Bônus de 100 anos: só quem não acredita na Petrobras é quem odeia a Petrobras

  Autor: Fernando Brito
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É  de dar risada a matéria de O Globo sobre a captação de bônus resgatáveis em 100 (isso mesmo, cem anos!) da Petrobras:
­ A Petrobras emitiu US$ 2,5 bilhões em títulos no mercado internacional nesta segunda-­feira. Divulgada inicialmente por fontes do mercado financeiro, a operação inédita foi confirmada pela companhia após as 22h desta segunda-feira. Os “bonds” foram emitidos pela subsidiária Petrobras Global Finance em Nova York e estão precificados em dólares. O prazo é de cem anos e a taxa de retorno aos investidores é de 8,45% ao ano. A operação surpreendeu o mercado e foi muito bem recebida pelos investidores, segundo analistas: atraiu interesse de mais de US$ 10 bilhões junto aos aplicadores.
Vejam bem: atraiu ” interesse de mais de US$ 10 bilhões”, ou seja, quatro vezes o que foi oferecido.
Aquela Petrobras que está “quebrada”, arruinada, demolida, que tem um petróleo “inviável economicamente” no pré-sal e que tinha mesmo é de entregar tudo aos estrangeiros, esta gente sempre honesta, que saqueou o planeta e fez guerra só em nome da liberdade e da democracia, como se vê hoje no Oriente Médio primaveril, onde campeia a delicadeza, a paz e o respeito às pessoas, não é?
Enquanto isso, Miriam Leitão bufa: “A Petrobras vai pagar juros de 8,45% ao ano sobre a captação de US$ 2,5 bilhões feita ontem. Taxa mais alta que a de outras emissões da empresa.”
Lógico: o petróleo está num mau momento, a Petrobras sofreu, mais que o baque das malfeitorias, uma campanha de demolição, o prazo de resgate é centenário e, como todo mercado sabe, estes títulos são resgatados ou negociados muito antes do vencimento, com deságios expressivos. Para quem não sabe, A Disney lançou estes “century bonds” em 1993 – quando estava em dificuldades –  e já se prepara para resgatar tudo.
A Petrobras tem lastro para isso e muito mais tem a cada dia:  depois do sucesso em Carcará Norte na semana passada, ontem confirmou mais petróleo de boa qualidade em Sergipe.
Monteiro Lobato conta, num dos seus livros – foge-me qual – que um dia, ao vender ações de sua Cia. Petróleos do Brasil, com que tentava achar o óleo que diziam não existir aqui, depois de uma palestra, um casal de negros, já idoso, se aproximou para subscrever uns tantos contos em ações. Era muito, muito para a aparência humilde de ambos, e Lobato trocou olhares com seu sócio e, honestamente, explicou que aquilo era arriscado e que ele poderia perder tudo, todas as economias da vida.
O homem negro insistiu e  Lobato perguntou se ele achava que, com aquilo, poderia ganhar  uma “bolada” e ficar rico. E a resposta veio tranquila, convicta:
– Não, não senhor. É que eu acredito no Brasil.
Ele, sim.
A gente “bem”, não. Nem antes, nem agora, nem nunca.