Porque a Petrobras deve ser operadora única do pré-sal.
(extraído de texto de Diomedes Cesário da Silva, ex-presidente da AEPET)
A
Petrobrás mantém o país abastecido e aumenta a produção de petróleo e
derivados. Descobriu petróleo nas camadas pré-sal, desenvolveu
tecnologia para retirá-lo, produzindo atualmente mais de 800 mil barris
por dia em apenas oito anos [4]. Mas, alguns políticos propõem que deixe
de ser a operadora única do pré-sal, com participação mínima de 30% nos
investimentos dos consórcios responsáveis pela produção, como prevê a
lei da partilha do pré-sal (Lei 12.351/2010). Dizem que é para ajudá-la,
pois lhe faltarão recursos financeiros.
O
ex-diretor da Petrobrás Guilherme Estrella, coordenador da equipe que
viabilizou o pré-sal, em entrevista ao Conselho de Economistas-RJ,
responde: “Qual crise pode abalar uma empresa petrolífera que detém mais
de 30 bilhões de barris de reservas de petróleo e gás natural, possui
conhecimento, tecnologia e excelência operacional para produzi-los em
grandes e crescentes volumes (hoje mais de 2,8 milhões de bbl
equivalentes) com excepcional lucratividade – mesmo aos atuais preços
internacionais?”[5]
A
pergunta que se coloca é: qual deve ser o ritmo adequado de produção
para o país? Alguns (entre os quais os que propõem a retirada da
companhia como operadora única) dirão que o país necessita de recursos
urgentes para gastar já. Outros, apontam o caminho da Noruega, adequando
a produção à capacidade do país em capacitar suas indústrias, treinar
pessoal, gerar empregos, gastando de forma parcimoniosa e reservando a
maior parcela para um fundo destinado às gerações futuras.
Afinal, o petróleo não dá duas safras.
Pode ser uma benção ou uma maldição, como descobriu o México, com
reservas de 48 bilhões de barris em 1996, extraiu predatoriamente a US$
30/barril, vendo suas reservas caírem para 11 bilhões no final de 2013. A
Inglaterra e a Holanda enveredaram pela desindustrialização, extraindo
num ritmo superior ao que sua indústria e economia deveriam absorver.
No
caso do Brasil, este cuidado é ainda maior, pois temos uma grande
população e economia que requerem um grande consumo de energia,
limitando eventual exportação do petróleo que necessitaremos no futuro. É
o que fazem os EUA, proibindo a exportação do petróleo produzido no
país. O pré-sal é uma das poucas grandes reservas disponíveis fora das
regiões de conflito do Oriente Médio.
O
professor Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, defende que devemos
manter nossas reservas para consumo interno. Comenta que poderemos “nos
converter num Iraque do futuro, ou mesmo numa Noruega, que, apesar de
seu bom senso, perdeu 1/3 das reservas financeiras que havia amealhado
com a venda de petróleo e gás”.[6]
A
condição de operadora única é a garantia de podermos manter este
projeto nacional de desenvolvimento da indústria local; termos controle
maior sobre a produção, mantermos nossa liderança tecnológica na área,
junto com as universidades e centros de pesquisa do país. Afinal, a
operadora será a principal responsável pelos projetos, especificação dos
equipamentos e tecnologias que define onde os empregos serão gerados.
É uma decisão que não pode ser deixada
para poucos, deve estar acima de interesses partidários e pessoais e
será fundamental para o futuro do país, independentemente de quem
estiver no comando da nação.
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