quarta-feira, 24 de agosto de 2011

AGRICULTURA - Novo ministro começou mal.

Novo ministro da Agricultura é contra rever índices de produtividade


Novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, afirmou nesta terça-feira (23/08) que é contra a revisão dos índices de produtividade utilizados para fins de reforma agrária. Apesar de uma lei de 1993 determinar que haja revisão periódica dos índices, ele acha que o país não estaria preparado. “Este não é um assunto que gera harmonia. Gera conflito. E eu sou a favor da paz”, declarou, em resposta a uma pergunta feita por Carta Maior na primeira entrevista coletiva dele como ministro empossado.

A reportagem é de Najla Passos e publicada por Carta Maior, 23-08-2011.

A revisão dos índices de produtividade é uma reinvindicação de movimentos ligados a trabalhadores rurais que defendem a retomada da reforma agrária pelo governo. Em oito meses, a presidenta Dilma Rousseff assinou apenas um decreto de desapropriação de terras para aumentar área desapropriada pelo ex-presidente Lula no ano passado.

Liderados pela Via Campesina, estes movimentos estão fazendo uma série de manifestações pelo país. Em Brasília, estão acampados pela Esplanada dos Ministérios e ocupam diversos órgãos públicos.

Os manifestantes estavam curiosos para saber se o perfil de Ribeiro significaria alguma mudança de postura do ministério da Agricultura em relação aos índices de produtividade e à reforma agrária. O ministro é advogado e foi líder estudantil. A maioria dos antecessores pertencia à bancada ruralista.

“O que eu desejo é que a agricultura brasileira cresça cada vez mais e que os agricultores familiares e sem-terra de hoje possam vir para o meu ministério”, declarou Mendes Ribeiro.

Na entrevista, ele defendeu também a aprovação de uma novo Código Florestal, outro tema que desagrada movimentos rurais e parte do staff governo Dilma. “O Código aprovado não é o melhor possível. Está mal escrito, mas dá segurança jurídica ao produtor. Por isso, defendi sua aprovação na Câmara, para posterior revisão pelo Senado. Eu não tenho dúvidas de que não faltará habilidade ao Congresso Nacional para encontrar o meio termo entre o que deseja o produtor e o que necessita o meio-ambiente”, resumiu.

Apoio dos ruralistas

Antes da entrevista, Mendes Ribeiro havia tomado tomou posse em evento no Palácio do Planalto, do qual Dilma também participou. Sob os aplausos dos principais parlamentares da bancada ruralista e das mais diversas autoridades ligadas ao agronegócio, Mendes Ribeiro prometeu prosseguir com a política já adotada pelo ministério. “Assumo com humildade a continuidade de políticas que ao longo dos últimos anos vem construindo um caso de sucesso”.

O novo ministro, entretanto, reiterou sua capacidade para comandar o órgão a seu modo, apesar de não ser ligado diretamente ao setor. “Eu me orgulho de ser político. E sempre lutei pelo desenvolvimento da agricultura brasileira. Quando eu era presidente da Comissão do Orçamento, na Câmara Federal, banquei os recursos necessários para a fixação do preço mínimo”, exemplificou.

Como seu principal desafio à frente da pasta, elencou a captação de mais verbas para o agronegócio. “Vou lutar, em parceria com a Frente Parlamentar da Agropecuária, por mais dinheiro para a agricultura. É preciso garantir a renda do produtor”, destacou. Entre suas prioridades, enumerou a busca por mais recursos para o preço mínimo, para o seguro agrícola e para a defesa sanitária.

Boas vindas

A presidenta Dilma Rousseff deu boas vindas a Mendes Ribeiro, afirmando que o antecessor dele, Wagner Rossi, deixa “uma herança de êxito e bons resultados”. Rossi se demitiu do cargo na semana passada, após uma série de denúncias de corrupção, inclusive a de que ele usava o jatinho de uma empresa com contratos com o ministério.

A presidenta, em seu discurso, reforçou a importância equânime tanto do setor produtivo quanto da agricultura familiar para o desenvolvimento do país. Ela ressaltou também que o plano agrícola 2011/2012 vai aplicar um montante recorde - são R$ 107 bilhões para os grandes agropecuaristas e R$ 16 bilhões para a agricultura familiar.

O ex-ministro Wagner Rossi, no seu discurso de despedida, saudou o colega, colocando-se à disposição para ajudá-lo no que for necessário. Ele agradeceu o apoio da presidenta Dilma e do vice, Michel Temer, principalmente durante a crise que enfrentou, e pediu que todos reconheçam a importância da agricultura para o crescimento do Brasil.

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