Pedro do Coutto
Com base nos resultados de uma pesquisa do Datafolha, reportagens de Uirá Machado e Fernando Rodrigues, na Folha de São Paulo mostram que 65% do eleitorado decidem em qual candidato vão votar pelo que observam de suas campanhas na televisão. Isso claro, em matéria de eleições majoritárias: presidente da república, governador, senador e prefeito. Voto proporcional, o que se destina à escolha de deputados federais, estaduais e vereadores, é outra coisa.
Nesta segunda escolha, valem as tradicionais bases políticas e, nomeio rural, os famosos currais eleitorais que atravessam o tempo e o progresso. Mas o levantamento do Datafolha concentra-se na sucessão presidencial de outubro. Este o seu foco. Foram entrevistadas quase 11 mil pessoas em 390 municípios representativos da opinião pública nacional. Não há necessidade de maior número. A síntese alcançada já é suficiente.
Sei que alguns leitores vão contestar esta afirmativa. Não faz mal. É sempre assim quando se torce por um ou por outro. A resposta vem com as urnas no caso dos prognósticos. Em 97% dos casos,ao longo dos anos, Ibope, Datafolha e Vox Populi acertaram. No que se refere à realidade de predomínio da TV, ele é constatado por todos. Mas esta é outra questão.
O Datafolha – acentuam Machado e Rodrigues – revela que 65% decidem pela televisão. Doze por cento com base no que lêm nos jornais. Sete por cento observam o cenário pelo rádio e outros sete definem-se pela internet. A parcela de 6% através de conversas com parentes e amigos. Três por cento não responderam. Qualquer caminho é caminho, como na bela valsa interpretada por Francisco Alves.
Agora, a grande maioria dos que resolvem seu voto pela televisão, aldeia global na expressão de McLuhan, pertence às classes de renda entre 1 a 5 salários mínimos por mês. Nesta faixa encontram-se também os que se orientam pelo rádio. Os que buscam informação através dos jornais para escolher seu candidato pertencem às classes média, rendimentos de 5 a 10 salários mínimos. Da parcela de 7% dos que se baseiam na rede WEB, 47% possuem rendimento mensal superior a 10 pisos, ou 5 mil e 100 reais. São minoria. Minoria ainda mais acentuada aqueles cujos vencimentos ultrapassam dez salários mínimos. Apenas 5% da mão de obra ativa, de acordo com o IBGE.
Nos EUA, segundo o Pew Research Center, os que se orientam eleitoralmente pela internet são 20% dos votantes, três vezes mais que no Brasil. Daí porque, inclusive, explica-se o grande êxito de Barack Obama na campanha de 2008. Utilizou a Web melhor do que seu adversário, John Mcainn. Em nossa país é diferente. Questão de nível de renda e formação educacional. Daí porque, entre nós, ao contrário do que um leitor deste site sustentou recentemente, não se pode comparar a força da comunicação pelas emissoras de TV, rádio e pelos jornais, com a influência do twitter.
Quantos twitters uma pessoa pode colocar na rede por dia? Grandes jornais, como a Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo, têm, cada um, cerca de um milhão de leitores por dia. Para os que nunca trabalharam na imprensa e se surpreendem com a afirmação, desejo esclarecer que, em média, cada exemplar é lido por três pessoas. Tiragem – assinaturas e venda nas bancas – é uma coisa. Leitura é outra. Faça o teste na sua casa. Compare com o twitter. Cada twitter contém apenas duas linhas: 140 caracteres.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
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