Nota da AEPET de repúdio à declaração do diretor de refino da Petrobrás
"Para o país, talvez não seja a melhor solução. Mas é a melhor solução para a Petrobras" Jorge Celestino, diretor de refino da Petrobrás
A
diretoria da AEPET lamenta e repudia as declarações do diretor de
refino da Petrobrás, Jorge Celestino, dadas em palestra nesta
segunda-feira (24) na feira Oil & Gas.
Segundo
a Folha de S. Paulo, o diretor informou que a Petrobrás vai incluir
dutos e terminais de importação e exportação no processo de venda de
participações em refinarias, que deve ser iniciado no ano que vem. O
objetivo é permitir que os novos sócios tenham maior flexibilidade com
relação à suas operações, sem depender da estatal. O modelo será levado
ao conselho de administração da empresa até o final do ano.
"É
um modelo que dá ao investidor gestão sobre as suas margens", explicou o
executivo. Isso é, o sócio poderá decidir sobre o fornecimento do
petróleo e o destino dos derivados produzidos. Segundo Celestino, a
proposta evita repetir o modelo usado na REFAP, refinaria Alberto
Pasqualini, durante o governo FHC, quando a espanhola Repsol/YPF comprou
30% das ações, mas não tinha instalações para trazer seu próprio
petróleo ao mercado interno.
Informou
que o objetivo é levantar recursos de US$ 19,5 bilhões entre 2017 e
2018, protegendo o valor dos ativos e suas atividades de exploração e
produção, que fornecem o petróleo às refinarias e que, mesmo com a venda
de ativos, a empresa pretende manter participação em todas as etapas da
cadeia do petróleo. "Quem tem operação integrada tira o maior valor das
operações".
A
Petrobrás não pretende, porém, construir novas refinarias, pelo menos
até 2021, concentrando os investimentos do refino na manutenção das
unidades existentes.
"Para
o país, talvez não seja a melhor solução. Mas é a melhor solução para a
Petrobrás", comentou Celestino, dizendo que a empresa busca sócios
neste segmento porque "não pode um país ter uma empresa com 100% do
mercado".
Não
acreditamos que o diretor desconheça que a importação de combustíveis é
livre no país, tendo a BR Distribuidora perdido cerca de 14% do mercado
de diesel no país com as importações dos concorrentes.
É
difícil imaginar um diretor da Statoil, Total, Shell ou Exxon dando
declarações tão desastradas, contra os interesses de suas empresas e
países. Seriam sumariamente afastados de seus cargos.
As
declarações ficaram ainda mais constrangedoras com o contraponto feito
pelo diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis), Aurélio Amaral, que prevê um déficit na importação de
derivados de 1,1 milhão de barris por dia em 2030 (foram 401 mil barris
em 2015).
Se
não houver investimentos em refinarias, disse o diretor da ANP, o
Brasil demandará expansão da capacidade de importação de combustível.
O
diretor Celestino não deve estar interessado em saber como problema
será equacionado pelo país para pagar as importações, nos reflexos no
câmbio sobre a dívida da Petrobrás, na inflação e no mercado interno.
É
lastimável que um diretor da Petrobrás tenha aprendido tão pouco nas
dezenas de anos que trabalha na empresa, não tendo conseguido entender a
razão dos que idealizaram a criação da empresa.
Lastimável, é o mínimo que se pode dizer em nome do corpo técnico da companhia.
DIRETORIA DA AEPET
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