sexta-feira, 13 de setembro de 2013

SÍRIA - Vitória da diplomacia russa.



Desde segunda-feira, quando o chanceler russo ofereceu um plano de fiscalização internacional dos arsenais de armas químicas da Síria, começou o inferno astral de Barack Obama. E seu projeto de organizar uma expedição punitiva contra Bashar al-Assad passou a ser visto como agressivo e extemporâneo diante do novo cenário criado pela jogada inteligente e oportuna de Serguei Lavrov.
Obama, que já tinha anunciado sua opção pela ação militar, ficou “pendurado na brocha”,  como se diz popularmente em nosso país.  Atacar ele não pode mais, eis que a solução diplomática passou a ser o alvo e o desejo de todos, até dos eternos aliados estadunidenses. Recuar, aceitando de imediato a proposta russa, será uma demonstração de fraqueza para seu público interno e para a comunidade internacional. E é o que deve acontecer.
Para Obama, o pior é ter que enfrentar a partir desse episódio o fortalecimento da liderança russa com seu líder falando em paz e amor enquanto ele fala em bombas e foguetes.
À medida que a liderança de Obama se apequena, em sentido inverso cresce a força de Putin. Na mesa de negociações ele estará em condições de exigir mais do que oferecer. Ele já adiantou que nenhum acordo será firmado enquanto as forças estadunidenses se mantiverem em posição de ataque. Ele quer eliminar todo e qualquer risco de um ataque de surpresa para então começar a negociar.
A pá de cal em cima de Obama, Putin jogou nesta quarta-feira quando o New York Times, em um gesto altamente elogiável,  publicou um artigo do presidente russo Vladimir Putin em sua página de opinião.
Putin afirma que sua intenção é a de falar diretamente ao povo americano e seus líderes políticos.  O artigo do líder russo, que é na verdade uma resposta ao discurso de Obama na terça-feira à noite, está causando as mais diferentes reações nos EUA, alguns indignados e outros surpresos e confusos.
O foco do artigo está na “excepcionalidade dos americanos”,  destacada por Obama em seu discurso na terça-feira à noite:
Os ideais e princípios americanos estão em jogo na Síria...Isso é o que torna a América diferente, isso é o que nos torna excepcionais. Com humildade, mas com determinação, nunca vamos perder de vista que esta é uma verdade essencial".
Em seu artigo, Putin questiona essa excepcionalidade ao afirmar:   "É extremamente perigoso incentivar as pessoas a se considerarem excepcionais, seja qual for a motivação".  E mais adiante: "Há países grandes e pequenos,  países ricos e pobres, aqueles com longa tradição democrática e aqueles que ainda estão encontrando seu caminho para a democracia. Suas políticas são diferentes também".
E encerrou com uma paulada  na cabeça de Obama:  "Somos todos diferentes, mas quando pedimos as bençãos do Senhor, não devemos esquecer que Deus nos criou iguais".
A saída diplomática foi realmente um golpe de mestre de Vladimir Putin e seu chanceler Sergei Lavrov. Aproveitaram-se das trapalhadas do secretário de Estado John Kerry para aplicar um xeque-mate na administração Obama, que está agora num beco sem saída.  
Se sair um acordo definitivo das negociações que começaram nesta quinta-feira, entre os chanceleres dos EUA, John Kerry, e da Rússia, Sergei Lavrov, que ponha fim à ameaça de uma ação militar na Síria, Obama certamente vai respirar aliviado. Ele se livra de uma derrota vergonhosa no Congresso e do dedo da opinião pública, que o elegeu para acabar com as guerras, não para começá-las. Mas do fracasso na condução da crise síria, disso ele não se livra.

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