Procuradores usam discurso de Aécio para dizer que são apartidários
Os procuradores da Lava Jato Deltan Dallagnol e Orlando Martelo usaram um espaço opinativo na Folha de S. Paulo, neste domingo (30), para dizer que a Lava Jato não investigou, até aqui, apenas PT, PMDB e PP porque assim queria, mas porque esses partidos apoiaram os últimos governos, de Lula e Dilma Rousseff. A justificativa é uma resposta às críticas de que a operação tem feito perseguição política e partidária.
A tese dos procuradores é muito similiar aos argumentos usados por Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e candidato derrotado por Dilma na eleição de 2014, para afastar acusações de que tucanos também receberam doações eleitorais irregulares das empresas investigadas pela Lava Jato - as mesmas que também doaram para PT, PMDB e outras legendas.
Abordado pela imprensa, Aécio costumava dizer que o PSDB não poderia ser acusado de corrupção pela Lava Jato simplesmente porque não dispunha de nenhum indicado na Petrobras. A delação da Odebrecht, contudo, promete mostrar que as empreiteiras também faziam doações para o caixa dois dos tucanos. José Serra, por exemplo, teria recebido R$ 23 milhões para a campanha presidencial de 2010, valor articulado por um tesoureiro informal que também trabalhou para as campanhas de FHC e Aécio.
Em artigo na Folha, os procuradores passam a mensagem de que não fazem distinção entre quem roubou mais e quem roubou menos, ou entre quem recebeu propinas em contas na Suíça ou benefícios de forma indireta. "(....) talvez o maior impacto da Lava Jato tenha sido a responsabilização igualitária dos criminosos, pouco importando cargo ou bolso. Perseguiu-se a grande corrupção, aquela que deslegitima as instituições e até então era imune ao Judiciário", afirmam.
No texto, os membros da força-tarefa tentam rechaçar a ideia do Congresso de aprovar alguns projetos que afrontam o abuso de autoridade, além da anistia ao caixa dois. Também há dedicação a desmontar a defesa do ex-presidente Lula, que recorreu até mesmo à ONU (Organização das Nações Unidas) contra o espetáculo midiático da Lava Jato e as decisões do juiz Sergio Moro.
Para os procuradores, como o "acervo probatório produzido é imenso", os invstigados passaram à tática de "negar os fatos". Como isso "já não funcionava, passaram a difundir a falsa ideia de abusos na Lava Jato. (...) A alegada perseguição [outra crítica à força-tarefa] é o mantra da defesa política quando a defesa jurídica não prospera."
"O ataque mendaz à credibilidade da Lava Jato e dos investigadores tem um propósito. Prepara-se o terreno para, em evidente desvio de finalidade, aprovar projetos de abuso de autoridade, de obstáculos à colaboração premiada, de alterações na leniência e de anistia ao caixa dois", dizem.
Fonte: GGN
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