Pedro do Coutto
A mais recente pesquisa do Ibope divulgada na noite de segunda-feira pela Rede Globo, e, no dia seguinte, pelos jornais O Globo e O Estado de São Paulo, em edições sustentadas por primorosos quadros gráficos, revela que, se as eleições fossem hoje, Dilma Roussef bateria José Serra no primeiro turno. Como digo sempre, não basta ver os números e sim ver nos números. Que dizem eles? Dilma 43, Serra 32, Marina 8, os demais candidatos reunidos adicionam apenas mais um ponto. Isso de um lado. De outro, há 9% de eleitores indecisos e 7% dispõem-se a votar em branco ou anular o voto. Então nos deparamos com um total de 84 pontos, já que para efeito de maioria absoluta não são computados os sufrágios nulos e brancos. Oitenta e quatro, assim, passam a ser iguais a cem. Metade de 84, claro, 42. Dilma tem 43. Estaria eleita de cara. Curioso que – vamos chamar assim – direitos de percepção para minha mulher, a primeira a prever o desfecho que antecipadamente se desenha no panorama. Sentiu a tendência do eleitorado antes de mim.
Como a força de Lula nos rumos do pleito é indiscutível, passemos do Ibope ao início da campanha na televisão. Assisti ao horário na tarde de ontem, e mesmo sem ter certeza que ele será reproduzido no espaço noturno, pois escrevo este artigo no final da tarde, penso que foi suficiente para ter a certeza de que o presidente da República está se empenhando a fundo no êxito de sua candidata. Aparecendo e fazendo um pronunciamento direto, passou à opinião pública sua disposição de levá-la à vitória. Dilma Rousseff, já bem à frente nas pesquisas, todas elas, sem dúvida decolou rumo ao Planalto. Luis Inácio da Silva deu provas concretas da disposição de mergulhar na campanha.
Deixou a certeza de que, a cada etapa. Vai ampliar a intensidade de sua participação. Não se referiu a José Serra, somente exaltou as qualidades daquela que escolheu para representá-lo nas urnas. Não deixou sombras nem vacilações no ar. Ligou os motores com a força máxima. A largada de Rousseff foi firme e, por isso, a coligação PMDB-PT tem motivo para entusiasmo e otimismo. Como jornais sinalizaram, o ex-governador paulista terá que mudar sua estratégia, já que os aplausos ao governo não vêm funcionando para canalizar votos a seu favor. Pelo contrário. Serra encontra-se em queda. Inclusive em São Paulo, sua maior base eleitoral.
Desde o início da campanha, mesmo quando liderava as pesquisas, escrevi que a tentativa de entrar em “clinch” com o presidente, como ocorre no boxe, procurando conter seu ímpeto e esterilizar seu apoio, não iria funcionar. Porque se o líder das oposições exalta a principal figura do seu principal adversário, estará caindo numa contradição insuperável. Uma espécie de areia movediça da política. Primeiro porque tal comportamento não arrebatará votos dos luladilmistas. Segundo porque imobiliza os seus aliados, retirando-lhes os argumentos indispensáveis ao confronto. Aliás a qualquer confronto.
Vejam o exemplo do futebol, que tanta magia passa para todos nós, inclusive o presidente República. Nas competições (no gramado ou nas urnas) , é necessário ter-se aguerrimento. Se formos estender o tapete vermelho para o adversário passar, estaremos nos inferiorizando. O retraimento de José Serra em pisar a arena disposto a enfrentar tanto Dilma quanto Lula, tornou-se extremamente prejudicial para ele. Agora, tem que sair do casulo e partir para o combate final. Afinal de contas, perder por um a zero, em política, é o mesmo que perder por 10. Estamos falando de lutas. Luta pelo poder. Não tem preço
Fonte: Tribuna.online.
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