quinta-feira, 27 de outubro de 2016

PETROBRAS - O novo presidente da Petrobras só está preocupado com o lucro dos acionistas. O resto é resto.


           

Entidades e deputados querem impedir fechamento de usina de biodiesel no Ceará
 
A notícia do encerramento das atividades da Usina de Biodiesel de Quixadá mobiliza entidades e 
parlamentares no sentido de evitar o fechamento da unidade, implantada em 2008 pela Petrobras no 
município de Quixadá, a 160 quilômetros de Fortaleza. 
A empresa anunciou no último dia 7 a desmobilização da usina como parte do processo de saída da 
petrolífera da produção de biocombustíveis, indicada no Plano de Negócios e Gestão 2017-2021. O 
assunto foi debatido na tarde de hoje (26) em audiência pública na Assembleia Legislativa do Ceará, 
em Fortaleza. 
A grande preocupação levantada no debate foi com o impacto econômico, ambiental e social para 
agricultores rurais, pescadores e catadores de recicláveis. Isso porque esses trabalhadores fazem 
parte da cadeia produtiva do biodiesel como fornecedores de óleos para a produção da usina. 
“Nós fomos pegos de surpresa com essa notícia. Muitos agricultores familiares foram convencidos de 
que apostariam em algo para melhorar sua renda, que vem sendo solavancada nos últimos anos 
pela seca. Eles deram conta do recado. De repente, recebemos essa notícia. Os agricultores ficarão 
a ver navios. Vão fazer o quê com as áreas plantadas de mamona?” questiona o secretário de política agrícola da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do 
Ceará (Fetraece), José Francisco de Almeida Carneiro. 
Localizada no distrito de Juatama, a Usina de Biodiesel de Quixadá foi implantada com a premissa 
do envolvimento da agricultura familiar na cadeia do biodiesel: a Petrobras oferecia sementes e 
assistência técnica e a produção de óleos era comprada pela usina. Segundo a Fetraece, há 2,1 mil 
contratos ativos com agricultores familiares. Além disso, a unidade também comprava óleo extraído 
das vísceras de peixes por pescadores e Óleos e Gorduras Residuais (OGR) recolhidos por 
catadores de recicláveis. 
O comunicado de fechamento da usina informa que projeções indicavam pouca rentabilidade do 
negócio, sem solução a curto prazo. De acordo com a Petrobras, a usina compra de 1,3 mil 
agricultores familiares, mas o Ceará não produz “matéria-prima em quantidades expressivas para 
suprir as necessidades da unidade, o que levava a companhia a buscar suprimento de outras 
regiões”. 
No entanto, para o engenheiro químico Expedito Parente Júnior, a unidade poderia não só ser 
mantida como ampliada. Ele explica que, apesar de a seca no Ceará ter reduzido a produção de 
óleos, fazendo com que parte do produto fosse comprado em outros estados, a usina está próxima 
de estados nordestinos que são grandes consumidores de biodiesel. 
“Se olharmos o mapa do biodiesel, a usina de Quixadá é a única que está no norte da região 
Nordeste. Somente Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, juntos, têm uma demanda de 200 
mil metros cúbicos de biodiesel por ano. Se ela duplicasse de tamanho, ainda assim haveria 
demanda para essa produção.” A unidade tem capacidade de produção anual de 108 mil metros 
cúbicos. Expedito Júnior é filho do engenheiro químico cearense Expedito Parente, inventor do 
biodiesel. 
Outra solução apontada por ele é a concessão de incentivos fiscais para a unidade. Segundo o 
secretário de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Dedé Teixeira, o governador do Ceará, Camilo 
Santana, autorizou a discussão com a Petrobras de uma proposta. 
Encerramento 
A Petrobras marcou para dia 1º de novembro o início da desmobilização da usina de Quixadá, que 
envolve, a interrupção da produção e da comercialização de biodiesel e a manutenção das 
instalações. Em resposta à reportagem da Agência Brasil, a empresa disse que o destino dos ativos, 
incluindo terreno e equipamentos, será definido no plano de ações do Plano Estratégico 2017-2021. 
Todo o processo levará seis meses. Quarenta e um empregados serão realocados nas usinas de 
biodiesel de Candeias (BA) e de Montes Claros (MG) e em outras unidades da companhia. 
No dia 31, está marcado um protesto no distrito de Juatama contra o fechamento da unidade. A 
bancada federal do Ceará na Câmara dos Deputados também vai enviar documento e solicitar 
reunião com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, para debater uma possível suspensão do 
fechamento da usina. 
O presidente da Petrobras Biocombustível, Luiz Fernando Marinho, foi convidado para a audiência 
pública de hoje, mas justificou que não possuía representante da empresa no Ceará “qualificado 
para discutir os princípios econômicos e de alinhamento estratégico que pudesse participar do 
debate”. A justificativa foi enviada para a deputada estadual Rachel Marques (PT), que propôs a 
audiência, e leu a mensagem no início do evento. 
Apesar do plano de saída da área de biocombustíveis, a Petrobras vai manter as outras duas usinas 
de biodiesel, embora afirme que estuda alternativas para as unidades. (Agência Brasil / IstoÉ)

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