Israel bloqueia Flotilha da liberdade e entrega de ajuda humanitária a Gaza é atrasada pela segunda vez
A Flotilha da Liberdade, embarcações com 5.500 toneladas de ajuda humanitária para a população palestina na Faixa de Gaza, afirmou que sua saída de Istambul, na Turquia, prevista para esta sexta-feira (26/04), foi atrasada por um bloqueio administrativo de Israel.
“A Flotilha da Liberdade está pronta para navegar. Toda a documentação necessária foi submetida à autoridade portuária e a carga foi carregada e preparada para a viagem a Gaza. No entanto, hoje recebemos a notícia de um bloqueio administrativo iniciado por Israel na tentativa de impedir a nossa partida”, informou a organização que desafia o bloqueio israelense e entrega ajuda humanitária à população palestina por meio de nota na tarde desta quinta-feira (25/04).
Segundo o comunicado da organização, Israel está pressionando a República de Guiné-Bissau para retirar a sua bandeira do navio líder da Flotilha, o Akdeniz (Mediterrâneo), o que teria resultado em um pedido de inspeção adicional, por parte do país questionado. A situação deve atrasar a partida em “alguns dias”.
“Estamos trabalhando diligentemente para superar esta última tentativa. Os nossos navios já passaram por todas as inspeções exigidas e estamos confiantes de que o Akdeniz passará nesta inspeção, desde que não haja interferência política. Esperamos que isso não demore mais do que alguns dias. Israel não quebrará a nossa determinação de chegar ao povo de Gaza”, adiciona o documento.
A organização ainda aponta que “este é outro exemplo de Israel que obstrui a entrega de ajuda vital às pessoas em Gaza que enfrentam uma fome deliberadamente criada. Quantas mais crianças morrerão de desnutrição e desidratação devido a este atraso e a um cerco contínuo que deve ser quebrado?”, questiona.
O impasse acontece após a organização comunicar, também nesta quinta-feira, que os requisitos técnicos e de tripulação para dar início à viagem rumo à Gaza haviam sido concluídos. No entanto, os barcos não puderam zarpar porque foram impedidos por autoridades da Alemanha e dos Estados Unidos.
“A reunião com o presidente da Turquia [Recep Tayyip Erdoğan] não foi boa. Existem pressões externas muito fortes. Enquanto estamos preparando a ajuda humanitária e fazendo nossos treinamentos, o presidente da Alemanha [Frank-Walter Steinmeier] está aqui com a primeira demanda para o governo turco não permitir a partida da Flotilha”, afirmou Ávila.
Segundo o internacionalista, também está presente nas reuniões uma assessora do departamento de Estado da sessão de contraterrorismo dos Estados Unidos, “pressionando o governo turco para que a gente não saia”.
ONU exige passagem segura até Gaza
Especialistas da Organização das Nações Unidas exigiram, também nesta sexta-feira, que os navios da Flotilha da Liberdade tenham uma “passagem segura” até a Faixa de Gaza.
“À medida que a Flotilha da Liberdade se aproxima das águas territoriais palestinas ao largo de Gaza, Israel deve aderir ao direito internacional, incluindo as recentes ordens do Tribunal Internacional de Justiça para garantir o acesso desimpedido à ajuda humanitária”, afirmaram os especialistas.
A declaração decorre do risco de ataque por parte das autoridades israelenses. Em 2010, uma expedição da Flotilha foi atacada por Israel, em que 10 integrantes da ação não-violenta foram mortos.
Após a ofensiva, Israel ainda apreendeu os barcos e ajuda humanitária, além de prender os ativistas, levando-os para Tel Aviv onde ficaram detidos até serem deportadas a seus países de origem.
O comunicado da ONU ainda apontou a inação da comunidade internacional em “não cumprir as suas obrigações de acabar com o genocídio e a fome de Israel em Gaza”.
“Na verdade, muitos países continuam a apoiar Israel com armas, fundos e apoio político, o que pode torná-los cúmplices do genocídio e da fome”, insta.
Os especialistas finalizaram o documento expressando sua “especial preocupação” com a segurança dos mais de mil ativistas de diversos países que estão a bordo da Flotilha da Liberdade. “Israel deveria lembrar-se de que o mundo está observando de perto e abster-se de qualquer hostilidade contra os participantes da Flotilha”, finalizaram.
(*) Com Brasil de Fato
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