A presidente Dilma não gostou do perfil de algumas empresas participantes dos consórcios vencedoras do leilão que passou à iniciativa privada os aeroportos de Guarulhos, Brasília e Viracopos.
A reportagem é de Natuza Nery e Dimmi Amora e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 12-02-2012.
O governo já trabalha com a possibilidade de fixar regras mais rigorosas na próxima rodada de privatização.
Há dúvidas se as futuras operadoras têm a capacidade de cumprir os compromissos exigidos na licitação. A maior preocupação recai sobre Viracopos e Brasília.
Segundo a Folha apurou, a presidente queria que os consórcios vitoriosos incluíssem pesos pesados da administração aeroportuária internacional, para trazer experiência e repassá-la à Infraero, estatal sócia dos terminais.
A concorrência, porém, acabou sendo levada por empresas de médio porte de países emergentes.
O resultado esfriou a comemoração no Planalto em torno do valor obtido pela concessão - R$ 24,5 bilhões, 347% acima do esperado.
Internamente, o clima pós-leilão é de autocrítica e cobrança sobre pontos dos editais que deram espaço para empresas sem tanta tradição.
Não se descarta a possibilidade de desclassificar os vencedores se houver riscos à prestação do serviço. O prazo previsto para assinar os contratos é início de maio.
A Casa Civil ficou com a incumbência de analisar as brechas nos editais e estudar o perfil das vencedoras.
No aeroporto de Viracopos (Campinas), venceu um consórcio das construtoras nacionais Triunfo e UTC com o operador aeroportuário Egis, da França. Essa operadora tem somente um modesto aeroporto em Paris e outros 13 espalhados por pequenos países da África e da Ásia.
Uma regra no edital determina que o administrador tenha prestado serviços num terminal com trânsito anual de 5 milhões de passageiros. O Planalto entendeu que era preciso uma exigência maior de passageiros para excluir os menos experientes.
A segunda colocada em Viracopos é um consórcio formado pela Odebrecht com a operadora de Cingapura Changi, considerada uma das melhores do planeta.
Em Guarulhos, a vencedora foi a Invepar - empresa da construtora OAS com fundos de pensão de estatais - com a operadora de aeroportos sul-africana Acsa. O maior de seus nove aeroportos trabalha com pouco mais de metade dos passageiros da unidade paulista.
Em Brasília, a construtora nacional Engevix associou-se aos argentinos da Corporación America, companhia com um histórico de problemas no país vizinho.
Logo após o leilão, grandes empreiteiras brasileiras pediram um encontro na Casa Civil em que apontaram dificuldades das vencedoras em cumprir os prazos da obra. Vários investimentos têm de estar concluídos até a Copa.
O temor é que as vitoriosas tragam estrangeiras para as obras. Por isso, pediram ao governo que adie o cronograma de novas concessões e avalie restrições a estrangeiros nos próximos editais.
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