José Inácio Werneck.
Bristol (EUA) – Ao ler os jornais e assistir aos programas de televisão nos Estados Unidos, dá vontade de dizer “Bom dia, pessimismo”. Há raras notícias encorajadoras sobre o estado geral da nação, com a exceção de um ou outro momento fulgurante, como a corajosa attitude do prefeito judeu Michael Bloomberg em defesa do direito de muçulmanos construírem um centro comunitário em Manhattan, a umas poucas quadras do “ground zero”.
Em primeiro lugar, trata-se, como está acima, de um centro comunitário, não unicamente uma mesquita, como insistem em dizer os inimigos da democracia e do direito de liberdade de expressão e de culto, garantidos pela Constituição. Tais inimigos são os mesmos que se arvoram em “patriotas” e se refugiam, quase todos, nas hostes do Partido Republicano e do inominável Tea Party. São os mesmos que querem erguer na fronteira com o México um muro da vergonha e expulsar a bala os imigrantes de origem latina. São a turma antigamente liderada pelo falecido canastrão Charlton Heston, porta-voz da National Rifle Association, a turma atualmente seguindo com entusiasmo o reacionarismo ditado pela ex-governadora do Alaska, Sarah Palin.
Bloomberg pisou na bola há algum tempo, quando mandou demitir a diretora de uma escola em lingua árabe em Manhattan, sob a pretexto de que ela era uma defensora da “Intifada”. (A mulhe, Debbie Almontaser, apenas dera uma entrevista fornecendo a tradução da palavra.)
Michael Bloomberg agora se redimiu, com o tipo de coragem que no momento, francamente, se pode esperar apenas de um judeu - alguém que, por definição, não precisa ter medo de ser chamado de “anti-semita”. O que Bloomberg diz é muito simples: se não permitimos que as pessoas pratiquem sua religião com liberdade nos Estados Unidos, como teremos moral para denunciar intolerância em relação a cristãos e judeus em outros países?
É um ponto de vista que Obama defende em princípio, embora, como é de seu feitio, já tenha também comparecido diante de câmaras e microfones para “suavizar” suas declaracões, explicando que o fato de defender o direito de construir o centro comunitário não significa que considere “sábia” a escolha do local.
E assim vai Barack Obama, cada vez mais propenso a acomodações. Seus planos econômicos, muito tímidos, pouco fizeram para aliviar o índice de desemprego. Sua liderança em favor de um tratado contra o aquecimento global evaporou-se, sua anunciada saída imediata do Iraque ainda não se efetivou, seu abandono de Guantánamo ficou para as calendas e no Afeganistão ele permanece em silêncio quando seu suposto subordinado, o general David Petraeus, dá entrevistas insinuando que as tropas talvez não sejam retiradas em julho de 2011, embora tenha recebido ordens inequívocas do presidente para tanto.
São tempos de pessimismo na “land of the free and home of the brave”.
Fonte:Direto da Redação.
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