do BLOG DO MIRO
Por Altamiro Borges
O parlamento da Grécia aprovou na madrugada de hoje (13) o “pacote de austeridade” apresentado pelo primeiro-ministro Lucas Papademos, ex-executivo do Goldman Sachs, e imposto pela famigerada troika – Banco Central Europeu (BCE), União Européia e Fundo Monetário Internacional. Durante a tensa votação, mais de 100 mil pessoas tomaram a praça em frente ao parlamento em Atenas.
Na sequência, uma onda de revolta tomou conta das ruas da capital contra a chantagem dos banqueiros, que condicionaram um empréstimo de 130 bilhões de euro à demissão de 15 mil servidores públicos, ao corte de 22% no salário mínimo e à redução das pensões e aposentadorias. Inúmeros estabelecimentos foram incendiados e a repressão policial feriu mais de 70 manifestantes.
"Ladrões, ladrões, ladrões"
Aos gritos de “ladrões, ladrões” e de “somos nós ou eles”, a multidão ateou fogo em dois cinemas e em vários prédios de bancos, vistos como culpados pela crise no país. Uma loja da rede de cafés Starbucks também foi incendiada. Nos cartazes, os dizeres: “Não joguem fora tudo o que conquistamos”. Os manifestantes também criticaram os deputados que se acovardaram diante da pressão dos banqueiros e exigiram a renúncia do ditador Lucas Papademos, que nem sequer foi eleito – foi imposto no governo.
A Grécia vive um processo de convulsão social. Na semana passada, ocorreram duas greves gerais e três protestos massivos. Há risco de maior fascistização do país. O primeiro-ministro banqueiro já declarou que “não serão tolerados atos de vandalismo”. A violência policial recrudesceu nos últimos dias. Mas o crescente clima de tensão tem gerado fraturas na própria base de sustentação do governo – 43 deputados votaram contra o pacote de austeridade e já foram expulsos dos partidos governistas.
Banqueiros festejam a tragédia grega
Enquanto a Grécia arde em chamas, os banqueiros comemoram. Segundo a Folha, a aprovação do pacote “foi bem recebida pelo mercado, ao que indica a Bolsa de Tóquio, onde o euro subiu nesta manhã pouco após a aprovação do pacote”. A votação em caráter de urgência teve como objetivo saciar o apetite dos banqueiros, conforme confessou o próprio ministro das Finanças, Evangelos Venizelos:
“A lei precisa ser aprovada antes da meia-noite para que, na abertura dos mercados financeiros, fique clara a mensagem de que a Grécia quer e pode sobreviver”. Os trabalhadores gregos, porém, temem pela sua sobrevivência e não parecem dispostos a aceitar maiores sacrifícios no altar do “deus-mercado”. A partir da Grécia, a Europa se encontra numa grave encruzilhada.
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