Desmonte da Petrobrás Biocombustível é mais um crime de Pedro Parente
A decisão da atual gestão da Petrobrás de sair da área de biocombustíveis foi duramente criticada pela FUP e pelo Sindipetro-CE/PI em reunião realizada terça-feira, 25, com as gerências da PBio. A subsidiária foi criada em 2008, com o objetivo de diversificar a matriz energética brasileira, através do desenvolvimento de tecnologias para produção de combustíveis limpos, com foco na sustentabilidade ambiental, no apoio à agricultura familiar e no desenvolvimento econômico das regiões produtoras.
Ao longo destes anos, a PBio se consolidou como a principal produtora de biocombustíveis do país, com capacidade de produzir anualmente 846 milhões de litros de biodíesel em suas usinas no Ceará (Quixadá), Minas Gerais (Montes Claros) e Bahia (Candeias), além de parcerias em unidades no Paraná, no Rio Grande do Sul e no Pará. A subsidiária também tem sociedade em nove usinas de produção de etanol em Minas Gerais, São Paulo e Goiás, que juntas produzem 1,5 bilhão de litros por ano. Uma delas, a Guarani, a Petrobrás já anunciou a venda da participação de 45,9% que tem no negócio.
O desmonte do setor de biocombustível foi rechaçado pela FUP na reunião com a PBio. “Enquanto os principais países do mundo avançam no desenvolvimento sustentável de novas matrizes energéticas, o Brasil corre o risco de retroceder diante das decisões erráticas de Pedro Parente, que, desde que assumiu a presidência da Petrobrás pelas mãos de um governo golpista, acelerou o processo de vendas de ativos, passando a administrar a empresa exclusivamente para dar retorno aos acionistas”, critica o coordenador, José Maria Rangel.
Participaram da reunião com a FUP e o Sindipetro-CE, a gerente de RH e serviços da PBio, Antonieta Vieira, a gerente geral de produção, Thaís Murce, o gerente de remuneração e benefícios, Luiz Cláudio Paschoal, o gerente do jurídico, Eduardo Lopes, o assiste da presidência, Gláucio Santos, e o coordenador de suporte de gestão de pessoas, Victor Vasconcelos
Ao abandonar a área de biocombustíveis, a companhia irá gerar uma série de impactos econômicos em regiões do interior do país que se estruturam em torno da cadeia de produção de biodiesel, afetando, principalmente, os pequenos agricultores, como já vem acontecendo na região do semiárido, onde a empresa colocou em hibernação a Usina de Quixadá, no Ceará, que produz 108,6 milhões de litros de biodiesel por ano.
Cerca de nove mil famílias de pequenos agricultores em seis estados do semiárido que abastecem a unidade com oleaginosas serão diretamente impactadas com o encerramento das atividades da usina, que segundo os gestores da PBio, deverá acontecer no próximo mês. O distrito de Quixadá, Juatama, tem na produção de biodísel sua principail atividade econômica. A usina gera cerca de 200 empregos diretos e 440 indiretos nessa pequena localidade do sertão cearense. Os 70 trabalhadores próprios da Petrobrás também estão com os dias contados na região e já estão sendo remanejados.
“Exigimos que todos os direitos dos trabalhadores da usina sejam preservados e que o processo de transferência ocorra com a interlocução do sindicato, evitando o que aconteceu recentemente, quando um grupo de trabalhadores foi obrigado a decidir em menos de 24 horas para onde seria remanejado”, ressalta Emanuel Menezes, diretor do Sindipetro-CE/PI.
Abrir mão de uma posição estratégica na área de biocombustível é mais uma decisão política de Pedro Parente que vai na direção contrária a dos interesses nacionais. A Petrobrás está cada vez mais distante de seu papel de empresa pública, comprometida com o desenvolvimento e a soberania do país. Quanto mais se apequena, mais vulneráveis ficam os seus trabalhadores, cujos salários, direitos e empregos já estão na linha de corte. Só com luta poderemos mudar essa realidade. Mas é imperativo que a sociedade brasileira também se levante contra esses crimes de lesa-pátria, caso contrário, os petroleiros não terão força sozinhos para barrar o desmonte da empresa que é a espinha dorsal da economia brasileira.
FUP
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