Do blog do Rovai
O acordo já foi selado no PSDB para que a candidatura de Serra possa vir a ser anunciada mais para frente, entre abril e maio.
O partido realizaria as prévias, mas apenas duas candidaturas teriam chances reais de vitória: a de Bruno Covas, apoiado por Alckmin, e a de Andrea Matarazzo, por Serra. Trípoli e José Aníbal, mesmo com história no partido, não contariam com “aquele apoio” necessário para derrotarem os candidatos dos caciques.
O vencedor poderia sair posando de candidato e, se de repente decolasse, Serra até poderia ficar na sua. E se preservar para 2014.
Principalmente se o vencedor das prévias viesse a ser Matarazzo, seu aliado incondicional.
Sem a tal decolagem (o que é mais provável, até porque não haveria tempo de campanha), o ex-governador diria o “sim” e o vencedor das prévias ficaria com a vaga de vice.
Alckmin quer Covas neste papel.
Serra, Matarazzo.
Os riscos desta operação não são diferentes do que Garrincha vislumbrava no histórico jogo contra a URSS. Depois de ouvir toda a preleção onde tudo dava certo para a Seleção, Mané perguntou ao técnico Feola: “mas o senhor já combinou com os russos”.
Não se pode desprezar um acordo de última hora entre Trípoli e Anibal para que um deles fique com a vaga de candidato do PSDB. Se isso vier a ocorrer, a candidatura de Serra sairia só a fórceps.
Outra combinação que ainda não foi feita por completo diz respeito ao apoio de Kassab. Há quem ache que o esperto prefeito estaria querendo colocar seus pés em duas canoas nesta eleição. Kassab já teria dito a Serra que tudo bem em relação ao PSD não indicar o vice, mas ao mesmo tempo disse que não teria como conseguir levar toda a base que construiu na prefeitura para apoiar a candidatura dele.
Ou seja, algumas pessoas com quem conversei consideram que o PSB, por exemplo, pode vir a se aproximar mais do PT municipal a partir de um movimento combinado entre Lula, Kassab e o governador Eduardo Campos.
Neste caso, Campos seria o operador aparente. E o vice de Haddad sairia do PSB.
A fusão PSD e PSB pode vir a ocorrer muito antes do que os analistas políticos estão prevendo. No carnaval, o prefeito paulistano foi a Recife tratar disso.
Acha que se o acordo vier a sair já em 2013, o novo partido consegue tirar Temer da jogada e indicar Campos como vice da presidenta.
E, na disputa para o governo de São Paulo, Kassab não teria problemas em sair de vice de Marinho, que, caso venha se reeleger prefeito em São Bernardo, deve ser o nome do PT para 2014.
Tem muita água passando por debaixo da ponte, mas uma coisa é quase certa, o vencedor das prévias do PSDB está disputando a candidatura de vice.
Porque dificilmente Serra não será candidato.
Se tem uma coisa que o ex-governador não é, definitivamente, é tonto.
Ele venceu Dilma em São Paulo por 53,5% a 46,5%. Ou seja, se a eleição de 2010 para presidente fosse na capital paulista, seria ele o chefe do Estado.
E fazendo contas já viu que se candidato for, deve disputar o segundo turno contra o PT. Neste caso, construirá um enredo do Serra democrata contra o partido que quer dominar o mundo.
Sua resposta aos que vierem criticá-lo pela renúncia de 2006 será de que aceitou disputar esta eleição em nome da democracia. Para que ela não corra riscos no Brasil com o PT ganhando tudo.
E conta com o povo de São Paulo para impedir isso.
Ao mesmo tempo dirá que sabe que aceitou disputar mesmo sabendo que terá de adiar seu sonho de ser novamente candidato a presidente. Mas deixará a porta aberta para disputar o governo do Estado. Caso Aécio não decole e Alckmin vier a ser o candidato do partido.
Ou seja, o enredo do filme será: Serra do Bem contra o PT da Maldade.
Não será fácil derrotá-lo.
Quem estiver pensando diferente, vai se dar mal.
Serra conhece a alma do cidadão paulistano classe média. Esse voto ele sabe como manter.
Renato Rovai é editor da Revista Fórum
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