios locais, que reconhece os “abusos cometidos durante a Guerra Colonial” em países que eram colônia de Portugal, e admitindo inclusive a necessidade de reparação.
“Temos que pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso”, afirmou o mandatário português.
Na mesma entrevista, Rebelo de Sousa também reconheceu os crimes cometidos pela Coroa Portuguesa, como o genocídio dos povos indígenas no Brasil e o tráfico transatlântico de escravos da África para o Brasil.
Breno Altman apresenta ‘Café com História’
A Revolução dos Cravos será o tema do primeiro episódio do novo programa do canal de Opera Mundi no YouTube.
Trata-se do Café com História, que será apresentado pelo jornalista Breno Altman, fundador de Opera Mundi, e que contará com participação presencial do público, formado por apoiadores do site e membros do canal de YouTube.
Este primeiro programa será realizado na Livraria Tapera Taperá, no centro de São Paulo, neste sábado (27/04), às 9h. Aqueles que são membros do canal de Opera Mundi ou apoiadores do site, e quiserem se inscrever nas últimas vagas disponíveis para participar do programa, podem preencher o formulário abaixo ou clicar neste link.
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