segunda-feira, 9 de setembro de 2013

ESPIONAGEM AMERICANA - Dilma colocou Obama nas cordas.

Dilma marcou pontos para 2014: levou Obama à defensiva



Pedro do Coutto
Sem dúvida, ao tornar clara sua irritação com o governo americano num dos intervalos da reunião do G-20 em São Petersburgo, a presidente Dilma Rousseff marcou pontos importantes para as eleições de 2014, ao levar o presidente Barack Obama à defensiva e ao constrangimento de ter que admitir, tacitamente, as ações de espionagem praticadas pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Obama ficou numa posição difícil, já que  é impossível defender a prática de espionagem. O tema foi otimamente focalizado por Clóvis Rossi, enviado especial da Folha de São Paulo, e também por Vivian Oswald, enviada especial de O Globo. As matérias foram publicadas nas edições de sexta-feira de ambos os jornais.
Barack Obama teve que optar pela tentativa do silêncio. Explicar a violação de telefonemas  , e mails e correspondência de Dilma Rousseff impossível.Dizer que a Agência de Segurança, que se transformou numa usina de insegurança, agiu por conta própria significaria confessar desconhecimento do que se passa na Casa Branca. Obama não tinha (e não tem) opção. Sai do episódio fortemente desgastado aos olhos, não só dos brasileiros, mas diante de todos os países. A Agência de Segurança, na ânsia de mostrar serviço, invadiu a comunicação internacional tanto no plano político quanto na área econômica e financeira. Desastre completo.
Escândalo absoluto revelado por Edward Snowden, um colaborador terceirizado da área de relações internacionais de Washington. Forneceu munição ao jornalista Glen Grenwald, autor das reportagens publicadas no jornal inglês The Guardian, que, na verdade abalaram o mundo. Dilma Rousseff avançou eleitoralmente recuperando, no caminho das urnas, espaços que havia perdido, mas, como a pesquisa do Datafolha revelou, não arrebatados por nenhum candidato. As intenções de voto que lhe foram retiradas foram mais para o campo da indecisão. Somente três pontos foram para a candidata Marina Silva, que subiu de 23 para 26%.
Tão defensivo ficou que nitidamente, como Clóvis Rossi e Vivian Oswald revelaram, que não desejou falar, passando tal atribuição ao assessor (de Segurança Nacional) Ben Rhodes, tentando assim minimizar a força do impacto. Não conseguiu. Como num tema dessa ordem, que envolve direitos humanos básicos, a tarefa de se desculpar pode ser transmitida a um assessor?
E as afirmações de Rhodes foram as seguintes: Entendemos quanto é importante o tema para os brasileiros. Nós entendemos a força do sentimento dos brasileiros a respeito do assunto. O que estamos fazendo é adotar uma visão abrangente das revelações de Glen Grenwald a partir de dados vazados por Edward Snowden e quais são os fatos, em termos das atividades da Agência de Segurança Nacional, responsável pelo mega esquema de espionagem. A Casa Branca – acrescentou – pretende trabalhar com o governo brasileiro para que tenhamos um melhor entendimento de suas inquietações. Continuaremos com esse trabalho. Nosso foco é assegurar que os brasileiros entendam a natureza de nossos esforços de inteligência. Nós os desenvolvemos em praticamente todos os países do mundo.
As explicações de Ben Rhodes, como se constata, não convencem. Ele procurou pluralizar suas palavras na tentativa de retirar Dilma Rousseff do papel de vítima absoluta da invasão inconcebível de privacidade estatal. Envolver a população brasileira representa uma forma de dividir o caráter nocivo da prática de espionagem pelos 201 milhões de habitantes de nosso país. Assim, supõe Rhodes, a fração envolvendo a administração federal passaria a ser menor. Por esse meio, busca reduzir gradualmente a fratura exposta do comportamento pouco digno do governo de Washington. Procura, em vão, buscar uma saída. Mas está difícil encontrá-la. O desastre foi total. 

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