Carlos Chagas
A presidente Dilma tem revelado compreensão para com os ministros afinal defenestrados. Demitir, mesmo, só Nelson Jobim, de quem ela exigiu carta de demissão. Quanto a Antônio Palocci, Alfredo Nascimento e Wagner Rossi, ela assistiu o desmonte de suas estruturas políticas e morais sem sugerir que se demitissem. Deixou o leite azedar sem mexer no fogão, até manifestando apreço e confiança em cada um, mas sabendo de antemão que não se aguentariam.
Acresce que as investigações, as denúncias e as prisões aconteceram na esfera do Executivo, do Ministério Público e até do Judiciário, responsável pela autorização de prisões, congelamento de bens e apreensão de documentos.
Alguém cometerá a ingenuidade de afirmar que Dilma desconhecia as investigações? O fato dela ter-se insurgido contra excessos, como algemas e fotografias nas operações, não afasta sua participação em todo o processo.
Na medida do possível, procurou evitar crises partidárias e poupar aliados, mas deixou que a natureza das coisas seguisse o seu curso.
JOGADA DE RISCO
Arriscou-se o vice-presidente Michel Temer quando na noite de quarta-feira, a pedido da presidente Dilma Rousseff, aceitou indicar o novo ministro da Agricultura. Tirando Mendes Ribeiro da bancada do PMDB, demonstrou que a pasta permanece na cota do partido, até porque, o novo ministro é figura ilibada e competente. O problema é se surpresas sobrevierem, não da parte do deputado gaúcho, mas de assessores que ele levará ou deixará nos cargos. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, diz o refrão popular, desmentido pela física. Seria o que de pior poderia acontecer ao vice-presidente, já preocupado com a evidência de ser muito difícil manter Pedro Novais no ministério do Turismo.
Michel não pode queixar-se de haver sido atropelado por Dilma, mas se ficar no meio da rodovia, em especial em algum cruzamento, corre o risco de receber trombadas.
Fonte: Tribuna da Internet
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